A Zona do Euro entrou, tecnicamente,
em recessão. Já temos, nós, aqui, muitos problemas econômicos para prestar
atenção e agora, mais este? Sim, pois poderá afetar nosso agronegócio
exportador. Os comentários de hoje são sobre este assunto.
A Zona do Euro entrou, tecnicamente,
em recessão. Já temos, nós, aqui, muitos problemas econômicos para prestar
atenção e agora, mais este? Sim, pois poderá afetar nosso agronegócio
exportador. Os comentários de hoje são sobre este assunto.
O PIB da Zona do Euro caiu 0,6% no primeiro trimestre,
configurando uma recessão de ordem técnica nos países que adotam a moeda única.
Este resultado poderia ser uma consequência do atraso no ritmo de vacinação principalmente
se comparado ao dos Estados Unidos e da China que continuam a liderar a
expectativa de crescimento mundial; vale lembrar que estes dois países
representam, salvo engano, mais de 1/3 das exportações globais.
Aqui no RN temos também que ficar atentos ao que acontece na
economia daquela região sobretudo para os produtores e exportadores de frutas
frescas. A crise europeia poderá afetar também aa exportações de outros
produtos nossos, mas o risco maior está no agronegócio visto que depois de
plantadas as frutas, não há como efetuar uma colheita destinada ao
armazenamento: o consumo deve ser imediato ou o resultado da produção é absolutamente
irrecuperável.
A produção de melão e melancia, as maiores frutas exportadas para
aquele Continente, é sempre decidida em parceria com os compradores afinal, não
há como arriscar em produzir para depois buscar o comprador. Quando inicia-se a
área plantada já está (com a devida margem de erro) assegurada boa parte da
venda. A mudança de cenário na Europa e o anúncio formal da recessão técnica
tem um efeito imediato, o de deixar os investidores mais receosos quanto às
decisões e a tentativa de deixar a tomada de decisões para mais tarde. O problema
é que para a natureza não há como adiantar ou avançar o clima, há uma “data”
para começar a plantar melão e se, ultrapassada, poderá faltar produto no
mercado.
O ciclo de produção do melão é relativamente curto, cerca de 90
dias. Isto significa que entre o plantio e a colheita você deve ser capaz de
antecipar a demanda com uma média de 3 meses. Mas, não basta apenas este prazo
visto que é necessário ter os insumos disponíveis no tempo certo e ter todo o
material de embalagem em estoque, sem esquecer de reservar os conteiners e os
espaços nos navios, agendando o frete com a melhor antecedência possível para
ter o melhor preço (observado ainda que em alguns casos há penalidade forte
para quem agenda o frete e não confirma a carga na data certa).
A safra do melão, na exportação, vai de agosto-setembro até
março-abril, normalmente.
Fazendo as contas do tempo, para começar a exportar em agosto o
plantio deve começar em junho, ou seja, em cerca de 30 dias. Isto significa que
na data atual os produtores já devem estar com contratos confirmados de entrega
de adubos e caixas de papelão, além de outros insumos, sem esquecer o estoque
de sementes.
A dúvida é quanto plantar? Começar timidamente ou apostar que o
reinício da circulação e abertura de bares-restaurantes significará um aumento
de consumo em alimentos?
Se havia dúvidas em relação ao início efetivo da preparação da
primeira parte da safra 2021-22, agora podem aumentar ainda mais com a notícia
da recessão
A Expofruit, a maior feira de fruticultura do Nordeste, esteve
prevista para abril mas teve que ser cancelada e transferida para o final do
ano. Com todas as facilidades da comunicação virtual, os encontros de negócios
presenciais ainda geram resultados efetivos e a oportunidade de discutir
presencialmente, compradores e vendedores, ajudaria na tomada de decisões.
Fora da Europa nossas frutas frescas encontram mercados menos
valiosos. Já foram várias tentativas e uma delas que mostrou sucesso, ainda que
no Continente, na fora da Zona do Euro, foram as exportações de manga para a
Rússia. Já exportamos banana para a Argentina, mas esta fase já passou.
O melão para a China não mudou, por enquanto o cenário potiguar.
A vantagem é que com ou sem recessão, no preço que está o Euro o doce
lucro dos nossos exportadores estaria assegurado. Espero que sim.
A Itapemirim vai começar a operar
comercialmente seus voos. Por enquanto Natal está fora do roteiro. Até quando? Os
comentários de hoje são sobre este assunto.
A Itapemirim Transportes Aéreos recebeu a autorização da Anac para
voar comercialmente no Brasil depois de um rápido processo de avaliação e de
validação das condições técnicas e comerciais. O nome e o peso da família devem
ter ajudado na preparação do projeto e o capital investido é uma aposta para o
grupo empresarial – e familiar – que vem atravessando algumas dificuldades com
os serviços que ficou bastante conhecido em todo o Brasil, as viagens de
ônibus. Nos tempos em que viajar de avião era um luxo e as viagens
internacionais ganhavam notas nos jornais (muito antes das fotos nas filas de
embarque no Orkut, depois Facebook, em seguida Instagram e agora TikTok), a
Itapemirim era a grande marca empresarial de quem pretendia andar por este
País, principalmente em viagens por razões familiares ou a turismo.
Não faz muito tempo outra família saiu do transporte por ônibus e
foi buscar nas viagens de avião sua reinvenção. Foi assim que surgiu a Gol, uma
referência valorizada por todos por suas inovações e, muitas vezes, pela
rentabilidade com as economias que promovia. Assisti palestra de um
vice-presidente que dizia que o simples fato de não distribuir jornais
gratuitamente já permitiu lucro operacional no primeiro ano da empresa.
Hoje o desafio se repete.
Com uma diferença para o RN: não estamos na lista dos destinos da
Itapemirim. Quando chegaremos lá?
É assim que aprendemos duas lições nas declarações da empresa: não
fazemos parte dos melhores destinos, como explicitamente indicado e, como implicitamente
pode-se concluir, se continuarmos sem o turismo-turista, vamos ter que esperar
bastante.
