terça-feira, 30 de novembro de 2010

Novo empréstimo internacional para o Rio Grande do Norte

 

 

O Governo do Estado foi autorizado a contrair novo empréstimo internacional, desta vez junto ao BID-Banco Interamericano de Desenvolvimento. O valor é bem pequeno, comparado com outras operações financeiras que acontecem em todo o País: US 7 milhões ou menos de R$ 12 milhões.

 

Não é um valor que vai revolucionar a economia norte-riograndense nem movimentar de forma substancial o mercado local, mas é – como todo dinheiro – uma ajuda sempre bem vinda. Esses recursos deverão ser aplicados integralmente no "Projeto de Integração da Modernização da Administração Fiscal e Financeira do Rio Grande do

Norte", ou Profisco.

 

Algumas vantagens desse empréstimo:

Taxa de juros: Libor (considerando a condição financeira atual, é dinheiro barato...)

Prazo de pagamento: até 20 anos...

Carência: 4 anos para pagamento da primeira parcela

 

E, uma última ressalva na aprovação pelo Senado Federal: o empréstimo está autorizado para entrarem vigor a partir de 1º de janeiro do próximo ano.

sábado, 27 de novembro de 2010

Novo limite para pagamento mínimo do cartão de crédito

O novo limite para pagamento de valor mínimo das faturas de cartão de crédito mudará a partir de 1º de junho do próximo ano, por determinação legal do Banco Central (Circular 3.512/10) e que já foi publicada no Diário Oficial da União.

 

O novo limite ficará em 15% do valor total da fatura; atualmente, algumas operadoras cobram apenas 10%.

 

Esse aumento significará uma redução no crédito, pois obrigará o consumidor a melhor planejar seus pagamentos já que, ao parcelar as compras, a "entrada" do pagamento, isto é, o mínimo, será  um pouco maior. Com isso, essaa menor a liquidez, espera-se, haja maior controle do que alguns condenam como "crédito fácil" diante da oferta de cartões de crédito (toda loja de departamento tem o seu....) e do aumento considerável do limite de compras, ou seja, da possibilidade/risco de endividamento.

 

É esse endividamento que procura-se, também, melhor controlar para evitar riscos de "apagões" financeiros, ou seja, rolar a dívida, com juros altos (como cobram todos os cartões) e chegar ao ponto de não mais poder pagar. Seria a falência do consumidor!

 

Essa tendência continuará ao longo de 2011 visto que, na mesma Circular do Banco Central, já está estipulado o valor mínimo que será correspondente a 20% do total da fatura; esse novo patamar entrará em vigor em dezembro, ou seja, pouco antes das compras de Natal.

 

Então, para quem é organizado e pode pagar os juros do cartão de crédito do "rotativo", aproveite, será esse o último Natal gordo.

 

 

Otomar Lopes Cardoso Junior

 

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Crise na Espanha afetará as exportações do Rio Grande do Norte

 

 

A Espanha, já começam as notícias no jornal, é a "bola da vez" na Europa, contagiada pelos efeitos na Irlanda. Não é a primeira vez que a Espanha volta ao noticiário e, novamente, com notícias negativas; na nos efeitos da crise de 2008 a Espanha foi um dos que mais sofreram e o índice de desemprego disparou.

 

E o Rio Grande do Norte?

 

Bem, temos naquele país o terceiro destino privilegiado de nossas mercadorias. Em 2010, até outubro, já mandamos para lá cerca de US 16,7 milhões e, no ano completo de 2009, foram cerca de US 21,9 milhões; estávamos, no comparativo com os mesmos dez meses do ano passado, com um nível até um pouco melhor de venas para aquele país.

 

Exportamos, essencialmente, pescado e melão e oscilam entre os três maiores de nossos compradores. Há também o camarão que "persiste" na pauta externa mas sempre em queda; a saída da Espanha enquanto comprador desse produto não afetará significativamente nossa economia.

 

Mas, já o melão e o pescado.... vamos torcer que a Espanha escape desse fúnebre anúncio da mídia internacional (está havendo um fuga de capitais e uma troca de papéis por dólares). Para o bens deles e, claro, nosso também!

 

 

Otomar Lopes Cardoso Junior

 

RN: ampliar a base de empresas exportadoras

            O Rio Grande do Norte precisa aumentar a sua base de empresas exportadoras. A forte crise financeira internacional afetou consideravelmente o crescimento das exportações brasileiras e mais ainda no Rio Grande do Norte, tendo em vista a composição principal de sua pauta comercial contar com produtos de consumo (tais frutas, pescado, têxteis etc), justamente os mais prejudicados no mercado externo. A conseqüência desse menor ritmo de crescimento acabou impactando diretamente na base exportadora norte-riograndense: em 2009 tivemos 99 empresas participando desse grande mercado comprador globalizado.

            É pouco, ainda, para um Estado que tem a disponibilidade geográfica a seu favor e que conta com uma "vitrine" natural com a grande quantidade de turistas estrangeiros que aqui passeiam diariamente.

            Por isso, cabem mais incentivos às empresas exportadoras brasileiros e do Rio Grande do Norte. A crise financeira de 2008 e a repercussão ao longo de 2009 mostraram claramente a oportunidade de coexistir uma estrutura formal de estímulo à inserção de novas empresas no mercado internacional voltadas sobretudo para as pequenas e médias empresas, em moldes próximos ao que já visualizamos internamente com ótimas políticas formais de apoio às micro e pequenas empresas.

            A Constituição Federal já traz a orientação de que as micro e pequenas empresas terão tratamento privilegiado e nelas devem ser dedicados esforços de diferenciação, sempre obedecendo os critérios legais, mas pautado também pelo princípio da isonomia, ou seja, é preciso concordar com a idéia de que pequenos e médios empresários são ao mesmo tempo planejadores, gestores, estrategistas e atores e devem saber fazer tudo para sobreviver no mercado cada vez mais competitivo, uma realidade bastante distante das grandes empresas e dos conglomerados exportadores.

            Em 2009, no Rio Grande do Norte, foram 99 empresas exportadoras e boa parte delas poderiam ser enquadradas na condição de "pequenos exportadores", com vendas inferiores a US 1 milhão no ano; tivemos ainda outras 26 empresas que exportaram entre US 1 e 10 milhões e, na outra ponta, oito com vendas para o exterior acima de dez milhões de dólares. Já no ano anterior, em 2008, foram 113 exportadores ao total, sendo 77 "pequenos exportadores", 24 "médios exportadores" e outros 12 "grandes exportadores".

            Perdemos 14 empresas em decorrência da crise. Isso representou uma queda de cerca de 12% em oportunidades de negócios com a exclusão desses empresários norte-riograndenses. Nossas exportações caíram bem mais em 2009; isso significa que os mais prejudicados estão enquadrados no rol dos pequenos negócios, pois reduzimos as exportações enquanto as grandes empresas continuaram na condição de "grandes exportadores".

