sexta-feira, 30 de abril de 2021

Botões, um símbolo resistente

 

A Bonor já foi um ícone da indústria potiguar, maior fabricante (e única?) de botões no Estado. Atualmente, a realidade é diferente. Os comentários de hoje são sobre este assunto.

Bonor, um símbolo

 

A Bonor já foi um ícone da indústria potiguar. Entre as diferentes denominações da empresa (com seus CNPJ) além da também indústria Fane (do mesmo grupo de proprietários), já foi motivo de ilustre apresentação da capacidade empreendedora local que ousou produzir para abastecer o mercado local tanto quanto o mercado nacional e, durante anos, foi exportadora.

Nos anos 1980-90, quando o setor têxtil estava bem representado no Estado (Soriedem, Guararapes, T Barreto etc) e quando produzíamos quase 10% de todas as camisas sociais masculinas do Brasil, o botão tinha vários consumidores a apenas algumas centenas de metros da fábrica, alguns poucos quilômetros. Com a queda da produção e a crise econômica nacional, a Bonor teve que direcionar sua produção para outro público, no Centro-Sul; os custos e a concorrência aumentaram.

Mas, quando o mercado abriu para a importação de camisas da China, a crise foi maior ainda afinal, uma camisa pronta não precisa mais de botões, já vem completa: cada camisa importada era uma queda na demanda interna por botões.

A Bonor, que sempre teve em um de suas características sensacionais a diversidade de botões, em formas e materiais, seguiu para o mercado externo e durante alguns anos conseguiu uma nova opção de vendas. Um pequeno parêntesis: ainda hoje o catálogo de botões mostra a criatividade e riqueza da linha de produção da empresa, vale a pena consultar a página da Bonor na internet.

Mas, recentemente, a situação mudou. Bastante.

A primeira mudança

 

A primeira mudança (um pouco mais antiga) talvez tenha sido a desativação de sua unidade industrial na divisa Natal-Parnamirim onde hoje funciona um condomínio residencial, na rua da entrada do cemitério Morada da Paz, e que talvez, pela dimensão do terreno, também tenha parte da atual unidade de atacarejo do Nordestão. Não sei a localização é rigorosamente esta, mas os galpões eram ali, bem no alto, na curva, via-se de longe.

Mantiveram-se em Parnamirim, mas em outro local, na direção de onde já foi a unidade da Coca-Cola. Acredito que a mudança tenha sido uma estruturação para a capitalização da empresa, a venda de uma área nobre que permitia um fôlego: o patrimônio imobiliário contribuindo para a manutenção do patrimônio industrial.

A Bonor passou a ter mais de uma denominação, apesar de manter o nome Bonor, com 2 CNPJ próprios:

- Bonor Indústria de Botões do Nordeste S/A, com 3 unidades, 2 em Parnamirim e 1 em São Paulo; e

- Bonor Industrial S/A, com 2 unidades, 1 em Parnamirim e 1 em São Paulo.

Ao grupo devemos acrescentar a Fane, que acho tem apenas uma unidade (em Parnamirim?).

A primeira Bonor conta, portanto, com 1 matriz e duas filiais e a segunda Bonor, com 1 matriz e 1 filial.

Esta reestruturação atendeu à uma estratégia interna da empresa. Atualmente, portanto, seriam 6 unidades industriais da família da Bonor. Um crescimento.

Dois fôlegos extras

 

Infelizmente, apesar de toda diversificação, incluindo de suas unidades industriais, ainda que algumas delas são vizinhas em uma mesma área em Parnamirim, as duas empresas matrizes encontram em recuperação judicial, como indicado por seus proprietários quando da divulgação dos balanços referentes ao ano 2020.

Em 2016 houve o pedido de recuperação judicial e, em fevereiro de 2021 foi aprovado o Plano de recuperação judicial, um solução jurídica que garante um grande fôlego para a empresa.

O outro fôlego extra foi também recente com a mudança do Proedi que ampliou o benefício para as empresas do setor têxtil e, desde ano passado são 3 as unidades da Bonor que gozam de incentivo de 95% do ICMS. Ajuda, e muito!

As vendas

 

A Bonor Indústria de Botões do Nordeste S/A declarou uma receita bruta de vendas de R$ 23,0 milhões em 2020, contra R$ 31,0 milhões em 2019. O prejuízo em 2020 foi de R$ 3,0 milhões, contra R$ 2,4 milhões em 2019.

Já a Bonor Industrial S/A declarou uma receita bruta de vendas de R$ 14,8 milhões em 2020, contra R$ 22,8 milhões em 2019. Uma diferença importante é que desta vez houve registro de lucro, da ordem de R$ 1,6 milhão em 2020 contra R$ 1,1 milhão em 2019.

Um dado curioso no balanço é a informação do patrimônio “imobilizado em terrenos”: R$ 28,2 milhões e R$ 0,6 milhão, respectivamente. Os valores referem-se à cada matriz e suas filiais.

A expectativa

 

Particularmente fico na torcida que consigam melhorar a situação das empresas, ainda agravada pelo período da pandemia em que o consumo caiu bastante. É mais um impacto negativo para o grupo Bonor, mais um desafio para enfrentar. Eventualmente, com o plano de recuperação judicial aprovado talvez ficará mais fácil para administrar o fluxo de caixa e, eventualmente, adotar uma decisão sobre o patrimônio imobiliário, uma forma de reduzir a dívida e atrair mais capital, principalmente, de giro.

Em 1966 a empresa começou a produzir botões e já inovava com a utilização de máquinas automáticas. Passado mais de meio século, novas soluções se impõem.

quinta-feira, 29 de abril de 2021

Artesãos virtuais

 

Neste ano a maior feira de artesanato do RN teve duas mudanças: será em maio e será virtual. Os comentários de hoje são sobre este assunto.

Fiart

 

A Fiart, a feira de artesanato, já foi uma feira com público maior de potiguares, um evento que divulgava a produção estadual e que era um local até mesmo de passeio, muita gente ia para ver as novidades e algumas apresentações culturais e com pouca ou nenhuma intenção de comprar artesanato. Era um evento, não necessariamente um evento comercial. Antes que alguém veja uma crítica, é algo comum em várias cidades e países, os eventos atraem públicos distintos do esperado e vai muita gente mais – mesmo – para passear. Quem conhece o mundo dos eventos já viu que alguns limitam o acesso ao público profissional ou cobram uma entrada com preço bem alto para evitar multidões passeando nos corredores em busca de brindes.