Aqui no Nordeste a melhor rentabilidade foi estabelecida para
Recife, Porto Seguro e Salvador. Onde está Fortaleza? Claro, a cidade continua
por lá... mas não deve ter entrado nesta lista, acredito eu, para não bater de
frente com um mercado mais distante, melhor ficar mais concentrado
geograficamente.
Natal não é um grande destino para a aviação, parece. Há dois
grupos principais de passageiros, os turistas e os que viajam a negócios. Nesta
segunda categoria temos reconhecer que não há uma forte demanda, basta ver que
durante a pandemia houve uma forte redução de voos. Já o turismo, somos relativamente
fortes como destino mas, com as restrições sanitárias muita gente deixou de
viajar. E nós perdemos bastante, sem prazo para retomar a alguma normalidade (a
expectativa está mesmo para o final do ano, todo o setor apostando que no verão
tudo esteja bem melhor).
A partir de junho, você encontrará uma nova identificação no
painel de decolagem-aterrisagem. Mas somente se você estiver em algum dos aeroportos
mencionados.
O Governo confirmou a relicitação para o aeroporto em São Gonçalo
do Amarante na busca de um novo investidor que assuma o prejuízo e conserte os
erros da concessionária atual. Provavelmente o leilão será no último
quadrimestre do ano; é uma previsão, a data ainda não está marcada.
Também não está marcada data para o primeiro voo da Itapemirim no
nosso aeroporto; não temos nem mesmo uma previsão.
Quem chegará primeiro?
O novo dono do Aeroporto?
O novo avião da Itapemirim?
Para quem gosta de apostas, fica a sugestão. Vale até fazer um
bolão.
Se fosse em algum cassino de Monte Carlo, alguém diria “rien ne va
plus” (algo como “as apostas estão encerradas”). Mas, aqui, as apostas ainda
não estão encerradas, na verdade nem começaram.
Eu acho que o que veremos primeiro é o novo................
16 horas em jejum é a ideia seguida por Walcyr Carrasco, como
declarou na Veja desta semana, afirmando que o jejum está na moda: “Finalmente,
encontrei uma endocrinologista magra e linda. Óbvio, voltei para casa com as
normas do jejum radicalizadas. Na primeira fase, eram catorze horas. Agora, no
mínimo dezesseis.” Em breve será moda aqui também no nosso RN?
17 dias de internação por causa do Covid-19 foi o drama do
ex-jogador da seleção brasileira de futebol Branco que, como afirmou em
depoimento para a Veja desta semana, “ainda tenho muito que viver”. Ontem a
Tribuna do Norte noticiou outro drama no Estado, um paciente que ficou 70 dias
hospitalizado em situação grave.
18 meses para a próxima eleição e escolha para os cargos de
Governador, Senador e Deputados Federais e Estaduais e as articulações devem
começar a se intensificar ainda mais, principalmente com a campanha de
vacinação aumentando o resultado pretendido e as reuniões e encontros políticos
presenciais liberados, sem a preocupação de uma conversa virtual gravada e
colocada nas redes.
Continuando a série dos números, hoje serão informações com base
nos números 16, 17 e 18.
A Bonor já foi um ícone da indústria potiguar, maior fabricante (e
única?) de botões no Estado. Atualmente, a realidade é diferente. Os comentários de hoje são sobre este
assunto.
A Bonor já foi um ícone da indústria potiguar. Entre as diferentes
denominações da empresa (com seus CNPJ) além da também indústria Fane (do mesmo
grupo de proprietários), já foi motivo de ilustre apresentação da capacidade
empreendedora local que ousou produzir para abastecer o mercado local tanto
quanto o mercado nacional e, durante anos, foi exportadora.
Nos anos 1980-90, quando o setor têxtil estava bem representado no
Estado (Soriedem, Guararapes, T Barreto etc) e quando produzíamos quase 10% de
todas as camisas sociais masculinas do Brasil, o botão tinha vários
consumidores a apenas algumas centenas de metros da fábrica, alguns poucos
quilômetros. Com a queda da produção e a crise econômica nacional, a Bonor teve
que direcionar sua produção para outro público, no Centro-Sul; os custos e a concorrência
aumentaram.
Mas, quando o mercado abriu para a importação de camisas da China,
a crise foi maior ainda afinal, uma camisa pronta não precisa mais de botões,
já vem completa: cada camisa importada era uma queda na demanda interna por
botões.
A Bonor, que sempre teve em um de suas características
sensacionais a diversidade de botões, em formas e materiais, seguiu para o
mercado externo e durante alguns anos conseguiu uma nova opção de vendas. Um
pequeno parêntesis: ainda hoje o catálogo de botões mostra a criatividade e
riqueza da linha de produção da empresa, vale a pena consultar a página da
Bonor na internet.
Mas, recentemente, a situação mudou. Bastante.
A primeira mudança (um pouco mais antiga) talvez tenha sido a
desativação de sua unidade industrial na divisa Natal-Parnamirim onde hoje
funciona um condomínio residencial, na rua da entrada do cemitério Morada da
Paz, e que talvez, pela dimensão do terreno, também tenha parte da atual
unidade de atacarejo do Nordestão. Não sei a localização é rigorosamente esta,
mas os galpões eram ali, bem no alto, na curva, via-se de longe.
Mantiveram-se em Parnamirim, mas em outro local, na direção de onde
já foi a unidade da Coca-Cola. Acredito que a mudança tenha sido uma
estruturação para a capitalização da empresa, a venda de uma área nobre que
permitia um fôlego: o patrimônio imobiliário contribuindo para a manutenção do
patrimônio industrial.
A Bonor passou a ter mais de uma denominação, apesar de manter o
nome Bonor, com 2 CNPJ próprios:
- Bonor Indústria de Botões do Nordeste S/A, com 3 unidades, 2 em Parnamirim
e 1 em São Paulo; e
- Bonor Industrial S/A, com 2 unidades, 1 em Parnamirim e 1 em São
Paulo.
Ao grupo devemos acrescentar a Fane, que acho tem apenas uma
unidade (em Parnamirim?).
A primeira Bonor conta, portanto, com 1 matriz e duas filiais e a
segunda Bonor, com 1 matriz e 1 filial.
Esta reestruturação atendeu à uma estratégia interna da empresa.
Atualmente, portanto, seriam 6 unidades industriais da família da Bonor. Um
crescimento.
