domingo, 30 de abril de 2023

Opinião. Turismo de vizinhança e seu marketing

 

            Enquanto o turismo começa a detalhar a programação para a próxima alta estação, o Verão 2023/24, há uma outra segmentação do turismo regional que trabalha em escalas diferentes de tempo e dimensão do impacto na economia local. É o chamado turismo de vizinhança, aquele que acontece em um lugar que recebe pessoas até mesmo da própria cidade (que moram distante do ponto turístico) ou de cidades vizinhas e não muito distantes; em geral, é um público que desloca-se com seu próprio veículo e algumas vezes em ônibus com as excursões de um dia, as chamadas viagens bate-e-volta.

 

            Aqui no Rio Grande do Norte temos alguns exemplos deste turismo de vizinha: a nascente em Pureza, o cânion dos Apertados em Currais Novos, as praias em Baía Formosa ou em São Miguel do Gostoso, as serras em Martins e em Portalegre etc. Não faltam opções regionais que já são conhecidas pela população da vizinhança.

 

            É neste perfil, do turismo de vizinhança, que as oportunidades de estratégias de marketing para atrair novos visitantes apresentam diferentes em relação ao marketing, digamos, tradicional para atrair pessoas de todo o Brasil e do exterior. No caso mais local, por exemplo, a parceria entre a Prefeitura e o empreendedor do local de visitação é essencial: além do atrativo (natural ou de evento) que o turista deseja encontrar, ele quer também um espaço organizado com oferta de serviços que atendam sua demanda e, claro, com preços competitivos. Vale lembrar que este é um tipo de turismo essencialmente de “um dia”, ou seja, os serviços mais demandados serão alimentação e passeios, com uma oferta bem ampla para todos os públicos, dos jovens, de quem vai sozinho, aos casais de meia idade, sem esquecer os idosos e as famílias com crianças.

 

            É nesta hora que a parceria Prefeitura-empreendedor deve estar acentuada: os caminhos para chegar ao local devem estar sinalizados, deve haver uma organização de serviços básicos (limpeza, acesso, estacionamento etc) e deve ter um apoio na qualificação profissional de quem vai trabalhar com o turista, mas também dos proprietários para oferecer um bom serviço que garanta o retorno de seu cliente. Esta parceria entre o setor público e o setor privado é que garante maior receita para o turismo local, mais arrecadação para os cofres públicos com os tributos e também, com uma melhor  organização do lugar, menor custo para efetuar limpeza e manutenção dos espaços públicos e das vias de acesso.

 

            Tudo isto será muito importante para o desenvolvimento do turismo de vizinhança. Mas, é bom contar com um outro valioso aliado, o marketing. Mas um marketing que deve estar devidamente adaptado ao local de visitação turística e que possa permitir a inclusão de dois outros assuntos essenciais: a informação para a preservação do local turístico (educação ambiental, por exemplo) e também a indicação de outros locais na cidade que, embora menos conhecidos, podem ser também uma opção de lazer, cultura e turismo (prédios diferenciados, fatos históricos, características geológicas etc). Neste caso, cabe à Prefeitura criar outros roteiros para visitação.

 

            Por fim, o investimento com o marketing para o turismo de vizinhança não precisa ser muito elevado, mas será sempre necessário. O turista, quando se cansa de um lugar (quando é sempre a mesma coisa, nunca tem nenhuma novidade) ou deixou de apreciar as vantagens de ir até lá (sujeira, desorganização, falta de estacionamento etc), muda facilmente seu destino; e com isto, passará a divertir-se e a consumir em outro local, na cidade vizinha, para onde irão também as receitas do turismo e os empregos gerados. Há muitas opções de marketing e há muitas opções do turismo de vizinhança; reunir as duas ideias é outra boa ideia.

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