domingo, 14 de maio de 2023

Opinião. Dentro e fora da caixa

 

É curioso  ler com tanta frequência que o empreendedor deve “sair da caixa”, no sentido de que deve mudar o que está fazendo e o que está entendendo para poder conseguir manter-se no mercado. Nunca achei interessante esta ideia de “pensar fora da caixa”, como se o que acontece é ruim e errado e o 100% inovador é o certo. Nem todo negócio é disruptivo, por definição e alguns sabemos apenas quando acontecem. É o caso clássico da máquina de escrever ou, mais recente, do celular. E ainda que todo mundo tenha migrado da máquina de escrever para o computador e do telefone fixo para o celular, apenas trocou-se de “caixinha”...

Tudo isto para dizer que no turismo não é muito diferente. Neste final de semana encerrou uma feira de turismo no Centro de Convenções. Muito parecido com ano passado mas, achei que tinha poucos municípios.

Alguns estão fora da caixinha mesmo: em um deles, apesar das fotos no estande com um ponto turístico e todos os demais referentes às festas, perguntei qual era o atrativo turístico da cidade e se o foco era apenas as festas. Quem me atendeu não soube me responder. Era um município que não via como seria turístico, quando vi seu nome na programação. Pelo visto, o turismo por lá são festas e bandas de forró. É uma opção.

 

Aliás, em vários estandes o velho e tradicional turismo. Até mesmo na ambientação dos estandes, alguns deles com venda de alimentos, mas nenhuma orientação sobre o turismo gastronômico.

 

Tive impressão de ver muitas “caixas”. No turismo, muitas vezes é assim mesmo, repete-se o que funciona como atrativo turístico: sol e mar, montanhas e caminhadas, festas e festividades. É bem verdade que aquilo que dá certo poderá continuar a dar certo e algumas coisas não há, fisicamente, como mudar (montanhas e praias continuarão).

 

Mas, como “sair da caixa”? Não acho que caminho seja este! Acho que pode ser fortalecer os atributos físicos ou do calendário existentes e a mudança deve ser no serviço oferecido. Afinal, ver praia ou tomar banho de mar, caminhar nas trilhas ou comer queijos é algo que podemos fazer em muitos lugares; muitos, mesmos.

 

O que falta? Transformar o turismo em experiências. Infelizmente, mesmo não sendo inovador, carece de inovação. O turismo, nas pequenas cidades, poderia mudar bastante. É uma opinião.

 

 

 

Obs: “carece de inovação” parece meio esquisito utilizar uma palavra antiga (“carece”) para fazer em novidade. Mas, não é contraditório, se a inovação do mesmo é realizada com inteligência.

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