Retornando à Fiart. A feira virou um grande evento com foco no turismo. Ou ampliou seu perfil e direcionou sua mídia para as chamadas empresas de receptivo e os hotéis e pousadas. E deu certo, muito certo mesmo. Quando tinha a Fiart as filas de carros e a multidão que circulava no Centro de Convenções impressionavam.

Entrou no calendário oficial e atraia muito o interesse também de expositores. Uma ideia simples (sem demérito algum) que foi se aperfeiçoando e se profissionalizando. Uma ideia que movimentava bem a economia no Estado.

Fiart sai do tradicional

 

2021 não teremos a Fiart no seu formato tradicional, no mês de janeiro, e com foco nos turistas. A pandemia, claro, não permite um evento do porte usual e não temos mais a mesma quantidade de turistas no Estado, nem agora nem durante a alta estação. Fazê-la em janeiro havia o risco da não-autorização pela restrição legal de eventos presenciais, como talvez não tivesse público suficiente para bancar os custos; seria um risco e poderia queimar a imagem do grande evento.

Fiart inovadora

 

Mas, teremos a Fiart 2021. Desta vez, virtual e no mês de maio.

A inovação, de ser virtual, tem suas facilidades: a logística é muito mais simples, os erros podem ser corrigidos imediatamente e não há limitação de espaço, cabe todo mundo; e para quem perdeu uma apresentação cultural “ao vivo” terá sempre a oportunidade de ver e rever a gravação.

Mas, tem seus desafios: a divulgação é uma delas, mas bastante natural em todos os eventos, fazer com que o público saiba de sua existência, presencial ou virtual, é o dilema de todo mundo que organiza eventos.

Os desafios mais graves, no entanto são o evitar o chamado canibalismo e o velório.

Não se trata, obviamente, de desejar que algo dê errado com a Fiart, mas de perspectivas que são naturais quando há mudança estrutural de um evento. O canibalismo, na gestão de produtos, é quando você lança um produto que afeta o consumo de outro; o exemplo mais clássico é o da empresa que lança um pote de iogurte de um litro que acaba tendo tanto sucesso que diminui consideravelmente a venda do mesmo iogurte nos potes de150, 200, 250ml e a empresa, por conta dos custos, é obrigado a sacrificar uma das linhas de produção. O velório é quando a ideia paliativa ou a alternativa tem tanto sucesso que acaba superando o que existia e o passado perde sua consistência; um exemplo clássico é a casa de show especializada em, digamos, rock e que um dia coloca um show de música brega que faz tanto sucesso, mas tanto sucesso, que passa a ter somente músicas bregas...

Duas Fiart em 2022

 

Torço pelo sucesso da edição virtual da Fiart! E gostaria de sugerir, desde já, que a Fiart aconteça duas vezes em 2022: em janeiro, no modelo tradicional, e em julho (tem mais chuva...), no formato virtual!

quarta-feira, 28 de abril de 2021

Do piche ao lixo

 

Antigamente era bastante comum andar nas praias e pisar em piche. Hoje, encontramos lixo e objetos esquisitos. Evoluímos? Os comentários de hoje são sobre este assunto.

A era do piche

 

Anos 1980, 1990 e talvez menos nos anos 2000, andar na praia ou tomar banho de mar era um risco de sair com os pés marcados de piche, aquela mancha grudenta que insistia em não sair do pé e acabava sujando a sandália, o carro ou o chão da casa. Tinha dias em que a praia era quase impraticável, tamanha a certeza de entrar na água e sair com a sujeira nos pés, joelhos etc. Na água era mais difícil de adivinhar e a surpresa era inevitável. Senão, na areia encontrávamos aqueles pedaços em formatos irregulares mas que, pelo menos, em geral, permitia evitar, caminhando e olhando para o chão.

Chato ainda era quando sujava o calção (alguns chamam de “sunga”...). Tirar a mancha era complicado.

Quem veraneava sempre tinha uma garrafa de querosene na entrada da cozinha ou na varanda, ali perto da porta, pois era a única forma de eliminar mais rapidamente aquela desagradável mancha. Não lembro se tinha safra, ou seja, se era mais comum encontrar no verão ou em qualquer época do ano.

De onde vinha o piche?

Aprendi que eram os navios que limpava seus tanques. E que alguns faziam isto em alto mar e dificilmente as manchas de piche chegavam ao litoral enquanto outros, limpavam os tanques ali, na entrada da barra, perto das praias. Assim mesmo, sem constrangimento ou preocupação.

O piche e o meio ambiente

 

A questão ambiental precisou evoluir bastante para que houvesse o combate ao lixão que o mar se transformava para algumas embarcações. A tecnologia evoluiu e o preço diminuiu para que se utilizasse produtos na limpeza com o duplo resultado: resolviam o problema dos navios e os da população.

Mas, além da questão ambiental a questão financeira foi de grande importância! Como era possível rastrear a composição química do petróleo derramado e era possível identificar quem passou ali por perto, além de conhecer as correntes marítimas, ficou bem mais fácil aplicar multas. Elevadas. E pronto, a solução mas prática aconteceu.

Poluiu? Vai pagar, e caro.

O piche e o lixo

 

O conceito vigente durante anos era que o mar suportava tudo. Bastava lançar no mar que tudo se transformava e a poluição desaparecia, como por milagre. Basta lembrar que os dutos de esgoto entrando no mar ainda existem até hoje, no Brasil e em vários países.

O mar mudou, parece. Há saturação e já não suporta tudo do mesmo jeito.

As pessoas mudaram, com certeza. E muitos (a imensa maioria) entendem que o mar não é um lixão. Felizmente. Mas...

O novo lixo

 

Mas, infelizmente ainda há alguns que pensam diferente e que transformam a velha expressão interiorana de “jogar do mato” em “jogar no mar”.

Esta semana o RN foi “brindado” com nova carga de lixo em suas praias. Mais grave, desta vez. Lixo hospitalar misturado com muita porcaria e o temor de encontrar objetos cortantes (agulhas, principalmente).

