domingo, 23 de abril de 2023

Opinião. O “rodeio” dos pequenos negócios

 

O  mundo dos negócios não é simples nem simplificado. Algumas vezes busca-se simplificar a vida burocrática do empreendedor mas, no mundo concorrencial não há simplificação de mercado. A polêmica mais recente da tributação e não-tributação das pequenas compras importadas coloca, curiosamente, no mesmo patamar um gigante do comércio eletrônico e muitos pequenos fabricantes que utilizam a empresa com sua plataforma de negócios, o marketplace; e nesta relação, que pode até ser considerada como a utópica relação ganha-ganha é, na melhor das hipóteses, algo como Ganha-ganha: de um lado alguém ganha mais, bem mais, e do outro lado muitos alguéns ganham alguma coisa, mas pouco se comparado ao principal.

 

É assim o mercado concorrencial e a internacionalização, e os mecanismos eletrônicos apenas acirraram a luta em busca de novos mercados e novos consumidores, sem falar na permanente necessidade de ter iniciativas para manter os clientes atuais.

 

Uma figura ilustrativa que me vem à mente é a proposta do rodeio.

Em alguns negócios a situação é tão difícil que a ideia nem é ir para algum lugar, crescer ou expandir as atividades, mas o propósito do empreendedor e empresário é de apenas manter-se, e o mais longo tempo possível. É assim no rodeio, ganha que fica no mesmo lugar por mais tempo, não vai a lugar algum, mas o fato de escapar das pancadas e dos sacolejos que aparecem de forma aleatória e imprevisível já é a grande vitória! Claro, a alusão à imagem do rodeio é mais do que os 8 ou 10 segundos do grande prêmio; mas, igualmente, quando perde-se naquele rodeio por ter ficado apenas o tempo mínimo, reinventa-se e parte-se para outro rodeio, para tentar ficar mais tempo no (novo) negócio, sem direito a desistir.

 

O papel do Estado e dos Governos é no mínimo triplo: tentar diminuir as pancadas aleatórias e externas, ensinar e estimular o empresário a adotar técnicas para manter-se o mais tempo no mercado e, finalmente, criar novas alternativas caso a opção escolhida não tenha sido o sucesso esperado, na expectativa que não desista do mercado e do ideal empreendedor!

 

Uma das últimas revoluções neste “rodeio” foi a criação dos MEI, permitindo que muita gente saísse da informalidade. A outra foi o PIX, simplificando o pagamento e diminuindo os custos financeiros para o empresário. O último exemplo da discussão do impacto neste “rodeio” foi a com/sem a participação da Shein; isto significa que se não há como mudar a regra do jogo, é hora de aperfeiçoar a “técnica” para garantir a participação de muitos. É uma opinião.

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