            Estimular a entrada no mercado externo ou assegurar sua manutenção sobretudo em períodos pós-crise pode ser uma estratégia para oportunizar novas possibilidades de acesso às exportações; a promoção comercial e preparação da empresa para as exigências das negociações internacionais complementariam esse reforço. O cenário de 2014 se aproxima e quanto mais cedo melhor prepararmos nossas empresas para, desde já, aproveitarem não somente a realidade atual mas o imenso mundo de negócios que (ainda) vêm por aí.

 

 

(publicado na Tribuna do Norte de 25/11/10) 

 

Otomar Lopes Cardoso Junior.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Hotel Ibis em Natal deve ser inaugurado em 2012

            Essa foi uma notícia de "bastidores" ontem durante o Road Show que a rede Accor apresentou em Natal para captar investidores para outra marca da cadeira hoteleira internacional que projeta vários investimentos no Estado e em todo o Nordeste. O que está certo mesmo, embora não confirmado oficialmente ontem, é que haverá o Hotel Ibis em Natal. O local já está definido, o projeto já está planejado e as condições de início da obra física estão bem perto de serem arrematadas. Falta pouco, portanto.

            O hotel Ibis estava faltando, mesmo, em Natal. Depois do fechamento do Novotel, recentemente, ficamos sem investimentos de uma das maiores cadeias hoteleiras do mundo numa cidade que, justamente, tem o turismo como um de seus principais fatores de desenvolvimento econômico. A única participação, no momento, da rede Accor no Estado é a construção do Ibis na cidade de Mossoró. Convenhamos, é muito pouco para o que aqui pode ser desenvolvido no setor turístico com equipamentos de hotelaria.

            Mas, no caso dessa decisão para Natal, o foco não está na Copa do Mundo. O projeto estar concluído, e o hotel funcionando, já em 2012, muito tempo antes da execução de qualquer jogo da Copa aqui na Capital; até lá, é claro, no intervalo entre a inauguração e a chegada de turistas para os jogos, o marketing natural já estará consolidado.

            E, pela localização definida para o hotel, será (praticamente) impossível ir ao novo estádio sem passar em frente ou muito perto do Ibis. O endereço do hotel? Vamos aguardar o anúncio oficial desses novos cerca de R$ 10 milhões em investimento programado.

 

 

Otomar Lopes Cardoso Junior

 

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

2011 com cabotagem no Porto de Natal

Essa é uma expectativa grande de vários setores da economia norte-riograndense, de obter, finalmente, uma linha regular de cabotagem para o recebimento de material e escoamento de nossa produção pelo Porto de Natal, reduzindo - espera-se - o custo do transporte rodovíário que onera sensivelmente algumas linhas de produção no Estado (a repetitiva história que consumimos muito e mandamos menos mercadorias para fora do Estado, o que faz que os caminhões voltem "batendo" e aí, o custo desse retorno sem frete é absorvido pelos grandes consumidores de matéria-primas que pagam, quase, em duplicidade o frete original).

 

Mas, há forte expectativa também para os setores exportadores. Com a nagevação de cabotagem e a facilidade de escoamento para portos vizinhos que têm linhas regulares para os Estados Unidos ou Ásia e África, poderá diminuir a dificuldade (leia-se custo e tempo) para abrir novos mercados compradores no exterior. Mas, isso eliminaria a competitividade do Porto de Natal? Acredito que não pois não temos hoje linhas regulares para esses destinos tendo em vista não termos cargas suficientemente constantes para que aja uma programação regular de navios aqui em Natal. Acredito que isso reforçará o Porto de Natal nesse contexto e que, com novas receitas, poderá oferecer mais serviços e novas comodidades aos já atuais exportadores.

 

Um dos setores que "posta" na navegação de cabotagem é o de supermercados e de atacadistas-distribuidores: praticamente todas as mercadorias (em grandes volumes) se utilizam de frete rodoviário, com custo elevado. Com a cabotagem espera-se reduzir parcela dessa custo. Mas, é preciso atentar para dois fatores essenciais para que a cabotagem permaneça efetiva: consolidação de cargas no sentido de que os grandes compradores devem se "unir" pelo menos quanto às datas de embarques e compras (para fazer volume) mas também uma maior capitalização dessas empresas que, não mais comprarão "um caminhão" de arroz com frequências espacejadas, mas o equivalente a um volume maior e, portanto, maior desembolso também. Esse segundo critério nós já temos, as empresas aqui ou daqui têm esse potencial; mas a união precisa se costurada e construída.

 

O Porto de Natal, na expectativa de seu entusiasta Presidente, Emerson Fernandes, informa que no próximo semestre já deveremos ter outra movimentação naquele ponto logístico; as empresas do setor caminham nesse sentido e o Porto está orientado na mesma direção. Será uma ótima notícia para começar o ano de 2011!

 

 

Otomar Lopes Cardoso Junior

 

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Rádio comunitária em Serra Negra do Norte aguarda autorização

 

O Ministério das Comunicações autorizou o funcionamento, por dez anos, de rádio comunitária em favor da Associação Comunitária de Comunicação e Cultura Serranegrense, do município de Serra Negra do Norte. No entanto, em conformidade com a legislação vigente, deverá ainda aguardar a aprovação do Congresso Nacional. Em 2007, outra notícia associando o município às rádios locais, foi o fechamento de uma rádio "estilo comunitária" que funcionava sem a autorização formal e teve todos seus equipamentos confiscados na ocasião; era, na época, a única rádio da cidade.

 

 

 

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

CAMANOR DEVER FECHAR: DECISÃO DO IBAMA

            "Última novidade" é assim que Werner Jost informa a decisão que recebeu há poucos dias: no início de novembro o Ibama determinou a Camanor que apresente um plano de desativação da produção.

 

            "Precisamos de segurança institucional para poder desenvolver a nossa atividade!" é a exclamação da Werner Jost. Caso contrário, como disse ele, encerrará as atividades. Aguarda ele a decisão da Justiça sobre o tema.

 

 

 

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Werner Jost: resistimos dois anos nas vendas para o Carrefour

            A voz da experiência na produção e comercialização de camarão no Rio Grande do Norte com foco no mercado externo, Werner Jost (Camanor), afirmou no seminário Motores do Desenvolvimento que "a gente resistiu dois anos. Mas desistiu pela sobrevivência da empresa." Não dava para continuar, com os baixos preços, a continuar fornecendo para o Carrefour.

            E essa opção foi de alguém que tinha 80% das vendas para o maior varejista europeu (veja as explicações na nota "RN NÃO DEVERÁ EXPORTAR CAMARÃO EM 2011" para entender o fim das exportações para a rede francesa de supermercados).