Igual e diferente

 

Há alguns pontos em comum entre o novo lixo e o velho lixo: não sabemos quem foi o responsável, temos algumas poucas suspeitas, não sabemos em qual ponto do mar foi lançado, nem sabemos se ainda há mais lixo no mar que chegará às praias e, ainda, em quais praias chegará. Algumas diferenças, também: é um lixo urbano com fácil identificação (há objetos com endereços) do ponto inicial (mas não do ponto em que se tornou lixo: caminhão do lixo, depósito, lançado o rio etc?) e de fácil coleta.

E continuamos sem punir os responsáveis. Digo, os irresponsáveis; estamos, literalmente, num mar de impunidade.

terça-feira, 27 de abril de 2021

Até tu, Qatar?

 

O Presidente da Qatar Airways não está muito otimista com o retorno ao patamar anterior dos voos. Por quanto tempo?

Os comentários de hoje são sobre este assunto.

Qatar, pessimista

 

“Acho que a recuperação da aviação não vai acontecer por um longo período de tempo. . . Não vejo que o pior já tenha passado.”

Estes foram os termos de Akbar Al Baker, Presidente da Qatar Airways quando questionado sobre a possibilidade de o mercado de voos retornar a alguma normalidade agora que alguns países estão avançando bem na quantidade de vacinas anti-Covid aplicadas. Apesar os exemplos de Israel ou Chile – na verdade, pouco interferem na demanda da empresa – e dos Estados Unidos – a demanda é maior –, a empresa não mantém o otimismo esperado, como declarou seu representante neste final de semana. A entrevista, aliás, foi considerada uma verdadeira ducha de água fria para o mercado.

Os americanos estão bem mais otimistas, claro, considerando que em 1-2 meses todos os maiores de 18 estarão vacinados e o mercado interno é muito forte. Na Europa a vacinação avança, embora em ritmo menor e diferente, a Suíça promete vacinar todo mundo em até 2 meses mas a França, Espanha ou Itália estão em ritmo um pouco menos acelerado; por lá, o mercado interno também é elevado e tem uma grande demanda por voos longos, justamente aqueles em que a Qatar Airways tem investido mais. A política da empresa não segue a guerra de tarifas baixas e para conseguir competitividade efetiva, tem que centrar sua oferta de voos de maior duração, sobretudo os intercontinentais; talvez por isto, uma parte do pessimismo.

Ao seguir a opinião de Al Baker, a vacina é um mero paliativo (e se considerarmos o anúncio da Pfizer, no domingo, ou seja, após esta entrevista, de que a vacina será anual), por isto não vê uma solução tão imediata assim.

Qatar, otimista

 

O outro Qatar continua otimista. O país, desta vez, que continua investindo tudo o que pode para transformar a Copa Fifa 2022 em um grande cartão postal do país e atrair o máximo de interesse e, claro, de turistas.

A aposta, ou o investimento, foi alto! A Fifa, pela primeira vez anunciou a sede de duas copas do mundo para, justamente, permitir que o país pudesse surfar na onda de propaganda por tanto tempo. Um baita investimento.

Aliado a este, a empresa aérea investiu no PSG e Neymar e ainda não tendo obtido o título máximo de campeão europeu nem mundial, o time continua com seus ícones e Neymar não parece ter chance de sair de lá; não pelo menos antes da Copa 2022.

Este Qatar, país e o outro Qatar, empresa aérea, continuam otimistas num horizonte maior, pós-2022.

Voar, voar...

 

A música, antiga, fez muito sucesso. Não lembro quem cantava, mas sei que ouvi muitas vezes o refrão. Também não lembro se este “voar” é o mesmo da Qatar Airways.

Independentemente da ilustração musical podemos dizer que o otimismo do país Qatar é igualmente compartilhado pelo futuro concessionário do Aeroporto Internacional em São Gonçalo do Amarante: ambos torcem pelo retorno das viagens aéreas. O Qatar, país, em parceria com sua empresa aérea, já o nosso Aeroporto sem preferência, todas as empresas serão bem-vindas.

Já pensou?

segunda-feira, 26 de abril de 2021

Cobre, outra riqueza mineral potiguar?

 

Há uma expectativa de que haja exploração econômica de minério de cobre no RN: uma novidade? Os comentários de hoje são sobre este assunto.

Cobre, explorando (corretamente) o minério

 

O Rio Grande do Norte tem minério de cobre? Será que teremos a exploração dessa nova riqueza mineral no Estado?

A exploração do cobre mais comum no Estado não tem nenhuma relação com a nobre atividade em mineração, mas sim o roubo de cabos revestidos de cobre utilizados em algumas empresas de telefonia (com tecnologia antiga, em fase de mudança), e que causam transtornos gerais.

Desta vez é a exploração do mineral que pretende a empresa Mineração Nordeste Brasil em uma área de sua exploração no município de Serra Negra do Norte. Não é a primeira tentativa mas, agora já conta com a licença ambiental do Idema para “pesquisa e extração de minérios (cobre e scheelita)” com um volume esperado de 1.500 m3/mês no sítio chamado Diniz, em uma área de 40 hectares. A scheelita é mais comum no RN e não traria novidades exceto, talvez, pela nova fronteira mineral, em Serra Negra do Norte quando estamos mais acostumados com as empresas em Currais Novos, notadamente a Tomaz Salustino e a Acauã.

Será muito importante esta confirmação de exploração de cobre, novas oportunidades estarão configuradas e, quem sabe, indicará um novo roteiro no mapa mineral do Estado.

Novas tecnologias?

 

Voltando ao cobre, formalmente não há registro de extração mineral no RN. É provável que as novas tecnologias tenham trazido uma nova perspectiva e permitam um novo conhecimento. Por enquanto a empresa está a pesquisa com a extração mas, não consegui identificar se a pesquisa é para a scheelita e a extração para o cobre ou o contrário; de qualquer forma, ainda que em fase de pesquisa – para o cobre –, já pode ser uma boa notícia.

O mapa mineral do RN, em uma versão de 2006, não indicava a presença de cobre naquela localidade ou vizinhança. Em pesquisas acadêmicas há menção à possibilidade de presença de cobre no Estado do lado de Equador, Currais Novos etc, mas nas pesquisas básicas que realizei, não havia demonstração de viabilidade econômica, os trabalhos eram mais dedicados às questões técnicas, mineral.