Infelizmente, apesar de toda diversificação, incluindo de suas
unidades industriais, ainda que algumas delas são vizinhas em uma mesma área em
Parnamirim, as duas empresas matrizes encontram em recuperação judicial, como
indicado por seus proprietários quando da divulgação dos balanços referentes ao
ano 2020.
Em 2016 houve o pedido de recuperação judicial e, em fevereiro de
2021 foi aprovado o Plano de recuperação judicial, um solução jurídica que
garante um grande fôlego para a empresa.
O outro fôlego extra foi também recente com a mudança do Proedi
que ampliou o benefício para as empresas do setor têxtil e, desde ano passado
são 3 as unidades da Bonor que gozam de incentivo de 95% do ICMS. Ajuda, e
muito!
A Bonor Indústria de Botões do Nordeste S/A declarou uma receita
bruta de vendas de R$ 23,0 milhões em 2020, contra R$ 31,0 milhões em 2019. O prejuízo
em 2020 foi de R$ 3,0 milhões, contra R$ 2,4 milhões em 2019.
Já a Bonor Industrial S/A declarou uma receita bruta de vendas de
R$ 14,8 milhões em 2020, contra R$ 22,8 milhões em 2019. Uma diferença
importante é que desta vez houve registro de lucro, da ordem de R$ 1,6 milhão
em 2020 contra R$ 1,1 milhão em 2019.
Um dado curioso no balanço é a informação do patrimônio “imobilizado
em terrenos”: R$ 28,2 milhões e R$ 0,6 milhão, respectivamente. Os valores
referem-se à cada matriz e suas filiais.
Particularmente fico na torcida que consigam melhorar a situação
das empresas, ainda agravada pelo período da pandemia em que o consumo caiu
bastante. É mais um impacto negativo para o grupo Bonor, mais um desafio para
enfrentar. Eventualmente, com o plano de recuperação judicial aprovado talvez
ficará mais fácil para administrar o fluxo de caixa e, eventualmente, adotar
uma decisão sobre o patrimônio imobiliário, uma forma de reduzir a dívida e
atrair mais capital, principalmente, de giro.
Em 1966 a empresa começou a produzir botões e já inovava com a utilização
de máquinas automáticas. Passado mais de meio século, novas soluções se impõem.
Neste ano a maior feira de
artesanato do RN teve duas mudanças: será em maio e será virtual. Os
comentários de hoje são sobre este assunto.
A Fiart, a feira de artesanato, já foi uma feira com público maior
de potiguares, um evento que divulgava a produção estadual e que era um local
até mesmo de passeio, muita gente ia para ver as novidades e algumas
apresentações culturais e com pouca ou nenhuma intenção de comprar artesanato.
Era um evento, não necessariamente um evento comercial. Antes que alguém veja
uma crítica, é algo comum em várias cidades e países, os eventos atraem
públicos distintos do esperado e vai muita gente mais – mesmo – para passear.
Quem conhece o mundo dos eventos já viu que alguns limitam o acesso ao público
profissional ou cobram uma entrada com preço bem alto para evitar multidões
passeando nos corredores em busca de brindes.
Retornando à Fiart. A feira virou um grande evento com foco no
turismo. Ou ampliou seu perfil e direcionou sua mídia para as chamadas empresas
de receptivo e os hotéis e pousadas. E deu certo, muito certo mesmo. Quando
tinha a Fiart as filas de carros e a multidão que circulava no Centro de
Convenções impressionavam.
Entrou no calendário oficial e atraia muito o interesse também de
expositores. Uma ideia simples (sem demérito algum) que foi se aperfeiçoando e
se profissionalizando. Uma ideia que movimentava bem a economia no Estado.
2021 não teremos a Fiart no seu formato tradicional, no mês de
janeiro, e com foco nos turistas. A pandemia, claro, não permite um evento do
porte usual e não temos mais a mesma quantidade de turistas no Estado, nem
agora nem durante a alta estação. Fazê-la em janeiro havia o risco da
não-autorização pela restrição legal de eventos presenciais, como talvez não
tivesse público suficiente para bancar os custos; seria um risco e poderia
queimar a imagem do grande evento.
Mas, teremos a Fiart 2021. Desta vez, virtual e no mês de maio.
A inovação, de ser virtual, tem suas facilidades: a logística é
muito mais simples, os erros podem ser corrigidos imediatamente e não há
limitação de espaço, cabe todo mundo; e para quem perdeu uma apresentação
cultural “ao vivo” terá sempre a oportunidade de ver e rever a gravação.
Mas, tem seus desafios: a divulgação é uma delas, mas bastante
natural em todos os eventos, fazer com que o público saiba de sua existência, presencial
ou virtual, é o dilema de todo mundo que organiza eventos.
Os desafios mais graves, no entanto são o evitar o chamado
canibalismo e o velório.
Não se trata, obviamente, de desejar que algo dê errado com a
Fiart, mas de perspectivas que são naturais quando há mudança estrutural de um
evento. O canibalismo, na gestão de produtos, é quando você lança um produto que
afeta o consumo de outro; o exemplo mais clássico é o da empresa que lança um
pote de iogurte de um litro que acaba tendo tanto sucesso que diminui
consideravelmente a venda do mesmo iogurte nos potes de150, 200, 250ml e a
empresa, por conta dos custos, é obrigado a sacrificar uma das linhas de
produção. O velório é quando a ideia paliativa ou a alternativa tem tanto
sucesso que acaba superando o que existia e o passado perde sua consistência;
um exemplo clássico é a casa de show especializada em, digamos, rock e que um
dia coloca um show de música brega que faz tanto sucesso, mas tanto sucesso,
que passa a ter somente músicas bregas...
Torço pelo sucesso da edição virtual da Fiart! E gostaria de
sugerir, desde já, que a Fiart aconteça duas vezes em 2022: em janeiro, no
modelo tradicional, e em julho (tem mais chuva...), no formato virtual!
Antigamente era bastante comum andar nas praias e pisar em piche. Hoje,
encontramos lixo e objetos esquisitos. Evoluímos? Os comentários de hoje são sobre este assunto.
