Precisamos desprogramar algumas obsolescências, dentre
elas, a política.
Algumas ações ou decisões parecem existir com vários e
bons propósitos embora tragam os famosos efeitos colaterais. Outras, no entanto,
parecem ter a finalidade de programar um obsolescência, ou seja, criar mecanismos
que permitam ou contribuam para a extinção e fatos ou situações. Vemos isto em
alguns exemplos da tecnologia, os computadores, por exemplo, extinguiram as máquinas
de escrever com suas funcionalidades, um dia avançadas, hoje absolutamente ultrapassadas
(exceto para o mercado de museus, colecionadores e especuladores).
Na política, não é diferente, algumas vezes.
Hoje no Brasil temos vários partidos políticos, uma forma
mais branda e talvez mais real de dizer que temos muitos ou em excesso. Não há,
a rigor, ideologias tão distintas quanto o número de partidos no Brasil e,
aliás, nem mesmo no mundo. Mas, assim como uma camisa será sempre uma camisa,
há “camisas” e “camisas”, cada uma com estilo e finalidade diferente embora, a
rigor sirva para vestir alguém. Partidos, igualmente, não se pode reduzir à
simplicidade aterrorizante entre direita e esquerda, principalmente se lembrarmos
que estas denominações nasceram não da associação com uma ideologia mas
simplesmente... em função da disposição geográfica entre grupos políticos nos
idos da política francesa, quando uns estavam à direita e outros estavam à
esquerda, no plenário.
Temos cláusulas de barreiras para evitar aventureiros na
política. É algo que deve continuar, depura as ideias extravagantes e oportunistas
mas também elimina as ideias nascentes e acaba – seria esta a finalidade? –
concentrando o poder com quem tem mais poder! Se meu partido não teve votos suficientes,
tenho me aliar a outro, já poderoso, para sobreviver. Eliminamos
extravagâncias, concentramos poder e, consequentemente, divisões internas.
Estas cláusulas são uma forma de obsolescência política.
Pode significar, por exemplo, que mesmo pensando de uma forma somente alguém
somente poderia ser candidato em um partido mais forte onde suas ideias –
inovadoras – teriam menos chance de prosperar.
A obsolescência política é ruim, a curto, médio e a longo
prazos. Todas as vezes em que os debates políticos, isto é, os debates sobre
nossas vidas e nossa sociedade são afunilados, perdemos conteúdo e qualidade.
Em qualquer situação, 50 partidos ou apenas 2 dominando o cenário, a política
sobreviverá e os políticos também. Mas, a imensa maioria da população discutirá
política apenas de forma partidária, nos tempos eleitorais.
A política deriva da “polis”, cidade e sociedade. Não
devemos programar sua obsolescência, nem da política nem da cidade, menos ainda
da sociedade.
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