 

RN não deverá exportar camarão em 2011

            De acordo com Werner Jost, que já foi um os maiores exportadores de camarão do Rio Grande do Norte, no próximo ano o RN deverá encerrar suas exportações, mas não sua produção no Estado. Os problemas que levaram a essa situação: essencialmente o câmbio desfavorável dos últimos anos que faz com que o mercado interno torna-se tão competitivo quanto o produto par a exportação não tenha mais condições de competição com os demais players internacionais (além da queda do dólar há também a inflação natural do custo de produção que reduz mais ainda a margem para as vendas para o exterior).

            O exemplo apresentado por Werner Jost não deixa dúvidas: o preço do camarão "na comporta" (isto é, o produto entrega ao comprador na própria fazenda, na despesca; o gelo já é, por exemplo, custo do comprador) é em torno de R$ 10,00 que, ao final, deduzidos os impostos, deixava R$ 9,20 para o produtor final. Na exportação, o preço de venda é de aproximadamente R$ 7,70 mas, o preço final, deduzidos todos os custos, sobrava apenas R$ 5,56.

            Então, compare: R$ 9,20 para vender ali na fazenda, sem muita preocupação com o risco do transporte, do câmbio e do mercado, e apenas R$ 5,56 na exportação. Qual opção você faria?

 

Otomar Lopes Cardoso Junior

 

 

 

Agrícola Famosa mostra competência na produção de melão

            A empresa Agrícola Famosa foi apresentada como um dos maiores casos de sucesso de produção de melão no Rio Grande do Norte revelando-se hoje como maior produtor dessa fruta no Estado.

            Buscando um pouco mais na história da produção agrícola de fruticultura tropical norte-riograndense, já conhecemos a história da Maisa, da Frunorte, da Fazenda São João ou da Fazenda Knoll; mas, hoje, nenhuma delas está em atividade. Todas deram importantíssima contribuição para a fixação da cultura do melão do Estado mas, superadas pelo mercado e pelas mudanças ao longo do final da década passada, sucumbiram à realidade.

            A Nolem, mais recente nessa lista, que começou há bem menos tempo, também já faz dois anos que não produz mais.

            Hoje, a Agrícola Famosa é quem detém a primazia da liderança produtora e exportadora de melão no Rio Grande do Norte. Os números são extremamente positivos nesses últimos dez anos e promissores para os próximos dez; esperar que essa história, para o bem da empresas, dos empregados e do Estado, continue por muito mais tempo.

Fábrica da Maisa não sairá do papel?

            Para Josivan, reitor da Ufersa, em palestra proferida durante o seminário Motores do Desenvolvimento, a fábrica de sucos que pertenceu à Maísa e foi adquirida, recentemente, por outro empresário, não deverá sair do papel.

            Para o palestrante, "alguém disse" que tem acerola na região e que teria caju o ano inteiro. Mas, na verdade, informou, não há acerola (ou o que há é de péssima qualidade) e não temos caju irrigado, portanto, em ano de seca como hoje, não haverá – quase – produção de caju na Serra do Mel.

            Isso significa, na avaliação do reitor, que a fábrica de sucos não deverá sair do papel... Simplesmente, indicou, não há matéria-prima suficiente para que o investimento possa ser iniciado.

            Resultado de tudo isso? Maisa ficará apenas na lembrança de todos!

            Será mesmo que esse empresário é tão ingênuo a esse ponto???

 

 

Otomar Lopes Cardoso Junior

 

domingo, 21 de novembro de 2010

O excesso de dinheiro no mundo

O EXCESSO DE DINHEIRO NO MUNDO

 

(Publicado no Jornal de Hoje, 20/11/10)

 

            A crise cambial e as dificuldades que o mercado global ressente ultimamente têm uma explicação aparentemente inusitada: o excesso de dinheiro disponível hoje no mundo. Esse excesso de liquidez está provocando uma situação um pouco caótica nas economias globais mais estáveis, mas também no Brasil. Há muito dinheiro "sobrando" e, por mais esquisito que possa parecer, esse é um dos fatores que tem dificultado a retomada do crescimento mundial e, aqui no Brasil, de nossas exportações.

            Há, simplesmente, cerca de US 4 trilhões "disponíveis" no mercado norte-americano. Uma boa soma, embora todo esse dinheiro, se parado, não serve absolutamente para nada: a maior parte desse valor (cerca de US 3 trilhões) está no caixa de empresas que ficaram muito assustadas depois com a crise de 2008 (quando faltou dinheiro no mercado) e que estão procurando ao máximo manter seu caixa elevado para poder escapar de uma eventual nova crise.  E é justamente isso que está provocando um grande problema no cenário global.

            A falta de consumo por parte das médias e grandes empresas nos Estados Unidos e na Europa e, mais ainda, da falta de novos investimentos, têm provocado uma retração na demanda global de produtos trazendo a pior de todas as conseqüências em uma sociedade: a falta de empregos ou o baixo índice de novas contratações. Sem a geração de empregos e sem a retomada de novos gastos entramos no famoso "círculo vicioso" em que o baixo emprego gera baixo consumo, que gera baixo índice de vendas, que reduz a produção e que, ao final, acaba significando corte de custos e, com conseqüência mais imediata, o corte de empregos; e aí tudo se começa novamente.

            Os Estados Unidos, no centro já da crise financeira de 15 de setembro de 2008, estão no centro das atenções com a queda constante (e irritante) do dólar face ao Real mas também face às demais moedas no mundo; é uma política velada de relançar a economia doméstica através do consumo internacional, ou seja, já que o consumidor norte-americano não compra – seja por estar desempregado ou por temer a perda do emprego – então busca-se alavancar a economia através de uma maior demanda nas importações de seus produtos. O dólar barato faz com que, naturalmente, os produtos norte-americanos fiquem mais baratos no mundo inteiro.

            E o Brasil nisso tudo? Aliás, não somente o Brasil mas o restante do mundo ficam à mercê de política de retomada do consumo a partir do mercado norte-americano, infelizmente... Buscam-se novas soluções com o debate sobre a crise/guerra cambial seja na mídia seja no encontro do G20; mas parece que as soluções estão sendo mais retóricas do que efetivas.

            Para aqueles que criticam a sociedade do hiperconsumo parece ser hora de recuar um pouco mais (pelo menos sob o aspecto quantitativo) pois a atual estabilização das economias passa por mais consumo, isto é, mais gente comprando mais produtos e gastando mais. Não é a solução definitiva nem a melhor de todas mas, tudo indica, parece ser a saída mais rápida dessa crise. O Brasil trilhou por esse caminho e vem escapando entre tsunami e marolinha: o crescimento do consumo da classe média e a inclusão do padrão de vida das classes menos favorecidas, a D e a E, contribuíram para que a anemia não se enraizasse na economia nacional.

            E, com tanta liquidez ou tanto dinheiro "sobrando" por aí, seria uma ótima oportunidade de fazer crescer o mundo através da inserção social, criando condições para que o consumo possa se render em uma oportunidade e não mero privilégio.

