Esta é uma daquelas tradições que se perdeu nas cidades de médio e
grande portes. Não significa que não exista ainda ou que consiga ter seus
adeptos, ainda que em pequeno número. Mas, quando andamos pelo interior do RN é
possível captar sinais de rádios comunitárias que oferecem muito mais um
serviço comercial ou político do que propriamente um serviço feito para e pela
comunidade.
É relevante ter ainda estas rádios, demonstra a possibilidade de
pluralidade de opiniões e isto, por si só, já é bom. A grande questão está na
rentabilidade ou até mesmo no custo de manutenção, pois alguém tem que
dedicar-se no tempo e preparação da emissão e exige pelo menos a compra de equipamentos
e o suporte técnico. É por isto que algumas destas rádios comunitárias – pois são
de pequeno alcance – são mantidas direta ou indiretamente por grupos políticos
locais, principalmente para quem está ou estará na oposição (ao perder a eleição)
para poder manter uma forma de expressar as opiniões.
Hoje, com a concorrência da internet, ainda surpreende a manutenção
destas rádios. Agora é até possível ter sua rádio pela própria internet e, como
todos os demais meios de comunicação, nem as rádios comunitárias resistem à
concorrência e às mudanças tecnológicas. Faz parte do contexto e da realidade,
não há como discordar muito e querer que o mundo volte 20, 30 ou 50 anos atrás,
como se o retrocesso fosse a solução para os problemas novos.
Em Natal pouco escuto rádio e nem sei se há alguma delas dita comunitária
com efetiva atuação e público-ouvinte. Espero que sim, até para preservar o
contexto da comunicação acessível a todos e da liberdade de opinião, com o
devido respeito e limites sociais necessários e imprescindíveis ao bem-estar de
todos.
Dito isto... acho que a especialização pode ser uma manutenção das rádios
comunitárias ao criar programas temáticos (esporte, lazer, educação, moda,
embelezamento e até fofocas!) para cativar um público que busca um diferencial.
A política parece que continuará sendo o tema mais importante no tempo da programação
mas, deve significar apenas a manutenção do mesmo público, sem agregar mais
adeptos.
Apesar de todas as mídias sociais, assim como as motos no interior não
acabaram com todas as carroças, quem ainda usa a tração animal teve que se
moldar e se adaptar à concorrência; quem insistiu em bater de frente não durou
muito tempo. Para as rádios comunitárias, que nasceram criativas para concorrer
com a hegemonia dos grupos de comunicação, é hora de – mais uma vez – reinventar-se.
É uma opinião.