Sócios ou não-sócios

 

A empresa, em 2016, buscava sócios para outros projetos de exploração em território potiguar, tal como noticiado pelo Sindicato  Nacional da Indústria de Extração do Ferro e Metais Básicos: “MNB busca sócios para explorar mina de scheelita e ouro no RN”. Não mencionava a exploração de cobre, mas fazia referências à Serra Negra do Norte; eventualmente, a perspectiva pode ter evoluído.

A licença ambiental foi emitida em nome da empresa que é a proprietária (ou arrendatária) da área. Até ontem a página da internet da empresa não indicava atualização quanto eventual parceria empresarial.

Cobre, e dai?

 

A produção econômica de cobre poderá até iniciar neste ano de 2021, quem sabe. Além de movimentar a economia local com a contratação de pessoas para a atividade mineral, gerará alguma receita para a Administração Municipal. Mas, é pouco ainda se a – atual – promessa se transformar em um novo polo para o setor.

Considerando que a empresa obteve a licença ambiental de operação, ou seja, que permite a atividade produtiva, em breve poderemos ter notícias: quantidade explorada, valor do investimento, valor de mercado e parcerias.

A acompanhar: quando a empresa divulgará os primeiros resultados efetivos de exploração de cobre no RN? Vamos aguardar.

sábado, 24 de abril de 2021

Quinze (15)

 

15 horas é o horário limite para que missas possam ser celebradas nos domingos, de acordo com a nova determinação na regulamentação do horário de flexibilização para circulação de pessoas.

Quatorze (14)

 

14 comerciantes foram intimados no feriado desta semana por descumprimento das normas de isolamento. Neste sábado amanheceremos com o conflito entre as determinações das Administrações municipal e estadual, fator que poderá significar um número maior do que os “14” da semana.

Treze (13)

 

13 por cento é o percentual que deverá ser alcançado neste sábado no RN do total da população vacinada contra Covid-19. Ainda é um indicador baixo diante da demanda e da necessidade para atenuar os efeitos da pandemia mas, é a realidade “existente” para hoje.

sexta-feira, 23 de abril de 2021

Um troco, mas não um trocado

 

Em 4 supermercados de Natal há uma iniciativa para que os clientes possam doar os centavos de suas compras, o “troco”. Funciona? Os comentários de hoje são sobre este assunto.

De grão em grão

 

Este velho ditado, “de grão em grão a galinha enche o papo”, funciona! E para muitas coisas, ainda que não resolva tudo pois muitas vezes a solução não é, em pequenas doses mas em algo mais pesado e efetivo, em dose única. Problemas constantes exigem soluções constantes e quando o tema é social parece que não existiria uma solução única e exclusiva, mas a soma de pequenas soluções. Tudo isto para refletir uma campanha que vemos em alguns supermercados de Natal e que rendeu, em 2020, cerca de R$ 412,2 mil, uma média mensal em torno de R$ 30 mil.

É aquela campanha que ouvimos algumas vezes nos caixas e o convite a fazer uma doação dos centavos da conta, um arredondamento, poucas moedas que não pesariam para o consumidor. Além de um apelo impossível quase de negar: como não concordar em doar R$ 0,01 ou R$ 0,10 ou R$ 0,25 de uma conta que foi R$ 49,99, ou R$ 49,90 ou R$ 49,75, por exemplo? A soma, que se transforma em doação, é praticamente imperceptível para quem está na fila do caixa.

Como sou consumidor quase cativo do Nordestão é lá que algumas vezes fui convidado a fazer a doação do troco, das moedas. De forma muito educada, nada apelativa, nenhuma insistência  nem comentário adicional. Apenas a pergunta se não gostaria de fazer a doação dos centavos.

Não imaginava o tamanho da conta do resultado. Muito positiva, acho, considerado o custo (zero, na verdade) e a oportunidade.

2020, ano da crise

 

O ano passado foi de crise para todo mundo, inclusive para a campanha do troco. Em 2019 foram doados R$ 575,5 mil em dois supermercados. Em 2020, R$ 412,2 mil em quatro supermercados.

No Nordestão é o “Troco solidário Supermercado Nordestão”. Começou em 2019 e no ano passado acumulou R$ 276,5 mil em doações.

No Redemais é o “Troco amigo”. Começou em 2019 e no ano passado acumulou R$ 128,4 mil em doações.

Em 2020 entraram a Rede Show (em junho?), que arrecadou apenas R$ 0,6 mil em doações, e o Sacolão (em outubro?), que arrecadou cerca de R$ 6,6 mil em doações.

Difícil, sem conhecer a resposta de cada um, é entender a razão de diferença tão grande na hora de arrecadar. Seriam os gerentes das lojas do Nordestão mais dedicados ao assunto e os caixas mais treinados para esta ação social? Provavelmente sim.

Quantos doadores?

 

Não tenho esta resposta. Mas, são muitos!

Imaginando que tenham sido doações de troco, sempre abaixo de 1 real. Se cada um fez uma doação de 99 centavos, foram então 416.000 doações em 2020, mas se cada um se desapegou de uma moedinha de 25 centavos, então foi mais de um milhão e meio de doações! Muitas pessoas doando, muitas doações acontecendo, ainda que de baixo valor. Os R$ 412,2 mil no ano passado não resolvem problemas sociais definitivos e impactantes, exceto se você é um dos beneficiados.

Agradecimento

 

Falta algo nesta campanha do troco nos supermercados: agradecer aos doadores!! Não que a doação de 25 centavos possa ser objeto de uma campanha publicitária, mas o gesto de doar merece todo reconhecimento. Não vi supermercado expor o resultado da arrecadação, na loja ou na página interFalta algo nesta campanha do troco nos supermercados: agradecer aos doadores!! Não que a doação de 25 centavos possa ser objeto de uma campanha publicitária, mas o gesto de doar merece todo reconhecimento. Não vi supermercado expor o resultado da arrecadação, na loja ou na página internet.

Bastaria duas linhas: uma com o valor e outra com um obrigado. E talvez no rodapé do texto, um convite para que outros potiguares continuem com o tão importante gesto.net.

Bastaria duas linhas: uma com o valor e outra com um obrigado. E talvez no rodapé do texto, um convite para que outros potiguares continuem com o tão importante gesto.

Retomando logo mais

 Neste pré-feriado meu computador "resolveu" parar de funcionar corretamente.