Anos 1980, 1990 e talvez menos nos anos 2000, andar na praia ou
tomar banho de mar era um risco de sair com os pés marcados de piche, aquela
mancha grudenta que insistia em não sair do pé e acabava sujando a sandália, o
carro ou o chão da casa. Tinha dias em que a praia era quase impraticável,
tamanha a certeza de entrar na água e sair com a sujeira nos pés, joelhos etc.
Na água era mais difícil de adivinhar e a surpresa era inevitável. Senão, na
areia encontrávamos aqueles pedaços em formatos irregulares mas que, pelo
menos, em geral, permitia evitar, caminhando e olhando para o chão.
Chato ainda era quando sujava o calção (alguns chamam de “sunga”...).
Tirar a mancha era complicado.
Quem veraneava sempre tinha uma garrafa de querosene na entrada da
cozinha ou na varanda, ali perto da porta, pois era a única forma de eliminar
mais rapidamente aquela desagradável mancha. Não lembro se tinha safra, ou
seja, se era mais comum encontrar no verão ou em qualquer época do ano.
De onde vinha o piche?
Aprendi que eram os navios que limpava seus tanques. E que alguns
faziam isto em alto mar e dificilmente as manchas de piche chegavam ao litoral
enquanto outros, limpavam os tanques ali, na entrada da barra, perto das
praias. Assim mesmo, sem constrangimento ou preocupação.
A questão ambiental precisou evoluir bastante para que houvesse o
combate ao lixão que o mar se transformava para algumas embarcações. A tecnologia
evoluiu e o preço diminuiu para que se utilizasse produtos na limpeza com o
duplo resultado: resolviam o problema dos navios e os da população.
Mas, além da questão ambiental a questão financeira foi de grande
importância! Como era possível rastrear a composição química do petróleo
derramado e era possível identificar quem passou ali por perto, além de
conhecer as correntes marítimas, ficou bem mais fácil aplicar multas. Elevadas.
E pronto, a solução mas prática aconteceu.
Poluiu? Vai pagar, e caro.
O conceito vigente durante anos era que o mar suportava tudo. Bastava
lançar no mar que tudo se transformava e a poluição desaparecia, como por
milagre. Basta lembrar que os dutos de esgoto entrando no mar ainda existem até
hoje, no Brasil e em vários países.
O mar mudou, parece. Há saturação e já não suporta tudo do mesmo
jeito.
As pessoas mudaram, com certeza. E muitos (a imensa maioria)
entendem que o mar não é um lixão. Felizmente. Mas...
Mas, infelizmente ainda há alguns que pensam diferente e que
transformam a velha expressão interiorana de “jogar do mato” em “jogar no mar”.
Esta semana o RN foi “brindado” com nova carga de lixo em suas
praias. Mais grave, desta vez. Lixo hospitalar misturado com muita porcaria e o
temor de encontrar objetos cortantes (agulhas, principalmente).
Há alguns pontos em comum entre o novo lixo e o velho lixo: não
sabemos quem foi o responsável, temos algumas poucas suspeitas, não sabemos em
qual ponto do mar foi lançado, nem sabemos se ainda há mais lixo no mar que
chegará às praias e, ainda, em quais praias chegará. Algumas diferenças,
também: é um lixo urbano com fácil identificação (há objetos com endereços) do
ponto inicial (mas não do ponto em que se tornou lixo: caminhão do lixo,
depósito, lançado o rio etc?) e de fácil coleta.
E continuamos sem punir os responsáveis. Digo, os irresponsáveis;
estamos, literalmente, num mar de impunidade.
O Presidente da Qatar Airways não
está muito otimista com o retorno ao patamar anterior dos voos. Por quanto
tempo?
Os comentários de hoje são sobre
este assunto.
“Acho que a recuperação da aviação não vai acontecer por um longo
período de tempo. . . Não vejo que o pior já tenha passado.”
Estes foram os termos de Akbar Al Baker, Presidente da Qatar
Airways quando questionado sobre a possibilidade de o mercado de voos retornar
a alguma normalidade agora que alguns países estão avançando bem na quantidade
de vacinas anti-Covid aplicadas. Apesar os exemplos de Israel ou Chile – na
verdade, pouco interferem na demanda da empresa – e dos Estados Unidos – a
demanda é maior –, a empresa não mantém o otimismo esperado, como declarou seu
representante neste final de semana. A entrevista, aliás, foi considerada uma
verdadeira ducha de água fria para o mercado.
Os americanos estão bem mais otimistas, claro, considerando que em
1-2 meses todos os maiores de 18 estarão vacinados e o mercado interno é muito
forte. Na Europa a vacinação avança, embora em ritmo menor e diferente, a Suíça
promete vacinar todo mundo em até 2 meses mas a França, Espanha ou Itália estão
em ritmo um pouco menos acelerado; por lá, o mercado interno também é elevado e
tem uma grande demanda por voos longos, justamente aqueles em que a Qatar
Airways tem investido mais. A política da empresa não segue a guerra de tarifas
baixas e para conseguir competitividade efetiva, tem que centrar sua oferta de
voos de maior duração, sobretudo os intercontinentais; talvez por isto, uma
parte do pessimismo.
Ao seguir a opinião de Al Baker, a vacina é um mero paliativo (e
se considerarmos o anúncio da Pfizer, no domingo, ou seja, após esta
entrevista, de que a vacina será anual), por isto não vê uma solução tão
imediata assim.
O outro Qatar continua otimista. O país, desta vez, que continua
investindo tudo o que pode para transformar a Copa Fifa 2022 em um grande
cartão postal do país e atrair o máximo de interesse e, claro, de turistas.
A aposta, ou o investimento, foi alto! A Fifa, pela primeira vez
anunciou a sede de duas copas do mundo para, justamente, permitir que o país
pudesse surfar na onda de propaganda por tanto tempo. Um baita investimento.
Aliado a este, a empresa aérea investiu no PSG e Neymar e ainda
não tendo obtido o título máximo de campeão europeu nem mundial, o time
continua com seus ícones e Neymar não parece ter chance de sair de lá; não pelo
menos antes da Copa 2022.
Este Qatar, país e o outro Qatar, empresa aérea, continuam
otimistas num horizonte maior, pós-2022.
