Tem uma
expressão popular que diz que “nem todo dia é dia santo”, para contrapor à
ideia de que alguém terá sempre a mesma sorte, o mesmo destino e o mesmo
resultado todos os dias. Contrapõe-se, a linguagem popular, ao efeito religioso
católico, afinal todo dia é dia santo – sim – não por excesso de designação
mas, pelo longo período da história que justifica.
Mas,
agora temos um quase-todo dia é dia comemorativo. Amanhã será um deles, dos
tradicionais mas, bem recente. Aqui comemoramos o Dia dos namorados em 12 de
junho em uma estratégia meramente mercadológica, contrapondo-se às datas tradicionais,
por exemplo, nos Estados Unidos e na França em que o dia dos apaixonados é
batizado de Dia de São Valentim.
Embora
por lá tenha uma associação religiosa e aqui tenha se iniciado exclusivamente
por uma ação mercadológica, o ponto em comum desta data festiva é justamente o
mercado. São Valentim continuará a existir, mesmo sem mercado e sem publicidade,
e os apaixonados, idem. O que transforma o calendário em algo mais diferente é
a carga de propaganda que recebemos e, muitas vezes, compartilhamos, criando um
verdadeiro círculo virtuoso, um se alimentando do outro e a data continuando
firme e forte, em fevereiro (por lá) ou em junho (aqui).
Ultimamente
temos visto muitas datas novas sendo criadas aqui no RN, leis estaduais e
municipais incluindo dias diferenciados ao calendário. Alguns bem especiais,
bem particulares ou bem localizados e que muita gente nem mesmo perceberá; talvez,
até, nem seu idealizador ou seus celebrados.
É que
nestes casos falta aliar à ideia o mercado. Se juntar um com o outro, e
novamente para utilizar uma expressão popular, “tomé com bebé”, daria certo ou
pelo menos teria muito mais chance de dar certo. O Dia dos namorados é sempre
12 de junho, seja uma segunda-feira ou em uma sexta-feira, sábado ou domingo,
dias em que o mercado acha sensacional para criar as mais diversas promoções.
Criar
dias para homenagear algo ou alguém, um evento ou fato histórico, uma atividade
ou uma profissão, é sempre bom. Massageia o ego dos homenageados e de quem
inventou a data.
E, se o
idealizar tiver foco no mercado, talvez o ego fique tão inchado que alguém
possa propor o “Dia do criador de datas comemorativas”! É uma opinião.
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