Mas, logo mais, espero voltar normalidade. 

terça-feira, 20 de abril de 2021

Camanor, pode ser melhor

 

A Camanor publicou um resumo de seus resultados em 2020: poderia ter sido melhor. Os comentários de hoje são sobre este assunto.

R$ 5 milhões a menos

 

A Camanor é uma referência na carcinicultura potiguar, foi quem praticamente “iniciou” a produção de forma estruturada e baseada em estudos e acompanhamento da melhor variedade  para o nosso clima, além do acompanhamento biológico e na alimentação, das pós-larvas ao tamanho/peso ideal para comercialização.

Entre idas e vindas da empresa e de seu empresário, a Camanor começou formalmente em 1983 e já foi, senão a maior do Estado, a mais estruturada, até que os grandes do setor começassem a investir, incluindo com empresários de outras áreas que viram na exportação de camarão uma imperdível oportunidade de lucro. Os tempos são outros, criar camarão ainda pode/é rentável, mas não é mais como antigamente: as despescas nos tanques ocorriam quase sob encomenda e somente quando o importador pagava antecipado! Mercado garantido e preços vantajosos; entrou muita gente, a demanda internacional caiu, os custos amentaram e muita gente ficou no caminho. Alguns achavam que era um aquário gigante, bastava colocar água e a pós-larva e esperar os 90 dias. Não era bem assim, muitos se aventuraram literalmente.

A Camanor já investiu mais, já desinvestiu e recentemente fez uma parceria internacional.

Apesar da mudança, a crise da pandemia foi complicada para todos. Não seria tão diferente para a Camanor que faturou R$ 57 milhões em 2019, mas apenas R$ 52 milhões em 2020.

Um dos motivos seria, explica a empresa, queda de 26% no preço do camarão inteiro e 10% no preço do filé do camarão. Pode ser um dos motivos mas a empresa não comenta se houve perda de mercado, nacional e/ou internacional.

Parceria asiática

 

Em 2018 a Camanor vendeu 40% de sua participação para um grupo tailandês, um dos maiores no setor, a CPF Foods. O valor foi US 17,5 milhões. Imagino tenha sido uma pechincha para eles. A Camanor registrou R$ 152 milhões em ativos em 2020 para R$ 94 milhões em ativos imobilizados.

Além do capital novo, uma mudança também de nomes em cargos importantes da empresa. Agora, o Conselho de Administração tem metade dos seus representantes originários da Tailânida (Malásia?): Robins Pahhr Mcintosh Jr e Supanee Srisathitwat. Aliás, muito natural quando há compra de parte de empresa que o sócio novato ocupe posições estratégias para melhor acompanhar seus investimentos. Considerando a tecnologia tão comum hoje em dia, os dois estrangeiros participam das reuniões do Conselho, não se fazem – necessariamente – representar por nativos brasileiros.

Uma ajuda pessoal em 2001 para a Camanor

 

Já faz algum tempinho, foi em 2001 que a Camanor recebeu o prêmio “Destaque do comércio exterior” que foi concedido pelo então MDIC-Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Foi o primeiro ano de premiação e a Camanor foi um dos poucos prestigiados e reconhecidos por sua atuação.

Eu ajudei! Com muito orgulho! Naquela época fui consultado sobre a empresa e suas exportações de camarão, seu papel de liderança.  Confirmei todo o mérito, enaltecendo a capacidade empresarial. E assim, “validei” a escolha (obs: evidentemente que o mérito foi da empresa, não tive nenhum, mas tive o orgulho de participar e ratificar o merecido prêmio nacional. À época eu participava de várias atividades com o MDIC e fui um dos instrutores de comércio exterior).

Novos negócios

 

O proprietário e iniciador da Camanor, Werner Jost, tem vários outros projetos e investimentos do Estado. A Camanor é um deles, provavelmente um dos primeiros, tanto quanto seu laboratório de pós-larva em Barra do Cunhaú. Mas, acho que hoje outros investimentos são mais rentáveis. Crise ou não crise, faturamento em baixa, investidor estrangeiro em alta, a marca continuará no mercado por um bom tempo; bom!

segunda-feira, 19 de abril de 2021

Um novo aeroporto para o RN

 

A relicitação do aeroporto em SGA mudará muito o cenário existente? Os comentários de hoje são sobre este assunto.

Solicita e relicita

 

Tudo começou quando a atual concessionária do aeroporto em São Gonçalo do Amarante viu que a conta do lucro estava demorando demais para decolar. As despesas aterrissavam mais rapidamente do que as receitas alcançavam alguma altura capaz de fazer com que a empresa tivesse um bom resultado. Com desculpas aos mais formais pelos trocadilhos, não podia deixar de fazer esta semelhança que fugiu a todas as simulações que a empresa poderia ter feito. Ou, se realizou as simulações não previu algo, ainda que seja o imprevisível. Não foi fácil, desde o começo.

Não participei do voo inaugural. Aliás, lembra dele? O primeiro voo foi a chegada em SGA e algumas pessoas pegaram um voo saindo do antigo aeroporto e foram até São Paulo para poder fazer a viagem inaugural e poder afirmar que estavam no primeiro voo! A divulgação desta primazia foi curta, a mídia não espalhou muito o assunto e acho que hoje caiu no esquecimento: quem teriam sido os pioneiros...?

Será que tinha alguém da atual concessionária?

Provavelmente sim, e esta data ficará marcada tal como ficou a data em que venceram o leilão, em que lançaram a pedra fundamental e, muito certamente, ficará marcada a data em que se livrarão do abacaxi. Infelizmente – e digo isto pensando que todo investimento nasce com a promessa e expectativa de lucro e que quando não dá certo, nunca é bom pensar no prejuízo que alguns sofrerão -, foram anos de gestão no vermelho. Azul mesmo ficou apenas o céu que cobre o aeroporto, as contas nunca fecharam. Houve alguns fatores externos: redução na taxa de embarque, crise econômica em 2015 e agora o efeito Covid, para citar os mais graves. Mas, eventualmente deve ter ocorrido mais algum outro fator próprio ao tipo de investimento e ao modelo de gestão. Não sei, acho não saberemos todos os detalhes.