A música, antiga, fez muito sucesso. Não lembro quem cantava, mas
sei que ouvi muitas vezes o refrão. Também não lembro se este “voar” é o mesmo
da Qatar Airways.
Independentemente da ilustração musical podemos dizer que o
otimismo do país Qatar é igualmente compartilhado pelo futuro concessionário do
Aeroporto Internacional em São Gonçalo do Amarante: ambos torcem pelo retorno
das viagens aéreas. O Qatar, país, em parceria com sua empresa aérea, já o
nosso Aeroporto sem preferência, todas as empresas serão bem-vindas.
Há uma expectativa de que haja
exploração econômica de minério de cobre no RN: uma novidade? Os comentários de
hoje são sobre este assunto.
O Rio Grande do Norte tem minério de cobre? Será que teremos a
exploração dessa nova riqueza mineral no Estado?
A exploração do cobre mais comum no Estado não tem nenhuma relação
com a nobre atividade em mineração, mas sim o roubo de cabos revestidos de
cobre utilizados em algumas empresas de telefonia (com tecnologia antiga, em
fase de mudança), e que causam transtornos gerais.
Desta vez é a exploração do mineral que pretende a empresa
Mineração Nordeste Brasil em uma área de sua exploração no município de Serra
Negra do Norte. Não é a primeira tentativa mas, agora já conta com a licença
ambiental do Idema para “pesquisa e extração de minérios (cobre e scheelita)”
com um volume esperado de 1.500 m3/mês no sítio chamado Diniz, em uma área de
40 hectares. A scheelita é mais comum no RN e não traria novidades exceto,
talvez, pela nova fronteira mineral, em Serra Negra do Norte quando estamos
mais acostumados com as empresas em Currais Novos, notadamente a Tomaz
Salustino e a Acauã.
Será muito importante esta confirmação de exploração de cobre,
novas oportunidades estarão configuradas e, quem sabe, indicará um novo roteiro
no mapa mineral do Estado.
Voltando ao cobre, formalmente não há registro de extração mineral
no RN. É provável que as novas tecnologias tenham trazido uma nova perspectiva
e permitam um novo conhecimento. Por enquanto a empresa está a pesquisa com a
extração mas, não consegui identificar se a pesquisa é para a scheelita e a
extração para o cobre ou o contrário; de qualquer forma, ainda que em fase de
pesquisa – para o cobre –, já pode ser uma boa notícia.
O mapa mineral do RN, em uma versão de 2006, não indicava a
presença de cobre naquela localidade ou vizinhança. Em pesquisas acadêmicas há
menção à possibilidade de presença de cobre no Estado do lado de Equador, Currais
Novos etc, mas nas pesquisas básicas que realizei, não havia demonstração de
viabilidade econômica, os trabalhos eram mais dedicados às questões técnicas,
mineral.
A empresa, em 2016, buscava sócios para outros projetos de
exploração em território potiguar, tal como noticiado pelo Sindicato Nacional da Indústria de Extração do Ferro e
Metais Básicos: “MNB busca sócios para explorar mina de scheelita e ouro no RN”.
Não mencionava a exploração de cobre, mas fazia referências à Serra Negra do
Norte; eventualmente, a perspectiva pode ter evoluído.
A licença ambiental foi emitida em nome da empresa que é a
proprietária (ou arrendatária) da área. Até ontem a página da internet da
empresa não indicava atualização quanto eventual parceria empresarial.
A produção econômica de cobre poderá até iniciar neste ano de 2021,
quem sabe. Além de movimentar a economia local com a contratação de pessoas
para a atividade mineral, gerará alguma receita para a Administração Municipal.
Mas, é pouco ainda se a – atual – promessa se transformar em um novo polo para
o setor.
Considerando que a empresa obteve a licença ambiental de operação,
ou seja, que permite a atividade produtiva, em breve poderemos ter notícias:
quantidade explorada, valor do investimento, valor de mercado e parcerias.
A acompanhar: quando a empresa divulgará os primeiros resultados
efetivos de exploração de cobre no RN? Vamos aguardar.
15 horas é o horário limite para que
missas possam ser celebradas nos domingos, de acordo com a nova determinação na
regulamentação do horário de flexibilização para circulação de pessoas.
14 comerciantes foram intimados no feriado desta semana por
descumprimento das normas de isolamento. Neste sábado amanheceremos com o
conflito entre as determinações das Administrações municipal e estadual, fator
que poderá significar um número maior do que os “14” da semana.
13 por cento é o percentual que deverá ser alcançado neste sábado
no RN do total da população vacinada contra Covid-19. Ainda é um indicador
baixo diante da demanda e da necessidade para atenuar os efeitos da pandemia
mas, é a realidade “existente” para hoje.
Em 4 supermercados de Natal há uma iniciativa para que os clientes
possam doar os centavos de suas compras, o “troco”. Funciona? Os comentários de hoje são sobre este
assunto.
Este velho ditado, “de grão em grão a galinha enche o papo”,
funciona! E para muitas coisas, ainda que não resolva tudo pois muitas vezes a
solução não é, em pequenas doses mas em algo mais pesado e efetivo, em dose
única. Problemas constantes exigem soluções constantes e quando o tema é social
parece que não existiria uma solução única e exclusiva, mas a soma de pequenas
soluções. Tudo isto para refletir uma campanha que vemos em alguns
supermercados de Natal e que rendeu, em 2020, cerca de R$ 412,2 mil, uma média
mensal em torno de R$ 30 mil.
É aquela campanha que ouvimos algumas vezes nos caixas e o convite
a fazer uma doação dos centavos da conta, um arredondamento, poucas moedas que
não pesariam para o consumidor. Além de um apelo impossível quase de negar:
como não concordar em doar R$ 0,01 ou R$ 0,10 ou R$ 0,25 de uma conta que foi
R$ 49,99, ou R$ 49,90 ou R$ 49,75, por exemplo? A soma, que se transforma em
doação, é praticamente imperceptível para quem está na fila do caixa.
Como sou consumidor quase cativo do Nordestão é lá que algumas
vezes fui convidado a fazer a doação do troco, das moedas. De forma muito
educada, nada apelativa, nenhuma insistência
nem comentário adicional. Apenas a pergunta se não gostaria de fazer a
doação dos centavos.