 

 

Otomar Lopes Cardoso Junior

Brasileiro: de “virador” a empreendedor (individual)

Brasileiro: de "virador" a empreendedor (individual)

 

(Publicado no Jornal de Hoje, 19/9/10)

 

O brasileiro sempre foi reconhecido por seu talento de ser um "virador", alguém que na maior das adversidades consegue encontrar uma fórmula – quase mágica – para sobreviver e se "virar" com um otimismo de causar inveja meio mundo lá fora.

 

Esse é o "jeitinho" brasileiro que deveria ser não somente reconhecido, mas enaltecido: a capacidade de ser empreendedor. Essa característica marcante (quase inata) do brasileiro aparece de forma mais sustentada com a crescente formalização de empresas no Brasil: em 2010 já foram criadas cerca de 500 mil novas empresas individuais (com até 1 funcionário), de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

 

No Brasil a realidade da atividade empreendedora está disseminada em todas as suas regiões e estados verificado que, curiosamente, é na porção geográfica do Brasil onde está a maior concentração de riquezas, com suas grandes indústrias, centros comerciais e maiores prestadores de serviços, incluindo centro financeiro, que acontece uma aparente contradição: o Estado de São Paulo, sozinho, já contabilizou 108 mil novos empresários individuais até o mês de agosto desse ano. A informalidade parece ser inversamente proporcional à riqueza econômica e isso deve-se, muito provavelmente, em função de uma maior concentração do PIB em termos de distribuição da riqueza local (e ainda, das inúmeras oportunidades que vão surgindo, ainda que de forma subsidiária ou complementar para quem não está inserido no contexto principal do sistema econômico produtivo).

 

O Nordeste tem até apresentado bom desempenho nessa primeira estatística nacional: 102 mil novos empreendimentos, muito embora os seus nove Estados tenham representando menos do que São Paulo!. Mas, a nossa Região já é a segunda colocada no Brasil na formalização do empreendedor individual, com 20,4% do total nacional (na seqüência seguem o Sul com 15,4%, o Centro Oeste com 10,0% e o Norte com 6,5%).

 

E o Rio Grande do Norte? Aqui no nosso Estado já temos 6.578 novos negócios devidamente estruturados que saíram do famigerado conceito da clandestinidade ou do apreciado termo informalidade para, finalmente, entrar no mundo dos negócios em condições de igualdade com as demais empresas. Fazendo um paralelo com a certidão de nascimento, é o registro do CNPJ de uma empresa o primeiro sinal de cidadania empresarial. Ainda há mais o que buscar em nosso Estado principalmente se compararmos com a Paraíba e o Maranhão, que se assemelham às nossas condições sócio-econômicas, que estão um pouco à frente nessas estatísticas.

 

Não se trata, evidentemente, de propor uma corrida por melhores índices de desempenho na comparação com estados vizinhos, mesmo sendo importante especular sobre novos desafios considerando que algumas de nossas características são bastante comuns.

 

Mas devemos estar atentos, muito mais do que em números, aos resultados que a formalização de empresas pode trazer essencialmente ao brasileiro criativo e ousado, ou seja, ao empreendedor. É esse o "jeitinho brasileiro" que deve prevalecer. E a transição da informalidade para a formalidade não pode, em tempo algum, apagar essa nossa valiosa e inigualável herança cultural e econômica.

 

 

Otomar Lopes Cardoso Junior

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

PRÉDIOS PÚBLICOS COM ENERGIA EÓLICA?

Os bons ventos que, literalmente,  trazem novas riquezas para o Rio Grande do Norte podem ser também o início de outras aplicabilidades inclusive para fornecimento de energia para pequenos consumidores, tais prédios públicos em prefeituras ou câmaras municipais, por exemplo. Foi o caso da Câmara Municipal de São José/SC que instalou equipamento para aproveitar esse recurso natural e obter as vantagens não somente econômicas-financeiras, mas também ambientais: energia "limpa" com eficiência gerencial e a redução, a médio prazo, de custos de manutenção.

 

No nosso Estado onde grandes projetos estão sendo implantados e outros prometem ainda chegar em curto prazo, poderíamos ter também algumas cidades, sobretudo as litorâneas, a copiar o modelo ou a idéia lá de Santa Catarina. Aqui, no mínimo em condições de igualdade, senão largamente superior, não faltam ventos! Seria uma iniciativa que, bem sucedida, facilmente respaldaria outras iniciativas nos demais consumidores da região.

 

 

 

 

NENHUMA BOLSA DO IPEA PARA O RIO GRANDE DO NORTE

O IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada) divulgou o reusltado de sua chamada pública para concessão de bolsas nas categorias "Junior" e "Sênior" (R$ 1,8 mil e R$ 3,0 mil mensais, respectivamente). Foram 23  na primeira categoria e outros 21 na segunda. O RN não teve nenhum pesquisador contemplado com essas bolsas. O Centro-Sul teve o maior número de pesquisadores que atenderam às condições desta chamada pública.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Fazenda Maisa voltará a produzir?

 

 

A Fazenda Maísa parece que vóltará a produzir em breve!

 

O Idema já registrou a solicitação de licença ambiental para a produção de polpa de frutas. Não é o tradicional melão (pelo menos nesssa licença ambiental) que tanto referenciou a Maísa e a fruticultura de exportação do Rio Grande do Norte, mas é um grande avanço na retomada de produção naquela privilegiada área agrícola. Vamos esperar, quem sabe, em uma outra ocasião a Maísa volta a ser exportadora?!

 

 

Otomar Lopes Cardoso Junior

Carnatal e licença ambiental

 

A Destaque informa que requeereu, na Prefeitura de Natal, a necess´´aria licença ambiental de "realização de evento para o período de 02 a 05 de dezembro de 2010"; considerando que o local descrito, a data indicada e o promotor do evento, deve ser mesmo para o Carnatal 2010.

 

Se alguém se sentir prejudicado ou desejar contribuir em algum aspecto, pense rápido, pois restam mais quatro dias para sua - eventual - participação.

 

 

RN ganha prêmio do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária

 

Guiomar Veras ganhou prêmio do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária com a sua classificação em terceiro lugar no concurso de âmbito nacional, o XII Concurso Nacional de Monografias do CNPCP/2010.

