domingo, 12 de janeiro de 2020

ARTIGO: ED, HC e NR: “sopa de letrinhas” com prazo de validade

Um dia foi a "Escola Doméstica" que ficou conhecida, tempos depois, apenas como "ED".

Outro dia foi criado o "Henrique Castriciano", tempos depois batizado popularmente apenas como "Henrique".

Agora, não tem mais nem um nem outro, ficou "Noilde Ramalho".

Quanto tempo resistirá esta denominação? 10 anos?

Explico. O conceito da "Escola Doméstica" foi criado em outros tempos, em época que a sociedade dividia suas tarefas familiares e sociais, homens de um lado e mulheres de outro. Resistiu por muito tempo mas, ao longo da década de 1990 foi perdendo muito seu espaço pela associação da ED com a profissão de doméstica, uma forma irônica, às vezes sem maldade, outras vezes não, de batizar a ED que até pouco tempo ainda mantinha suas "casinhas" para que as alunas passassem ali uma semana de atividades aprendendo a cozinhar, tomar conta de uma casa, receber convidados etc. Uma verdadeira dona de casa" (aliás, sou testemunha deste tempo pois fui convidado para um almoço em que as anfitriãs eram avaliadas pelas professoras!).

A proposta da "Escola Doméstica" foi idealizada por Henrique Castriciano. Em sua homenagem, provavelmente, criaram a escola nova que passava a receber meninos e meninas, sem a antiga e célebre divisão das escolas locais, tais a ED (apenas para meninas).

Agora, em tempos modernos, mem ED nem Henrique, mas Noilde Ramalho. Quanto tempo durará esta nova denominação?

Acho que estão cometendo o mesmo erro quando criaram o Henrique. A geração que conhecia Henrique Castriciano não é a que estudava no colégio, os alunos não sabiam quem era ele, tampouco o público externo. Ficou conhecido por Henrique, um nome simples mas que perdeu sua identidade, sua referência.

Agora, como Noilde Ramalho repete-se a história: a geração que vai estudar ali não sabe quem foi ela; novamente a referência e o referencial se perderão.

E, novamente, há uma personificação. É bem verdade que uma das melhores personificações em educação no País é o Colégio Pedro II, embora poucos brasileiros consigam identificar sua fisionomia, todo mundo lembrando de outro Dom Pedro, o primeiro.

Se o "NR" não criar uma condição diferenciada no cenário local com excelentes resultados no Enem, em breve o Conselho da instituição terá que descobrir um outro nome; um novo nome que seja menos personalístico e mais próximo da realidade.

 

Obs: Lamento muito a perda dos nomes Henrique Castriciano (fez parte da minha família) e de Noilde Ramalho (amiga da minha avó). Nada pessoal, portanto!


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