Não imaginava o tamanho da conta do resultado. Muito positiva,
acho, considerado o custo (zero, na verdade) e a oportunidade.
O ano passado foi de crise para todo mundo, inclusive para a
campanha do troco. Em 2019 foram doados R$ 575,5 mil em dois supermercados. Em
2020, R$ 412,2 mil em quatro supermercados.
No Nordestão é o “Troco solidário
Supermercado Nordestão”. Começou em 2019 e no ano passado acumulou R$ 276,5 mil
em doações.
No Redemais é o “Troco amigo”.
Começou em 2019 e no ano passado acumulou R$ 128,4 mil em doações.
Em 2020 entraram a Rede Show (em
junho?), que arrecadou apenas R$ 0,6 mil em doações, e o Sacolão (em outubro?),
que arrecadou cerca de R$ 6,6 mil em doações.
Difícil, sem conhecer a resposta
de cada um, é entender a razão de diferença tão grande na hora de arrecadar.
Seriam os gerentes das lojas do Nordestão mais dedicados ao assunto e os caixas
mais treinados para esta ação social? Provavelmente sim.
Não tenho esta resposta. Mas, são muitos!
Imaginando que tenham sido doações de troco, sempre abaixo de 1
real. Se cada um fez uma doação de 99 centavos, foram então 416.000 doações em
2020, mas se cada um se desapegou de uma moedinha de 25 centavos, então foi
mais de um milhão e meio de doações! Muitas pessoas doando, muitas doações
acontecendo, ainda que de baixo valor. Os R$ 412,2 mil no ano passado não
resolvem problemas sociais definitivos e impactantes, exceto se você é um dos
beneficiados.
Falta algo nesta campanha do troco nos supermercados: agradecer aos doadores!! Não que a doação de 25 centavos possa ser objeto de uma campanha publicitária, mas o gesto de doar merece todo reconhecimento. Não vi supermercado expor o resultado da arrecadação, na loja ou na página interFalta algo nesta campanha do troco nos supermercados: agradecer aos doadores!! Não que a doação de 25 centavos possa ser objeto de uma campanha publicitária, mas o gesto de doar merece todo reconhecimento. Não vi supermercado expor o resultado da arrecadação, na loja ou na página internet.
Bastaria duas linhas: uma com o valor e outra com um obrigado. E
talvez no rodapé do texto, um convite para que outros potiguares continuem com
o tão importante gesto.net.
Bastaria duas linhas: uma com o valor e outra com um obrigado. E
talvez no rodapé do texto, um convite para que outros potiguares continuem com
o tão importante gesto.
Neste pré-feriado meu computador "resolveu" parar de funcionar corretamente.
Mas, logo mais, espero voltar normalidade.
A Camanor publicou um resumo de seus resultados em 2020: poderia
ter sido melhor. Os comentários
de hoje são sobre este assunto.
A Camanor é uma referência na carcinicultura potiguar, foi quem
praticamente “iniciou” a produção de forma estruturada e baseada em estudos e
acompanhamento da melhor variedade para
o nosso clima, além do acompanhamento biológico e na alimentação, das
pós-larvas ao tamanho/peso ideal para comercialização.
Entre idas e vindas da empresa e de seu empresário, a Camanor
começou formalmente em 1983 e já foi, senão a maior do Estado, a mais
estruturada, até que os grandes do setor começassem a investir, incluindo com
empresários de outras áreas que viram na exportação de camarão uma imperdível
oportunidade de lucro. Os tempos são outros, criar camarão ainda pode/é
rentável, mas não é mais como antigamente: as despescas nos tanques ocorriam
quase sob encomenda e somente quando o importador pagava antecipado! Mercado
garantido e preços vantajosos; entrou muita gente, a demanda internacional
caiu, os custos amentaram e muita gente ficou no caminho. Alguns achavam que
era um aquário gigante, bastava colocar água e a pós-larva e esperar os 90
dias. Não era bem assim, muitos se aventuraram literalmente.
A Camanor já investiu mais, já desinvestiu e recentemente fez uma
parceria internacional.
Apesar da mudança, a crise da pandemia foi complicada para todos.
Não seria tão diferente para a Camanor que faturou R$ 57 milhões em 2019, mas
apenas R$ 52 milhões em 2020.
Um dos motivos seria, explica a empresa, queda de 26% no preço do
camarão inteiro e 10% no preço do filé do camarão. Pode ser um dos motivos mas
a empresa não comenta se houve perda de mercado, nacional e/ou internacional.
Em 2018 a Camanor vendeu 40% de sua participação para um grupo
tailandês, um dos maiores no setor, a CPF Foods. O valor foi US 17,5 milhões.
Imagino tenha sido uma pechincha para eles. A Camanor registrou R$ 152 milhões
em ativos em 2020 para R$ 94 milhões em ativos imobilizados.
Além do capital novo, uma mudança também de nomes em cargos
importantes da empresa. Agora, o Conselho de Administração tem metade dos seus
representantes originários da Tailânida (Malásia?): Robins Pahhr Mcintosh Jr e
Supanee Srisathitwat. Aliás, muito natural quando há compra de parte de empresa
que o sócio novato ocupe posições estratégias para melhor acompanhar seus
investimentos. Considerando a tecnologia tão comum hoje em dia, os dois
estrangeiros participam das reuniões do Conselho, não se fazem – necessariamente
– representar por nativos brasileiros.
Já faz algum tempinho, foi em 2001 que a Camanor recebeu o prêmio
“Destaque do comércio exterior” que foi concedido pelo então MDIC-Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Foi o primeiro ano de premiação
e a Camanor foi um dos poucos prestigiados e reconhecidos por sua atuação.
Eu ajudei! Com muito orgulho! Naquela época fui consultado sobre a
empresa e suas exportações de camarão, seu papel de liderança. Confirmei todo o mérito, enaltecendo a
capacidade empresarial. E assim, “validei” a escolha (obs: evidentemente que o
mérito foi da empresa, não tive nenhum, mas tive o orgulho de participar e
ratificar o merecido prêmio nacional. À época eu participava de várias
atividades com o MDIC e fui um dos instrutores de comércio exterior).