Quando tudo começou

 

Acho que tudo começou em alguns aspectos do projeto em si. Sempre achei exagerada a quantidade de decoração (palmeiras e jarros, por exemplo) que embora não represente o principal valor, vai somando na conta. Não posso me esquecer do custo das lojas e da constante reclamação do preço do aluguel que parecia insistir tentar ganhar muito em um mês mesmo se durante vários não se ganhava nada... muitas lojas fechadas por muito tempo, receita em baixa. O custo de energia devia ser algo absurdo, toda a parte interna com várias luzes acesas e nenhum interruptor para desligar a iluminação dos locais que não havia ninguém. E, não sei qual motivo, nunca pensaram em energia solar! Em um tempo questionei se não seria melhor investir em placas fotovoltaicas do que tentar junto ao Governo com improvável redução do ICMS sobre a energia que pagavam...

Acho que o sinal de que a gestão financeira não fechava as contas foi o estacionamento. O que deveria ser uma receita acessória, complementar, passou a ser algo importante e os rápidos e sucessivos aumentos de preço logo no começo mostravam uma lógica ilógica: parecia que a empresa esperava ganhar mais dinheiro com os carros estacionados do que com os aviões que pousavam-decolavam. Estranho...

Outra dúvida que nunca entendi: como uma área tão nobre demorou para ter alguma ocupação? Posto de gasolina e estacionamento na área de acesso demoraram anos para se instalarem. Será que foi a mesma política da tarifa elevada do aluguel das lojas? Anos sem receita adicional com o arrendamento destas áreas.

O novo aeroporto do RN

 

Talvez apareça um “céu de brigadeiro” nas contas da nova empresa, torcendo para que o resultado da relicitação seja favorável e tenhamos um empreendimento mais rentável.

Minha expectativa é que tenhamos um novo aeroporto no RN. Um “mais do mesmo” mas, melhor!

sábado, 17 de abril de 2021

Doze (12)

 12 anos seria o prazo de imunização para a nova vacina prometida, a Versamune: “A Versamune tem a capacidade de ativar todo o sistema imunológico que impede não só a entrada do SARS-CoV-2 para dentro das células como também matam as células já infectadas. Acreditamos que o imunizante gere uma memória imunológica de até 12 anos”, segundo o professor do Departamento de Bioquímica e Imunologia da FMRP Celio Lopes Silva (citação extraída do AgoraRN). Quando chegará ao Brasil? E quando chegará ao RN??

 

Onze (11)

 

11 meses é o acréscimo no prazo de carência para começar a pagar o empréstimo do Pronampe, via Caixa. Para algumas atividades no RN, mais prejudicadas com as restrições em virtude da pandemia, pode ser uma solução, sem esquecer que isto significará que, quando começar a pagar, as parcelas estarão com valor maior. Decisão difícil para alguns, mais fácil para outros.... por falta de opção.

Dez (10)

 

10 centavos é a diferença máxima nos postos para o preço da gasolina em Natal, segundo pesquisa desta semana. Parece um valor muito baixo, R$ 0,10 mas, se você consome 40 litros por semana (um tanque, quase), seria em torno de R$ 200/ano. Em tempos de crise e de combustível caro, não faz mal economizar este valor.

sexta-feira, 16 de abril de 2021

Barreira do inferno

 

E a chamada “Barreira do inferno”, como anda? Os comentários de hoje são sobre este assunto.

Novidades

 

Mais do que uma afirmativa no título, seria uma dúvida ou mesmo uma curiosidade. Há novidades? Estou, acho, desatualizado sobre as ações ali desenvolvidas e também sobre os novos (e até mesmo os velhos) projetos em andamento. Não me recordo de ter lido algo mais recentemente sobre aquela área nobre da Capital; talvez esteja acontecendo muita coisa que não esteja sendo divulgada ou simplesmente, estou desatualizado.

Não impede, no entanto, de fazer alguns comentários sobre a realidade atual e o que poderia ser a realidade futura.

Começando pela atualidade, apesar de estar no limite da Capital, tenho sensação de que é pouco integrada ao contexto local e até mesmo ao contexto estadual. É bem verdade que a política espacial é nacional e não conta, necessariamente, com componentes locais ou estaduais na definição de seus orçamentos tanto quanto de suas estratégias. Mas isto não afasta a percepção quanto à localização. A Barreira não é virtual, e embora não saibamos exatamente o que acontece ali (por questões, algumas vezes, de segurança), ela é bem real e está situada em um bairro, uma cidade onde pessoas circulam, a economia gira e os funcionários interagem, gostando ou não. Não há como dissociar qualquer projeto com tamanha dimensão... espacial – no sentido do espaço terrestre, imobiliário – de uma integração maior. Em alguns lugares do mundo há exemplos de isolamentos quase totais e os casos mais clássicos são as bases militares norte-americanas na Alemanha que reproduzem o modo de vida do país ocupante com suas ruas, arquiteturas, comércios etc ao modo local, mas em referência ao modo local originário, ou seja, um pedaço dos Estados Unidos. São poucas estas exceções no mundo em que o isolamento é quase integral.

Na contextualização de uma geografia espacial (novamente, no conceito terrestre) mais modernizante as interações são mais efetivas. Aqui, aparentemente, pouco se conhece sobre esta participação. Não me recordo, por exemplo, de estudos dos cursos de Geografia ou de Antropologia sobre o tema. Há uma barreira que os distancia da Barreira?

Novidades do futuro

 

Não tenho este predicado ou dom de prever ou antecipar o futuro. Nem tenho hábito de consultar o horóscopo ocidental ou chinês para saber qual o signo da Barreira do Inferno e conhecer as previsões mensais daquele ente.

Mas, tenho uma expectativa ou um simples chute, e preferir: na próxima década novas tecnologias surgirão e pode ser que o espaço não seja mais propício para o lançamento de sondas, perdendo assim sua finalidade principal. E, muito provavelmente, toda aquela área deixará de ser tão importante por questões de segurança, inclusive e principalmente física, pois quando havia lançamento de sonda era necessário uma grande distância de habitações em caso de algum acidente.

E se...

 

E se isto ocorrer, será a nova área de expansão urbana, o novo eldorado dos investidores imobiliários, da especulação imobiliária e uma excelente fonte de renda para os corretores de imóveis.

E se... esta previsão estiver correta, quem sabe posso já pensar em comprar um apartamento com vista para o mar, com direito a varanda, dois armadores e uma confortável rede para eu aproveitar o excesso de tempo livre na minha aposentadoria... Considerando que tenho pelo menos uma década antes de me aposentar, pode ser que o calendário coincida!

