domingo, 11 de junho de 2023

Opinião. Datas comemorativas

 

Tem uma expressão popular que diz que “nem todo dia é dia santo”, para contrapor à ideia de que alguém terá sempre a mesma sorte, o mesmo destino e o mesmo resultado todos os dias. Contrapõe-se, a linguagem popular, ao efeito religioso católico, afinal todo dia é dia santo – sim – não por excesso de designação mas, pelo longo período da história que justifica.

 

Mas, agora temos um quase-todo dia é dia comemorativo. Amanhã será um deles, dos tradicionais mas, bem recente. Aqui comemoramos o Dia dos namorados em 12 de junho em uma estratégia meramente mercadológica, contrapondo-se às datas tradicionais, por exemplo, nos Estados Unidos e na França em que o dia dos apaixonados é batizado de Dia de São Valentim.

 

Embora por lá tenha uma associação religiosa e aqui tenha se iniciado exclusivamente por uma ação mercadológica, o ponto em comum desta data festiva é justamente o mercado. São Valentim continuará a existir, mesmo sem mercado e sem publicidade, e os apaixonados, idem. O que transforma o calendário em algo mais diferente é a carga de propaganda que recebemos e, muitas vezes, compartilhamos, criando um verdadeiro círculo virtuoso, um se alimentando do outro e a data continuando firme e forte, em fevereiro (por lá) ou em junho (aqui).

 

Ultimamente temos visto muitas datas novas sendo criadas aqui no RN, leis estaduais e municipais incluindo dias diferenciados ao calendário. Alguns bem especiais, bem particulares ou bem localizados e que muita gente nem mesmo perceberá; talvez, até, nem seu idealizador ou seus celebrados.

 

É que nestes casos falta aliar à ideia o mercado. Se juntar um com o outro, e novamente para utilizar uma expressão popular, “tomé com bebé”, daria certo ou pelo menos teria muito mais chance de dar certo. O Dia dos namorados é sempre 12 de junho, seja uma segunda-feira ou em uma sexta-feira, sábado ou domingo, dias em que o mercado acha sensacional para criar as mais diversas promoções.

 

Criar dias para homenagear algo ou alguém, um evento ou fato histórico, uma atividade ou uma profissão, é sempre bom. Massageia o ego dos homenageados e de quem inventou a data.

 

E, se o idealizar tiver foco no mercado, talvez o ego fique tão inchado que alguém possa propor o “Dia do criador de datas comemorativas”! É uma opinião.

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