domingo, 5 de janeiro de 2020

ARTIGO: Carros elétricos, ainda não é a hora

O Estado do Espírito Santo completou, no finalzinho do ano passado, uma rede com 7 postos de recarga para veículos elétricos, com adaptações de tomadas universais, ou seja, uma rede capaz de atender a demanda de todos os veículos que utilizam a energia elétrica, independentemente do modelo, do ano de fabricação e da montadora. Aliás, este é um passo fundamental para que veículos movidos a energia elétrica possam encontrar a segurança junto ao seu público-consumidor: a certeza de que, onde chegar, terá a possibilidade de fazer um recarga e "abastecer" seu veículo.

Ainda há muitos desafios para que veículos elétricos possam competir com os veículos tradicionais. A padronização é uma delas e parece ser mais fácil adaptar os postos do que criar um padrão para os fabricantes, cada um querendo ver seu modelo prevalecer sobre a concorrência; mas esta é uma etapa que será facilmente vencida, assim como existe uma padronização para lâmpadas elétricas, portas USB de computadores, voltagem de energia elétrica nas tomadas, pilhas etc. A globalização apenas acelerará um formato que será universal.

O preço dos veículos ainda é elevado e pouco acessível a todos. Mas, a escala de consumo e a escala de produção farão com que os preços encontrem uma curva constante de redução, ampliando o acesso ao consumidor. Caberá aos governos (de todos os países) adotar medidas compensatórias, tais a redução de impostos, quando desejarem – efetivamente – que os veículos do futuro (próximo, aliás) sejam movidos a energia limpa, renovável.

Esta é uma barreira difícil mas não instransponível; afinal, os países europeus não são grandes produtores de petróleo e podem se esforçar mais do que outros, principalmente os Estados Unidos, para diminuir a dependência do petróleo. Os países do Oriente Médio (Arábia Saudita, Koweit etc), embora grandes produtores de petróleo, não conseguirão evitar esta barreira, esta transposição; conseguirão esticar a dependência de veículos movidos à gasolina, mas apenas postergarão uma fatalidade.

Mas, e o Brasil? E o RN?

O nosso desafio, sobretudo no RN, estará na rede de abastecimento. Atualmente não vale a pena ter um carro elétrico, não há como abastecer e menos ainda, como rodar no interior do Estado. São Paulo já tem novos condomínios construídos com tomadas elétricas nas garagens mas, aqui, ainda nem se comenta tal projeto, não há nenhuma lançamento imobiliário que apresente esta possibilidade..

Difícil mesmo é criar uma rede de abastecimento que permita, por exemplo, alguém sair de Natal, ir a Caicó e depois a Mossoró sem se preocupar com a bateria do carro. Enquanto não houver super-baterias, a solução passará pelos postos de recarga, pela indispensável malha de postos em diferentes cidades, um acesso fácil a uma tomada para recarregar o veículo.

Aqui no RN estamos vivenciando o "dilema Tostines": não temos postos pois não temos carros elétricos e não temos carros elétricos pois não temos postos de recargas...

Vamos ter que esperar ainda um pouco para ver a foto do (felizardo) motorista que fará a primeira "volta do RN" em carro elétrico; este... choque de realidade ainda veremos, basta não ser muita ansioso.

 

 

 


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