Mas, se... coincidir este calendário (e também, claro, a conta bancária) há uma outra regra, indispensável: mudar o nome! Nada de “inferno” nem de “barreira” mas, talvez, um planalto para as nuvens.

Obs: mas acho que até lá o nome mudará.

quinta-feira, 15 de abril de 2021

Mudas crioulas, uma política pública

 

A Lei 10.852, de 2011, criou a “Política Estadual de Sementes de Cultivares e Mudas Crioulas” no RN, tradição e tecnologia juntas. Os comentários de hoje são sobre este assunto.

Uma nova política

 

A Lei 10.852/2011 que criou a “Política Estadual de Sementes de Cultivares e Mudas Crioulas” no RN tem um nobre propósito já a partir da área de atuação, a agricultura e, mais especialmente neste caso, a agricultura familiar. Não há, entendo assim, necessidade de se travar um debate entre agricultura familiar e agronegócio, não são opções antagônicas e não cabe um “ou” entre elas; na verdade, cabe um “e”, todos os estados e países podem muito bem conviver com as duas propostas. Algumas vezes esta duplicidade de agricultura ocorre em grandes centros urbanos que são abastecidos pelas grandes empresas do agronegócio como também pela pequena produção local, de vizinhança e até mesmo, em alguns casos, em hortas comunitárias em espaços perdidos (abandonados?) entre grandes prédios e conjuntos habitacionais.

Não é incomum encontrar esta proposta em grandes centros urbanos globais, sem mencionar ainda o crescente apelo ideológico pela produção local como uma possível alternativa para produto mais saudáveis sem o excessivo uso de agrotóxicos (as consequências desta micro produção podem ter seu aspecto negativo, isto, infelizmente, nunca é lembrado! Mas, é tema de outro assunto, para outro dia).

Esta pequena produção ainda tem a mesma base da grande produção: as sementes são, geralmente, de empresas tradicionais que atuam com melhoramento genético até para poder garantir ao consumidor que ele terá a certeza de sua colheita; curiosamente, para produzir em pequena escala utiliza-se da capacidade das empresas de grande escala.

Não é o caso desta nova política estadual.

Uma ideia

 

A nova Lei traz uma outra ideia quando se refere à sua implementação; uma delas é a de “II - realizar parcerias com entidades públicas e privadas para resgate, seleção e caracterização cultural e científica das sementes de cultivares locais, mudas de interesse das famílias agricultoras”, atribuída ao poder público, como está na legislação ou seja, em tese, governo estadual e seus municípios.

Quando observa-se a menção ao aspecto cultural é o efetivo resgate da tradição nordestina de quem sobreviveu por décadas e décadas em produção de mera subsistência, por absoluta falta de opção econômico-produtiva tanto quanto por políticas públicas de apoio àqueles que moram em fazendas, sítios etc em áreas isoladas geograficamente da cidade e isoladas social, econômica e tecnologicamente das possibilidades de vida melhor. Plantava-se com base no conhecimento empírico, enriquecido das experiências familiares e do aprendizado na mais tradicional proposta de erro-acerto. Muitos sobreviveram, outros tantos, não.

Resgatar esta cultura agrícola não é resgatar o aspecto cultural da agricultura de subsistência, mas é resgatar o conhecimento agrícola para que possa continuar ativo e produzido resultados embora, desta vez, mais eficientes e duradouros e com mais acertos do que erros.

Desta vez, com um diferencial. Um importante diferencial

Cultura tecnológica

 

No mesmo artigo que disciplinou as propostas para implementação da política estadual, que já mencionava a “caracterização cultural e científica de sementes”, também determina que o poder público (prefiro a ideia de poderes públicos apenas para ficar mais explícito) deve “realizar estudos e pesquisas para monitorar a contaminação das sementes crioulas por genes transgênicos, adotando iniciativas para proteção das sementes crioulas frente à contaminação através dos referidos genes transgênicos”. Embora a primeira leitura possa parecer a ideia de combate ao mundo dos transgênicos, prefiro a leitura de que a tradição desta cultura agrícola deve ser preservada com utilização de toda a tecnologia possível (daí os “estudos e pesquisas”) mas para preservar as técnicas tradicionais de sucesso. Se houver predominância de produção de domínio tecnológico para poucos, a política estadual, de preservação, perderia seu sentido.

A cultura tecnológica é fundamental. Neste caso em particular, para que a tecnologia garanta a cultura, não o contrário.

quarta-feira, 14 de abril de 2021

Pipa acreditando

Novos investimentos imobiliários estão sendo programados em Pipa. Aposta ousada ou confiança na retomada da participação dos investidores? Os comentários de hoje são sobre este assunto.


Novos investimentos

A crise é global. Parece repetição da frase de 2008 quando também em pleno efeito da crise internacional ninguém sabia exatamente quando tudo acabaria e quando seria o fundo do poço. Muitos prognósticos, muitas avaliações, muitos chutes também e, como sempre, alguma dose de ousadia com apostas mais arriscadas da retomada; algumas destas apostas tornaram-se, quando tudo se acalmou, em valorização de seus propositores que conseguiram "antecipar" os resultados. Como em todas as apostas, invenções e inovações, alguns ficam no meio do caminho e outros conseguem ter um resultado melhor.

É assim que funciona.

E não seria diferente para os investimentos imobiliários no RN, em especial em Pipa.

Neste ano já há pelo menos 2 projetos formais de investimentos naquela idílica (sim, ainda continua) praia.


Um de quase aqui, outro de acolá

Um dos investimentos é de uma empresa paraibana, capital social de R$ 4.000.000,00, que se lança na construção de um empreendimento com 18 unidades habitacionais em um dos locais privilegiados, a av. Baia dos Golfinhos. Não tenho informações do valor do investimento nem da localização exata (mais perto ou muito longe do centro) mas, 18 unidades exigem algum capital e trará empregos para a cidade.

O outro é um empreendimento daqui e de acolá. Explico: dois italianos com dois brasileiros em uma empresa com sede em Pipa, na praia do Amor e com capital social de R$ 800.000,00 já receberam autorização do Idema para início das obras de um condomínio residencial que será construído na praia do Amor. Também não tenho a informação da quantidade do investimento.


Pipa, quantas décadas?