 

A autora destaca-se por uas atividades na Ouvidoria da SEJUC, do Governo do Estado, e sempre teve como preocupação a capacidade - e a possibilidade - de inserção das apenadas na vida social; projetos foram desenvolvidos com sua participação e tive a oportunidade de participar em um deles na coordenação de um programa de capacitaçao profissional para as apenadas do João Chaves de um belo projeto, o Transforme-se. À época, com a qualificação em produção de artesanato-moda, idealizamos treinmento com professores da Faculdade de Natal realizados diretamente na penitenciária; uma forma de levar conhecimento prático para um projeto embrionário, de obter um ponto de venda daquilo que seria produzida pelas apenadas mas também, após sua saída e cumprimento da pena. Hoje essa loja existe e a marca (que participamos do projeto pois o nome da marca foi imaginada pelas próprias apenadas) está presente em todos os eventos de artesanato de Natal (e até mesmo fora do Estado). Elas tiveram aulas de marketing, relações interpessoais, empreendedorismo, contabilidade, como gerenciar o próprio negócio etc.

 

O útlimo evento que o Transforme-se estava lá com seu estande, seus produtos e as apenadas, foi a FECERN, na Zona Norte de Natal.

 

 

O trabalho de Guiomar, certamente, contribuiu para os resultados que até hoje permanencem. Sinto-me honrado em ter participado em algum momento nesse ideal.

 

Parabéns!

 

 

 

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

“Exportações do RN crescem quase 8% em outubro”

"Exportações do RN crescem quase 8% em outubro"

 

Entre janeiro e outubro o estado exportou R$ 380,39 milhões com a castanha de caju liderando o ranking dos produtos.

Por: Felipe Gibson

 

Apesar de uma alta de 7,96% nas exportações entre janeiro a outubro comparado ao mesmo período de 2009, o Rio Grande do Norte deve fechar o ano com saldo negativo em relação às importações. No acumulado dos dez primeiros meses de 2010, o estado exportou R$ 380,39 milhões, enquanto o valor importado ficou em R$ 408,4 milhões.

 

O coordenador de Desenvolvimento Comercial da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sedec), Otomar Lopes Júnior, confirma que o saldo negativo que vem sendo registrado se explica nos investimentos do estado. "Não estamos importando o que produzimos, mas o que necessitamos para produzir mais", explica.

"Nesse caso, é favorável para o RN, tendo em vista que nossas importações referem-se, essencialmente, a investimentos produtivos, tais máquinas para a indústria eólica, equipamentos para setor têxtil, mineral, petróleo/gás, entre outros", reforça o coordenador de Desenvolvimento Comercial.

 

O produto mais exportado pelo RN em outubro foi a castanha de caju, seguido pelo melão e açúcar. Segundo Otomar Lopes Júnior, apesar do crescimento de 11,2%, a castanha de caju deve sofrer baixa a partir de agora, com a redução da nova safra em virtude da seca. Quanto ao açucar, que teve 112,5% de incremento, a tendência é que ele se mantenha em alta no mercado externo.

 

O coordenador de Desenvolvimento Comercial destaca ainda o granito e a recuperação do setor mineral, que vinham em crise. "O melão, apesar da queda (3,8%), considerada a expansão no vizinho Ceará, tivemos um melhor desempenho em 2009. A safra nova, que já impacta nesses números, se não houver alteração (clima - chuvas), deverá ser melhor do que a anterior no estado", completa Otomar Lopes.

 

Regiões

Em nível nacional, o destaque ficou para o Norte, que passaram de US$ 8,3 bilhões, entre janeiro e outubro de 2009, para US$ 11,9 bilhões, no mesmo período deste ano, um crescimento de 42%. No Sudeste, as vendas externas subiram de US$ 66,4 bilhões para US$ 91,7 bilhões, elevação de 38%.

Na região Nordeste, o crescimento foi de US$ 9,4 bilhões para 12,9 bilhões, incremento de 37%. Já a Região Sul obteve alta de 13%, acarretado pelo aumento de US$ 27,4 bilhões para US$ 31,1 bilhões. Na Região Centro-Oeste, os embarques internacionais saltaram de US$ 12,2 bilhões para US$ 13,3 bilhões, aumentando 8%.

 

No comparativo do mês de outubro de 2009 com o mesmo período de 2010, a região Norte também apresentou o maior crescimento nas exportações (73%), com vendas de US$ 1,6 bilhão este ano, contra US$ 970 milhões no ano passado. Logo após, aparece o Sudeste, com embarques de US$ 10,5 bilhões e crescimento de 35%.

 

Na sequência, estão as Regiões Sul (US$ 3,3 bilhões), com aumento de 16%; Centro-Oeste, com embarques de US$ 1,2 bilhão e crescimento de 13,9%; e Nordeste (US$ 1,3 bilhão), com incremento de 13,8%.

 

 

http://www.portalmercadoaberto.com.br/noticias-det?noticia=2898

 

Brasileiro: de “virador” a empreendedor (individual)

Brasileiro: de "virador" a empreendedor (individual)

 

O brasileiro sempre foi reconhecido por seu talento de ser um "virador", alguém que na maior das adversidades consegue encontrar uma fórmula – quase mágica – para sobreviver e se "virar" com um otimismo de causar inveja meio mundo lá fora.

 

Esse é o "jeitinho" brasileiro que deveria ser não somente reconhecido, mas enaltecido: a capacidade de ser empreendedor. Essa característica marcante (quase inata) do brasileiro aparece de forma mais sustentada com a crescente formalização de empresas no Brasil: em 2010 já foram criadas cerca de 500 mil novas empresas individuais (com até 1 funcionário), de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

 

No Brasil a realidade da atividade empreendedora está disseminada em todas as suas regiões e estados verificado que, curiosamente, é na porção geográfica do Brasil onde está a maior concentração de riquezas, com suas grandes indústrias, centros comerciais e maiores prestadores de serviços, incluindo centro financeiro, que acontece uma aparente contradição: o Estado de São Paulo, sozinho, já contabilizou 108 mil novos empresários individuais até o mês de agosto desse ano. A informalidade parece ser inversamente proporcional à riqueza econômica e isso deve-se, muito provavelmente, em função de uma maior concentração do PIB em termos de distribuição da riqueza local (e ainda, das inúmeras oportunidades que vão surgindo, ainda que de forma subsidiária ou complementar para quem não está inserido no contexto principal do sistema econômico produtivo).

 

O Nordeste tem até apresentado bom desempenho nessa primeira estatística nacional: 102 mil novos empreendimentos, muito embora os seus nove Estados tenham representando menos do que São Paulo!. Mas, a nossa Região já é a segunda colocada no Brasil na formalização do empreendedor individual, com 20,4% do total nacional (na seqüência seguem o Sul com 15,4%, o Centro Oeste com 10,0% e o Norte com 6,5%).

 

E o Rio Grande do Norte? Aqui no nosso Estado já temos 6.578 novos negócios devidamente estruturados que saíram do famigerado conceito da clandestinidade ou do apreciado termo informalidade para, finalmente, entrar no mundo dos negócios em condições de igualdade com as demais empresas. Fazendo um paralelo com a certidão de nascimento, é o registro do CNPJ de uma empresa o primeiro sinal de cidadania empresarial. Ainda há mais o que buscar em nosso Estado principalmente se compararmos com a Paraíba e o Maranhão, que se assemelham às nossas condições sócio-econômicas, que estão um pouco à frente nessas estatísticas.