O proprietário e iniciador da Camanor, Werner Jost, tem vários
outros projetos e investimentos do Estado. A Camanor é um deles, provavelmente
um dos primeiros, tanto quanto seu laboratório de pós-larva em Barra do Cunhaú.
Mas, acho que hoje outros investimentos são mais rentáveis. Crise ou não crise,
faturamento em baixa, investidor estrangeiro em alta, a marca continuará no
mercado por um bom tempo; bom!
A relicitação do aeroporto em SGA mudará muito o cenário
existente? Os comentários de
hoje são sobre este assunto.
Tudo começou quando a atual concessionária do aeroporto em São
Gonçalo do Amarante viu que a conta do lucro estava demorando demais para
decolar. As despesas aterrissavam mais rapidamente do que as receitas alcançavam
alguma altura capaz de fazer com que a empresa tivesse um bom resultado. Com
desculpas aos mais formais pelos trocadilhos, não podia deixar de fazer esta
semelhança que fugiu a todas as simulações que a empresa poderia ter feito. Ou,
se realizou as simulações não previu algo, ainda que seja o imprevisível. Não
foi fácil, desde o começo.
Não participei do voo inaugural. Aliás, lembra dele? O primeiro
voo foi a chegada em SGA e algumas pessoas pegaram um voo saindo do antigo
aeroporto e foram até São Paulo para poder fazer a viagem inaugural e poder
afirmar que estavam no primeiro voo! A divulgação desta primazia foi curta, a
mídia não espalhou muito o assunto e acho que hoje caiu no esquecimento: quem
teriam sido os pioneiros...?
Será que tinha alguém da atual concessionária?
Provavelmente sim, e esta data ficará marcada tal como ficou a
data em que venceram o leilão, em que lançaram a pedra fundamental e, muito
certamente, ficará marcada a data em que se livrarão do abacaxi. Infelizmente –
e digo isto pensando que todo investimento nasce com a promessa e expectativa
de lucro e que quando não dá certo, nunca é bom pensar no prejuízo que alguns
sofrerão -, foram anos de gestão no vermelho. Azul mesmo ficou apenas o céu que
cobre o aeroporto, as contas nunca fecharam. Houve alguns fatores externos:
redução na taxa de embarque, crise econômica em 2015 e agora o efeito Covid,
para citar os mais graves. Mas, eventualmente deve ter ocorrido mais algum
outro fator próprio ao tipo de investimento e ao modelo de gestão. Não sei,
acho não saberemos todos os detalhes.
Acho que tudo começou em alguns aspectos do projeto em si. Sempre
achei exagerada a quantidade de decoração (palmeiras e jarros, por exemplo) que
embora não represente o principal valor, vai somando na conta. Não posso me
esquecer do custo das lojas e da constante reclamação do preço do aluguel que
parecia insistir tentar ganhar muito em um mês mesmo se durante vários não se
ganhava nada... muitas lojas fechadas por muito tempo, receita em baixa. O custo
de energia devia ser algo absurdo, toda a parte interna com várias luzes acesas
e nenhum interruptor para desligar a iluminação dos locais que não havia
ninguém. E, não sei qual motivo, nunca pensaram em energia solar! Em um tempo
questionei se não seria melhor investir em placas fotovoltaicas do que tentar
junto ao Governo com improvável redução do ICMS sobre a energia que pagavam...
Acho que o sinal de que a gestão financeira não fechava as contas
foi o estacionamento. O que deveria ser uma receita acessória, complementar,
passou a ser algo importante e os rápidos e sucessivos aumentos de preço logo
no começo mostravam uma lógica ilógica: parecia que a empresa esperava ganhar
mais dinheiro com os carros estacionados do que com os aviões que pousavam-decolavam.
Estranho...
Outra dúvida que nunca entendi: como uma área tão nobre demorou
para ter alguma ocupação? Posto de gasolina e estacionamento na área de acesso
demoraram anos para se instalarem. Será que foi a mesma política da tarifa
elevada do aluguel das lojas? Anos sem receita adicional com o arrendamento
destas áreas.
Talvez apareça um “céu de brigadeiro” nas contas da nova empresa,
torcendo para que o resultado da relicitação seja favorável e tenhamos um
empreendimento mais rentável.
Minha expectativa é que tenhamos um novo aeroporto no RN. Um “mais
do mesmo” mas, melhor!
12 anos seria o prazo de imunização para a nova vacina prometida, a Versamune: “A Versamune tem a capacidade de ativar todo o sistema imunológico que impede não só a entrada do SARS-CoV-2 para dentro das células como também matam as células já infectadas. Acreditamos que o imunizante gere uma memória imunológica de até 12 anos”, segundo o professor do Departamento de Bioquímica e Imunologia da FMRP Celio Lopes Silva (citação extraída do AgoraRN). Quando chegará ao Brasil? E quando chegará ao RN??
11 meses é o acréscimo no prazo
de carência para começar a pagar o empréstimo do Pronampe, via Caixa. Para
algumas atividades no RN, mais prejudicadas com as restrições em virtude da
pandemia, pode ser uma solução, sem esquecer que isto significará que, quando
começar a pagar, as parcelas estarão com valor maior. Decisão difícil para
alguns, mais fácil para outros.... por falta de opção.
10 centavos é a diferença máxima
nos postos para o preço da gasolina em Natal, segundo pesquisa desta semana.
Parece um valor muito baixo, R$ 0,10 mas, se você consome 40 litros por semana
(um tanque, quase), seria em torno de R$ 200/ano. Em tempos de crise e de combustível
caro, não faz mal economizar este valor.
E a chamada “Barreira do
inferno”, como anda? Os comentários de hoje são sobre este assunto.
Mais do que uma afirmativa no título, seria uma dúvida ou mesmo
uma curiosidade. Há novidades? Estou, acho, desatualizado sobre as ações ali
desenvolvidas e também sobre os novos (e até mesmo os velhos) projetos em
andamento. Não me recordo de ter lido algo mais recentemente sobre aquela área
nobre da Capital; talvez esteja acontecendo muita coisa que não esteja sendo
divulgada ou simplesmente, estou desatualizado.
