sábado, 25 de fevereiro de 2012

Profissão: desaposentado

(Publicado no Jornal de Hoje, 15/fev/2012)

Em breve o IBGE e o Ministério do Trabalho terão que modificar a apresentação de suas estatísticas de emprego e renda no Brasil para inserir uma “profissão” que ocupa cada vez mais espaço no país, a de “desaposentado”. Claro, não é uma profissão nem uma categoria específica de pessoas que ocupam uma atividade econômica, mas é um grupo social que não para de crescer nos últimos anos por uma simples e única razão: a perda do poder aquisitivo nas aposentadorias.

Antigamente – e não data de longa época – a aposentadoria era vista como uma conquista do trabalhador, um merecimento e reconhecimento do Estado pelos anos de contribuição social e pelos anos dedicados a uma profissão no fortalecimento da economia nacional. Ao atingir certa idade e/ou tempo de serviço, receberia o que deveria ser um salário/retribuição digno e condizente com os serviços prestados.

Mas, ultimamente, a aposentadoria deixou de ser a maior das conquistas. É aí que surge a figura inusitada do “desaposentado” ou da “desaposentação”, ou seja, aquela ou aquele cidadã(o) que decide voltar a procurar emprego para conseguir um complemento de renda que o plano de previdência pública não consegue mais satisfazer. Essa “desaposentação” deveria ser até mesmo avaliada como positiva, desde que única e exclusivamente quando fosse derivada de uma aposentadoria precoce, por qualquer motivo, e que a condição social e de saúde permitisse a continuidade do trabalho. Mas, não é o que vemos nos últimos anos.

Com a diferença de reajuste entre as aposentadorias e o salário-mínimo temos cada vez mais aposentados seu poder de compra diminuir e, mais triste ainda, cair na faixa do menor salário, os atuais R$ 622,00. Quem, há uma década, recebia cerca de 1,5 salário-mínimo hoje deve “contentar-se” com uma perda em torno e 30%; enquanto todos os empregados obtém aumento de salário ao longo dos anos, vários aposentados fazem o caminho inverso. Um retrocesso não somente econômico, mas social (vale dizer, sem direito a greve ou qualquer manifestação: não há como aposentados fazerem greve aproveitando o Carnaval, como fizeram os policiais da Bahia, nem o final do ano como fazem muitas vezes os aeroviários).

A crise da desaposentação já era previsível. Quando os bancos e as financeiras inundaram o mercado com os créditos consignados (com uma taxa de juros melhor para os aposentados) e a enxurrada na direção do endividamento avolumava-se, era o notório sinal de que a simples aposentadoria não acompanhava mais as despesas de cada mês. Era preciso uma renda extra e o caminho mais fácil era o crédito: não precisava nem ir ao banco pois a abordagem era feita em plena calçada, nas lojas de eletrodomésticos e, no interior, em visitas às residências.

Enquanto o empréstimo cabia no bolso a “fartura” se apresentava. Mas, a taxa de juros, ao contrário da aposentadoria, não diminuía: se de um lado a prestação era a mesma ou aumentava, do outro, os reajustes dos aposentados seguiam em ritmo menor. A conta, naturalmente, tenderia ao desequilíbrio.

Certamente a culpa não está nos créditos consignados nem a solução do déficit das contas governamentais está no aumento abaixo da inflação das aposentadorias. Caminha-se, agora, para uma nova tentativa, de mais longo prazo, com os planos de previdência dos servidores públicos. É, na verdade, tentativa de evitar que esse crescente problema se transforme em um incontornável transtorno social em uma ou duas décadas.

Mas, fato é que é mais comum, inclusive no serviço público, a figura do “desaposentado”. Tornou-se um objetivo inusitado, embora muito comum: aposentar-se para voltar a trabalhar! É a solução para melhor o rendimento no final do mês e pagar as contas com mais tranquilidade, visto que a merecida recompensa depois de 25, 30 ou mais anos de trabalho está cada vez mais distante. Pena, pois estar ou ser desaposentado não é nenhuma promoção para o aposentado; pelo contrário.

Otomar Lopes Cardoso Junior

Um APL da Coteminas

Com o novo empreendimento e toda a movimentação de serviços e produtos que gerará o novo projeto da Coteminas, a empresa, que já tem longa parceria com o Rio Grande do Norte, poderia inaugurar mais uma: a , digamos assim, APL da Coteminas.

Em outras palavras, seria a Coteminas detalhar todo o projeto e oferecer, em primeira mão, para as empresas do Estado as oportunidades de contratação. As demandas são inúmeras, desde a requalificação profissional, passando pela demolição, construção, pavimentação, ambientação, paisagismo etc.

Pode gerar, esse R$ 1 bilhão aqui aplicado, muitos novos negócios para o RN.

Investimento de R$ 1 bilhão da Coteminas: Eike seria um sócio?

O novo investimento da Coteminas é elevado, afinal, R$ 1 bilhão não se encontra aí facilmente no caixa de qualquer empresa, seja ela grande ou não. Ainda que o investimento seja programado para 3, 4, 5 ou 6 anos é preciso gerar um fluxo de caixa considerável para disponibilizar esse valor (lembrando que, como investimento, a regra é aplica-se antes, ganha-se depois; ou seja, precisa de capital “disponível” por longos anos...).

No anúncio da Coteminas (vi as notícias na imprensa) não estavam destacados os acionistas ou sócios desse novo empreendimento. É valor alto para investir em ativos fixos, imobilizados. Não que a Coteminas não tenha condições nem competência, longe disso, mas não funciona assim no jogo do capitalismo.

Teria outro sócio a Coteminas nesse novo projeto? Não sabemos.

Mas, talvez seja uma possibilidade (“ou não”, diria Caetano...) que Eike Batista, o homem do X possa se interessar.

Os dois, Eike e Josué já são sócios em empreendimento do X. Empresa especializada no segmento que mais promete, o de energia. A empresa tornou-se uma plataforma rica de compra e venda de energia, agregando cada dia mais interessados nesse filão. A própria Coteminas já anunciou leilão de energia para o próximo mês de março.

A acompanhar de mais perto esse novo projeto. R$ 1 bilhão: de quem ou de “quens”?