 

Não se trata, evidentemente, de propor uma corrida por melhores índices de desempenho na comparação com estados vizinhos, mesmo sendo importante especular sobre novos desafios considerando que algumas de nossas características são bastante comuns.

 

Mas devemos estar atentos, muito mais do que em números, aos resultados que a formalização de empresas pode trazer essencialmente ao brasileiro criativo e ousado, ou seja, ao empreendedor. É esse o "jeitinho brasileiro" que deve prevalecer. E a transição da informalidade para a formalidade não pode, em tempo algum, apagar essa nossa valiosa e inigualável herança cultural e econômica.

 

 

Otomar Lopes Cardoso Junior

Publicado no Jornal de Hoje de 9 de setembro

ENTREVISTA: PERGUNTANDO... RAUL VELLOSO @ O capital estrangeiro no Brasil

 

 

 

                Raul Velloso, economista, é  Ph. D. em economia pela Yale University e professor UERJ e ENAP-Escola Nacional de Administração Pública. Foi Secretário para Assuntos Econômicos (1985-89) e Secretário Nacional-Adjunto (1990-91) do Ministério do Planejamento. Foi membro dos Conselhos de Administração do BNDES, Embraer e IBGE. Atualmente é consultor econômico de empresas, bancos, organismos multilaterais e entidades públicas. (Fonte: ABTC)

                Essa entrevista foi realizada em 22/9/10 após sua participação no XI Congresso Nacional Intermodal dos Transportadores de Cargas, da ABTC-Associação Brasileira de Logística e Transporte de Carga, realizado em Natal (Hotel Serhs, com a palestra "Bonança externa, recuperação dos investimentos e retomada sustentada do crescimento econômico brasileiro").

 

 


Otomar Lopes – O Brasil está sendo "invadido" pelo capital estrangeiro. Isso é bom ou é ruim?

Raul Velloso – Eu diria que é muito mais para o lado bom do que para o ruim porque, infelizmente, a economia é sempre assim: quando você tem qualquer mudança ela beneficia uns e prejudica outros. Nesse caso, eu tenho impressão que os benefícios são muito maiores do que os custos que aparecem; é como se a gente dissesse assim: os que ganham podem, em tese, compensar as perdas daqueles que perdem.

 

Otomar Lopes – Na sua apresentação, o primeiro slide diz que "O mundo quer o Brasil, mas o Brasil (setor público) gasta muito mal e, portanto, não quer crescer". È possível mudar essa idéia de não querer crescer ou a "síndrome de Peter Pan" está atingindo o Brasil?

Raul Velloso – Eu que o problema e que nós temos aí um modelo de aumento de gastos e, portanto, da carga tributária em operação – que vem de muito tempo – com os objetivos válidos e não válidos. Os válidos: diminuir a pobreza e diminuir a desigualdade de renda. Os não válidos são aqueles que todo mundo conhece, corporativismo de funcionário, os ataques à chamada "viúva" etc, que a gente vê a todo instante. Mas o problema é que é muito difícil conciliar maior gastos do setor público para esses objetivos com o espaço para investir e atender a esse demanda, e aí vem um conflito, importantíssimo, que se resolve de duas formas: inflação que ninguém quer mais ou através de um posterior encolhimento de quem atende essa demanda gerando a desaceleração da economia via aumento da taxa de juros.

 

Otomar Lopes – Hoje o mundo está "despejando" capital no Brasil, como o Senhor afirmou. É possível o Brasil escolher as prioridades desses investimentos, por setor, ou não é possível obter um capital "seletivo"?

Raul Velloso – Eu acho que nem faz mais muito sentido. O Governo pode ter políticas sinalizando ou até estimulando com dinheiro os segmentos que ele considere prioritários e a sociedade, que ele representa, acredite que isso seja válido. Aí, os capitais que ingressarem, certamente, se encontrarem estímulos financeiros por conta de ação do Governo para aplicar num setor e não em outro, eles se dirigirão naturalmente. Mas não acho que devemos cercear a ação do capital: não combina bem com o posicionamento da economia, do sistema de mercado.

 

Otomar Lopes – Antigamente o dólar era objeto de especulação. Mas era, ao mesmo tempo, uma segurança ou uma garantia de futuro: comprava-se dólar como uma proteção de que, se houvesse um problema, o dólar era a segurança, seja para as pessoas físicas seja para as empresas. O dólar, com essa taxa de câmbio atual, com essa valorização do Real, quando é que poderá se transformar num "mico"? Ou o dólar não será nunca?

Raul Velloso – Olha, eu creio que nunca será um "mico". O dólar está passando por uma fase, vamos chamar assim, de rearrumação das coisas nos países desenvolvidos. Nesse período de rearrumação ele certamente vai se desvalorizar em relação às moedas de países como o Brasil que, no momento, não tem uma razão conjuntural para se rearrumar. Nós temos razões estruturais (pobreza etc), mas no momento, na conjuntura, nós estamos operando bem e é natural que o dólar perca valor em relação ao Brasil ainda que a economia norte-americana seja a número um do Mundo e vai continuar sendo a número um. Mas, no momento, nós estamos com uma vantagem, digamos assim, na conjuntura e com isso as pessoas podem estranhar, mas isso não quer dizer que a gente pode jogar o dólar fora, não se trata disso.

 

Otomar Lopes – Então o "Bolsa-Miami" [como mencionou o outro palestrante, Carlos Alberto Sardenberg] está garantido por algum tempo ainda?

Raul Velloso – Eu acho que sim. Eu acho que vai ter muito "Bolsa-Miami", mas é uma pena a gente desperdiçar, em vez de investir na ampliação da capacidade, a gente usar essa nova condição apenas para expandir o consumo, porque isso não acrescenta capacidade de produção ao País.

 

 

 

Otomar Lopes Cardoso Junior

ENTREVISTA: PERGUNTANDO... JOSÉ NIVALDO TORNISIELLO @ A eficiência dos resultados e o conceito "lean"

 

 

 

                José Nivaldo Tornisiello, professor, tem pós-graduações em Logística empresarial, Qualidade e produtividade e em Gestão de recursos humanos. Atualmente é gerente de logística da Vicunha Têxtil S/A, responsável pelas áreas de distribuição Brasil, logística internacional, comércio exterior, almoxarifado e compras. (Fonte: ABTC) É professor universitário.

                Essa entrevista foi realizada em 22/9/10 após sua participação no XI Congresso Nacional Intermodal dos Transportadores de Cargas, da ABTC-Associação Brasileira de Logística e Transporte de Carga, realizado em Natal (Hotel Serhs, com a palestra "Pensamento enxuto – Oportunidades para redução de custo/aumento da eficiência do setor de transporte rodoviário de cargas").