Não impede, no entanto, de fazer alguns comentários sobre a
realidade atual e o que poderia ser a realidade futura.
Começando pela atualidade, apesar de estar no limite da Capital,
tenho sensação de que é pouco integrada ao contexto local e até mesmo ao
contexto estadual. É bem verdade que a política espacial é nacional e não
conta, necessariamente, com componentes locais ou estaduais na definição de
seus orçamentos tanto quanto de suas estratégias. Mas isto não afasta a
percepção quanto à localização. A Barreira não é virtual, e embora não saibamos
exatamente o que acontece ali (por questões, algumas vezes, de segurança), ela
é bem real e está situada em um bairro, uma cidade onde pessoas circulam, a
economia gira e os funcionários interagem, gostando ou não. Não há como
dissociar qualquer projeto com tamanha dimensão... espacial – no sentido do
espaço terrestre, imobiliário – de uma integração maior. Em alguns lugares do
mundo há exemplos de isolamentos quase totais e os casos mais clássicos são as
bases militares norte-americanas na Alemanha que reproduzem o modo de vida do
país ocupante com suas ruas, arquiteturas, comércios etc ao modo local, mas em
referência ao modo local originário, ou seja, um pedaço dos Estados Unidos. São
poucas estas exceções no mundo em que o isolamento é quase integral.
Na contextualização de uma geografia espacial (novamente, no
conceito terrestre) mais modernizante as interações são mais efetivas. Aqui,
aparentemente, pouco se conhece sobre esta participação. Não me recordo, por
exemplo, de estudos dos cursos de Geografia ou de Antropologia sobre o tema. Há
uma barreira que os distancia da Barreira?
Não tenho este predicado ou dom de prever ou antecipar o futuro.
Nem tenho hábito de consultar o horóscopo ocidental ou chinês para saber qual o
signo da Barreira do Inferno e conhecer as previsões mensais daquele ente.
Mas, tenho uma expectativa ou um simples chute, e preferir: na
próxima década novas tecnologias surgirão e pode ser que o espaço não seja mais
propício para o lançamento de sondas, perdendo assim sua finalidade principal.
E, muito provavelmente, toda aquela área deixará de ser tão importante por
questões de segurança, inclusive e principalmente física, pois quando havia lançamento
de sonda era necessário uma grande distância de habitações em caso de algum
acidente.
E se isto ocorrer, será a nova área de expansão urbana, o novo
eldorado dos investidores imobiliários, da especulação imobiliária e uma
excelente fonte de renda para os corretores de imóveis.
E se... esta previsão estiver correta, quem sabe posso já pensar
em comprar um apartamento com vista para o mar, com direito a varanda, dois
armadores e uma confortável rede para eu aproveitar o excesso de tempo livre na
minha aposentadoria... Considerando que tenho pelo menos uma década antes de me
aposentar, pode ser que o calendário coincida!
Mas, se... coincidir este calendário (e também, claro, a conta
bancária) há uma outra regra, indispensável: mudar o nome! Nada de “inferno”
nem de “barreira” mas, talvez, um planalto para as nuvens.
Obs: mas acho que até lá o nome mudará.
A Lei 10.852, de 2011, criou a “Política Estadual de Sementes de Cultivares
e Mudas Crioulas” no RN, tradição e tecnologia juntas. Os comentários de hoje são sobre este assunto.
A Lei 10.852/2011 que criou a “Política Estadual de Sementes de
Cultivares e Mudas Crioulas” no RN tem um nobre propósito já a partir da área
de atuação, a agricultura e, mais especialmente neste caso, a agricultura
familiar. Não há, entendo assim, necessidade de se travar um debate entre
agricultura familiar e agronegócio, não são opções antagônicas e não cabe um
“ou” entre elas; na verdade, cabe um “e”, todos os estados e países podem muito
bem conviver com as duas propostas. Algumas vezes esta duplicidade de
agricultura ocorre em grandes centros urbanos que são abastecidos pelas grandes
empresas do agronegócio como também pela pequena produção local, de vizinhança
e até mesmo, em alguns casos, em hortas comunitárias em espaços perdidos
(abandonados?) entre grandes prédios e conjuntos habitacionais.
Não é incomum encontrar esta proposta em grandes centros urbanos
globais, sem mencionar ainda o crescente apelo ideológico pela produção local
como uma possível alternativa para produto mais saudáveis sem o excessivo uso
de agrotóxicos (as consequências desta micro produção podem ter seu aspecto
negativo, isto, infelizmente, nunca é lembrado! Mas, é tema de outro assunto,
para outro dia).
Esta pequena produção ainda tem a mesma base da grande produção:
as sementes são, geralmente, de empresas tradicionais que atuam com
melhoramento genético até para poder garantir ao consumidor que ele terá a certeza
de sua colheita; curiosamente, para produzir em pequena escala utiliza-se da
capacidade das empresas de grande escala.
Não é o caso desta nova política estadual.
A nova Lei traz uma outra ideia quando se refere à sua
implementação; uma delas é a de “II - realizar parcerias com entidades públicas
e privadas para resgate, seleção e caracterização cultural e científica das
sementes de cultivares locais, mudas de interesse das famílias agricultoras”,
atribuída ao poder público, como está na legislação ou seja, em tese, governo
estadual e seus municípios.
Quando observa-se a menção ao aspecto cultural é o efetivo resgate
da tradição nordestina de quem sobreviveu por décadas e décadas em produção de
mera subsistência, por absoluta falta de opção econômico-produtiva tanto quanto
por políticas públicas de apoio àqueles que moram em fazendas, sítios etc em
áreas isoladas geograficamente da cidade e isoladas social, econômica e
tecnologicamente das possibilidades de vida melhor. Plantava-se com base no
conhecimento empírico, enriquecido das experiências familiares e do aprendizado
na mais tradicional proposta de erro-acerto. Muitos sobreviveram, outros
tantos, não.
Resgatar esta cultura agrícola não é resgatar o aspecto cultural
da agricultura de subsistência, mas é resgatar o conhecimento agrícola para que
possa continuar ativo e produzido resultados embora, desta vez, mais eficientes
e duradouros e com mais acertos do que erros.
Desta vez, com um diferencial. Um importante diferencial