É importante ver esta dinâmica que lembra anos, melhor, décadas passadas. No final do século passado houve muito investimento em Tibau do Sul, Pipa virou centro de todas as atenções.

E rapidamente aconteceu o que agora, em uma escala muito reduzida, estamos vendo novamente: capital de fora sendo aplicado naquela localidade, desta vez paraibano e italiano. É bem verdade que na época o que mais chamava a atenção era o capita estrangeiro, tanto aquele trazido por investidores empresariais quanto por 1, 2, 3 pessoas que se reuniam para fazer um pequeno investimento. O Euro, na época, ajudou um pouco.

Agora, com o Euro tão distante para os brasileiros quanto uma viagem a Paris (principalmente depois da notícia de ontem do bloqueio dos voos), para quem está por lá, investir aqui ficou mais fácil, apesar de todos os riscos. Os europeus que recebem em Euro ficaram, em relação a nós, brasileiros, quase 100% mais rico apenas com a variação cambial: não precisaram fazer nenhum esforço, nenhum trabalho extra, nós fizemos isto para e por eles; simples assim....

Imaginar que tudo voltará ao período de décadas atrás apenas em função destes dois empreendimentos é ter muita criatividade. Não é o caso, é apenas o registro de quem alguém continua apostando suas fichas em novos projetos. Tomara continue assim.


terça-feira, 13 de abril de 2021

Aldir Blanc

A cultura (e a economia criativa) foram bastante beneficiadas com a chamada Lei Aldir Blanc. No RN não foi diferente. E após? Os comentários de hoje são sobre este assunto.


Uma pandemia, uma lei

Infelizmente foi a pandemia que trouxe recursos públicos adicionais para o setor cultural, em todas as suas expressões. Digo infelizmente não pelo resultado, claro, mas pela causa, a dificuldade que todo os ativistas culturais estão passando já há mais de um ano. O problema é amplo, atingiu muita gente em todos os setores, não somente da produção cultural, mas todos aqueles que dependem da expressão artística para continuar com seus trabalhos, de produtores a prestadores de serviços de montagem de estrutura, iluminação etc, sem esquecer aqueles menos lembrados, os seguranças, os motoristas, as lojas de roupas, os salões de beleza e muito mais.

Foi então que surgiu a Lei Aldir Blanc com recursos públicos. Para todas as cidades e estados. E quase para todos.

Uma ótima iniciativa que tirou do prejuízo grande muita gente, mesmo se não resolveu o problema estrutural – e este também não foi o propósito. Um paliativo, pode até ser chamado assim, mas de grande benefício.

Muita coisa foi feita com estes recursos e bastava ver as redes sociais e os editais para perceber que as possibilidades de inclusão eram quase infinitas. Cada estado e cada cidade tiveram sua liberdade.


Muitas opções. Mesmo

E o que vimos foi muitas opções, cada gestor definiu suas políticas públicas em função das prioridades como também em função da realidade de cada cidade. Nem todas as cidades do RN têm a mesma demanda nem o mesmo perfil. Um mero exemplo, meramente ilustrativo mesmo, é  o teatro: quantas cidades tem grupos teatrais? Embora os teatros estivessem também com restrições, nunca se veiculou tanta coisa pela internet, as chamadas "laives" (ou lives, se você preferir) podiam muito bem contemplar os grupos teatrais e transformar o palco em um espaço doméstico e as poltronas em cadeiras em frente ao computador ou em sofás com os celulares à mão.

Aqui em Natal já mencionei o apoio aos grafiteiros. Muitos apoios e valores expressivos.

Mas, vi outras opções bem diversificadas no RN. Uma delas talvez tenha sido a mais original: em um edital contemplava a possibilidade de concorrer ao patrocínio para... bolos decorados! Sem qualquer preconceito, deve ser uma realidade bem local, deve ter muitas e muitos  confeiteiros na cidade a ponto de criar este item de apoio cultural.

Fiquei mais curioso com o resultado, afinal todo mundo deve comprovar que recebeu os recursos e aplicou como previsto. Para os bolos, foi somente a foto ou teve degustação? Pública, claro!!


E depois

E depois de tudo isto, que ficou como resultado cultural? Muita coisa, certamente. Não coloco em dúvida nem o auxílio nem mesmo o resultado mas acho que poderia ter tido um complemento – nacional – nesta política pública de apoio cultural. Algo simples e ao mesmo tempo obrigatório.

E isto seria a construção do acervo. Não um acervo da pandemia, mas um acervo da qualidade artístico-cultural. Quem está catalogando tudo isto, cidade por cidade? Uma prestação de contas que iria além do aspecto financeiro, seriam outros aspectos na hora de contar, aquele de sair contando para todos o que houve e o que foi feito.

Para colocar onde? Ora, claro, seguindo a realidade real e virtual, em um "museu on line".


segunda-feira, 12 de abril de 2021

Mangue Seco 1 em processo

 

A eólica Mangue Seco 1 voltou ao noticiário esta semana com a conclusão do processo de venda da participação da Petrobras. Enquanto isto, outros processos aparecem anualmente, no balanço. Os comentários de hoje são sobre este assunto.

Mangue Seco 1, as notícias

 

A Mangue Seco 1 apresentou seu balanço do ano de 2020 quando a Petrobras ainda detinha 49% do investimento, em parceria com a francesa Vinci (que entrou no noticiário como protagonista semana passada ao arrematar, em leilões do Governo Federal, a gestão de novo aeroporto, um mega investimento para uma empresa que está ampliando seus negócios no Brasil). A venda dos 49% rendeu, em valores líquidos, R$ 44 milhões para o caixa da estatal nacional, encerrando um processo que foi anunciado formalmente em 4 de maio de 2020 e que teve o contrato de venda assinado em 7 de janeiro deste ano. Nestes quase 4 meses do ano houve ainda necessidade de aprovação do negócio pelas autoridades econômicas como também pelo Banco do Nordeste, que destinou recursos para a Região neste mega projeto. Tudo acordado e assinado, a Mangue Seco 1 não tem mais nenhuma relação formal com a Petrobrás. Agora, “oui”, nós temos investimento 100% francês no RN.

Estas notícias são importantes, mas não são o objeto do comentário aqui. Uma outra informação, também da semana passada, e muito importante também, foi a publicação do balanço contábil de 2020.