 

 

 


Otomar Lopes – O que é o conceito "lean" que foi apresentado em sua palestra?

Nivaldo Tornisiello – O conceito lean, traduzindo literalmente, é enxuto que significa livre de desperdício, livre de processos que não agregam valor para o cliente; é isso que quer dizer, traduzindo para o português, lean, enxuto, o seja, robusto, consistente, porém sem nenhuma gordura, sem nenhum desperdício que não venha agregar nenhum valor para o cliente, tanto interno quanto o cliente externo.

 

Otomar Lopes – Em sua apresentação o Sr. fala em desperdício na indústria e em serviços, usando o conceito do "7+1", incluindo o talento. Esse "1", o talento, é o principal desperdício que acontece hoje?

Nivaldo Tornisiello – O conceito dos sete desperdícios surgiu na manufatura, onde surgiu o pensamento lean, onde o modelo Toyota de produção transformou a indústria automobilística japonesa. Quando falamos nesse "+1", o desperdício, estamos nos referindo a questão do talento, é porque hoje nós constatamos que o talento, em algumas organizações, ele não é valorizado ou não tem havido a percepção da importância do talento. Por exemplo, deixando de ouvir o "chão de fábrica", deixando de ouvir o operador primário, deixando de ouvir o assistente administrativo, que são as pessoas que desenvolvem, que estão lá com a "mão na massa", nós estamos desperdiçando aquele conhecimento, onde muitas vezes uma sugestão simples pode trazer uma solução de economia de tempo, de economia de material, de economia de recursos e é por isso que o talento precisa ser reconhecido seja através de programas de sugestão, através de programas de kaizen, de melhoria contínua, que vão trazer, sem dúvida, reconhecimento a essas pessoas e elas vão se sentir motivadas a contribuir ainda mais.

 

Otomar Lopes – Para corrigir esses sete defeitos identificados é preciso apenas ter talento ou a observação, a experiência e a vivência colaboram para essa correção?

Nivaldo Tornisiello – Na verdade, além de todos esses adjetivos citados, precisa ter técnica, precisa estruturar um programa para redução de desperdício. O modelo Toyota ensina isso, existe a literatura e procurando, na internet, o Lean Instituto do Brasil tem muita ferramenta, tem muita informação. É a partir da informação, do conhecimento, que é possível transformar. Obviamente, o bom senso, a iniciativa, o desejo e a vontade vão contribuir mas, se não tivermos um amparo em uma técnica ou em uma pesquisa, é difícil conseguir.

Otomar Lopes – Não parece um contra-senso falar hoje em dia em "pensar enxuto", eliminar tarefas e desperdício quando há cada vez mais coisas para se fazer? A internet é um mundo que parece não ter fim e a gente precisa cada vez pensar mais enxuto quando as informações estão cada vez mais disponíveis. Como acontece essa aparente contradição: pensar e executar enxuto com cada vez mais informação?

Nivaldo Tornisiello – Nós temos que ser seletivos. Se olharmos nosso e-mail 20% das mensagens que recebemos têm valor agregado, 80% são desperdícios. Essa é uma maneira de entendermos que precisamos separar informação de conhecimento

 

Otomar Lopes – Uma de suas citações na palestra é "comece a ser crítico e comece a pensar na cadeia de valor. Não é fácil, mas traz bons resultados". Porquê não é fácil?

Nivaldo Tornisiello – Porque vamos encontrar muita resistência, a pessoa pode ser sentir acuada, pode não contribuir e por isso é preciso criar antes da implantação ou antes de mapear o processo, um ambiente de confiança. E isso é muito difícil: "olha, aqui sempre foi assim", "eu faço do meu jeito", "eu fiz a minha parte" são frases que não podem permanecer no pensamento enxuto. É preciso um trabalho para criar um ambiente favorável, para depois implantar o pensamento enxuto.

 

Otomar Lopes – Na sua apresentação a última tela é o sistema "3M" que significa, "mais, menos e melhor". Como é possível fazer "mais" com "menos"?

Nivaldo Tornisiello – Quando conseguimos aproveitar mais os recursos de forma adequada, eliminando o desperdício. Então aquilo que nós imaginávamos termos "x" talvez tenhamos "x/2, que é o recurso que vamos ter. E na prática é assim: somos cobrados todos os anos. Um exemplo é o orçamento de nossa empresa, da universidade, da escola, da nossa casa: nós não temos que fazer "mais" com "menos" todos os dias?

 

Otomar Lopes – Há sempre, então, a oportunidade de evitar o desperdício e melhorar cada vez mais?

Nivaldo Tornisiello – Sem dúvida, todo dia, toda hora. Eu sempre falo nos cursos que eu leciono, em logística, que, na verdade, nós não formamos mais – e é uma brincadeira que eu falo – administradores e engenheiros, não; nós estamos formando cada vez mais cabeleireiros, pedicures e manicures porque nós temos que cortar custos. E custo é como unha e cabelo, tem que cortar todo dia. É essa a metáfora que utilizo. Então, nós, além de sermos administradores temos que ser exímios "cortadores de unha".

 

 

 

 

Otomar Lopes Cardoso Junior

 

 

ENTREVISTA: PERGUNTANDO... WELBER BARRAL @ O comércio exterior brasileiro

 

                Welber Barral é titular da SECEX-Secretaria de Comércio Exterior, órgão responsável pela "formulação de políticas de comércio exterior" do MDIC-Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Cabe, na condução da política de "cultura exportadora" organizar os ENCOMEX-Encontros de Comércio Exterior que, em sua 2ª edição na versão Mercosul, reuniu mais de 1.500 participantes.

                Entrevista realizada em 1º/9/10 após palestra na solenidade de abertura do Encomex Mercosul que aconteceu nos dias 31/8 e 1º/9, em Porto Alegre, na FIERGS.

 

 

Otomar Lopes – O crescimento do Brasil no Mercosul foi expressivo, como o Sr. mencionou em sua apresentação no Encomex Mercosul; mas, ele foi uniforme em todos os Estados?  O Mercosul é positivo para o Brasil?

Welber Barral – O Mercosul é muito positivo para o Brasil. Em primeiro lugar porque diminuiu as tensões regionais; então, só a vantagem política já justifica o Mercosul. Mas, além da questão política nós tivemos um avanço muito grande na integração produtiva, ou seja, você tem cada vez mais bens produzidos no Mercosul. Os principais produtos de importação brasileiro da Argentina são automóveis em que 60% deles são fabricados com peças brasileiras: você tem aí uma integração produtiva crescente. Houve uma retração muito rápida pós-crise e esse ano nossas exportações para o Mercosul aumentaram 60%, mais do que o índice de qualquer outro bloco econômico. Portanto, é uma contribuição grande na recuperação das exportações brasileiras e é uma exportação muito qualificada: para o Mercosul são fundamentalmente produtos manufaturados.

 

Otomar Lopes – Essa integração regional e a formação de blocos no início do Mercosul parecia ser mais um ideal. Hoje ela se consolida e é uma tendência inevitável?

Welber Barral – Hoje é uma política do Estado brasileiro. Há, realmente, essa crítica de que o Mercosul não avança no ritmo em que poderia avançar, e é verdade; de fato, nós temos entraves institucionais para fazer um avanço rápido como queríamos. Mas tem havido avanços e a reunião de San Juan foi extremamente importante na aprovação, por exemplo, do Código Aduaneiro do Mercosul e da eliminação de dupla cobrança da Tarifa Externa Comum.

 

Otomar Lopes – Na sua apresentação são indicados alguns desafios e gargalos no Mercosul: a logística é um deles. O Brasil tem tido elevados crescimentos no mercado interno e nas exportações para o Mercosul. Como resolver esse problema logístico para que o Mercosul avance cada vez mais na integração regional?

Welber Barral – O Brasil tem capitaneado o mapeamento de várias obras de integração regional. De fato, nós temos situações hoje que chegam a ser absurdas em que empresas multinacionais que estão no Brasil e nos Estados Unidos exportam de lá por que o frete chega a ser mais barato; ou, para citar um caso do Rio Grande do Norte, o caso do frete do sal para São Paulo que é maior do que o do Chile para São Paulo. Então, é um problema de logística e nós precisamos melhorar nossa logística; há um estudo muito interessante do BIRD, do ano passado, intitulado "Desentupindo as veias" que mostra que se houvesse uma logística um pouco melhor, o comércio na região poderia crescer rapidamente.

 

Otomar Lopes – Na sua apresentação podemos ver que cada vez mais a distinção entre mercado interno e mercado externo é ilusória. Qual seria, então, a próxima etapa do Mercosul, Unasul, novos blocos etc? Acordos regionais são cada vez mais necessários para a política industrial do Brasil?

Welber Barral – No caso do Mercosul estamos cada vez mais integrados. Gerar grande escala, gerar inovação regional, gerar a produção que tenha uma escala de produção que justifique o atendimento a um mercado consumidor que está ganhando poder de compra, esse é o novo desafio do Mercosul. Em relação aos blocos, nós fechamos rapidamente o acordo com Israel, que já foi aprovado pelo Congresso brasileiro, fechamos agora o acordo com o Egito e vamos continuar negociando mecanismos de acesso ao mercado. É importante notar que acordos no comércio não necessariamente garantem acesso ao mercado. O Mercosul é a região mais eficiente do mundo na produção de alimentos e esse é um setor que sofre muito com barreiras não-tarifárias em outros países e que precisam de outras negociações além das negociações tarifárias.

 

Otomar Lopes – Os acordos bilaterais, tais Israel e Egito, foram fechados rapidamente, mas a questão agrícola não atrapalhava o fechamento desses acordos?

Welber Barral – A África recebe cada vez mais investimento da China e o Brasil tem buscado alternativas na África e uma política externa favorável à maior integração com o continente africano. A África tem passado, nos últimos anos, por uma revolução em termos de estabilização econômica e, a partir daí, de crescimento econômico; vários países africanos estão com taxas recordes de crescimento econômico. Nós, em seis anos, quadruplicamos nossas exportações para a África e atualmente representa quase 8% das exportações brasileiras. Tem um potencial grande de crescimento, mas temos problemas logísticos para acessar ao mercado africano e nós estamos falando sobre financiamento, pois precisamos melhorar nossos mecanismos de financiamento para fazer nossas exportações mais competitivas.

 

Otomar Lopes – No Brasil nós temos visto uma política de buscar um maior crescimento de pequenas e micro empresas no comércio exterior. No Rio Grande do Norte, um Estado que tem a maior parte de empresas de pequeno porte como exportadoras, do ponto de vista quantitativo e, como em todo o Brasil, as grandes empresas são as maiores exportadoras. É possível buscar novos mercados, fortalecer o Mercosul e ampliar a inserção das micro e pequenas empresas com a expansão comercial?

Welber Barral – Sim, uma das metas do Governo Federal é aumentar o número de pequenas empresas exportadoras. Nós temos vários programas para essas empresas e, inclusive, no Rio Grande do Norte, nós estamos com o programa "Primeira exportação" que ajuda as empresas a se inserirem no comércio internacional. Nós fizemos uma mudança importante, recente, que foi o aumento do limite para exportação com declaração de exportação simplificada, que aumentou muito a participação de micro e pequenas empresas. Agora o Governo anunciou, e estamos trabalhando junto ao Congresso Nacional para aprovar uma outra medida na qual eu acredito bastante: a exclusão das exportações na base de cálculo do Simples e isso vai gerar um incentivo às pequenas empresas para exportar e não ter de sair da sua sistemática.

 

Otomar Lopes – A China é um ator fundamental no comércio exterior e é impossível falar desse assunto sem pensar na China. Ela é uma ameaça ou uma oportunidade para o Brasil?

Welber Barral – Os dois!

 

Otomar Lopes – E para as pequenas e médias empresas?

Welber Barral – Para as pequenas e médias empresas é mais uma oportunidade, pois a China importa US 1,4 trilhão do Brasil e nós exportamos somente 1% desse valor. Então, há um mercado grande para exportação para a China, principalmente em nichos de mercado. A China é uma ameaça para o Brasil principalmente na disputa de terceiros mercados. A China é um competidor forte cada vez mais no mercado americano e latino-americano. Mas o acesso ao mercado chinês pode abrir muitas oportunidades para as empresas brasileiras.

 

Otomar Lopes – Qual seria o maior concorrente da China: o Brasil ou o Mercosul?

Welber Barral – Depende do produto, pois setores como o da soja são a Argentina é tão competitiva quanto o Brasil enquanto em outros tipos de grãos o Brasil é, seguramente, muito mais competitivo.

 

 

Otomar Lopes Cardoso Junior

 

terça-feira, 2 de novembro de 2010

NOVO CURSO SUPERIOR EM NATAL

O MEC autorizou, no último dia 29 de outubro, mais um novo curso superior no Rio Grande do Norte, em Natal.

 

Desta vez será o de Serviço social (bacharelado) e comportará 100 vagas (anuais), todas no turno noturno. O novo curso será mantido pela Associação Unificada Paulista de Ensino Renovado Objetivo/ASSUPERO, que tem sede em São Paulo, Capital..

 

Em breve, portanto, mais uma faculdade na mídia oferecendo novo curso na praça e enaltecendo suas vantagens.

 

Curioso, há de se admitir, que desta vez, pelo menos, não está na lista dos cursos mais facilmente "vendáveis" (leia-se captação de alunos) que proliferam País afora, mais comumente em Administração ou Direito.

 

Otomar Lopes Cardoso Junior