A
notícia que uma universidade norte-americana chegou à conclusão que dormir
durante o expediente aumenta a produtividade é um contrassenso à evolução do
ritmo de trabalho que se observa na Europa.
Primeiramente,
o “dormir no trabalho” não é qualquer hora nem qualquer jeito, mas simplesmente
o incentivo ao famoso cochilo durante o expediente, após o almoço, que
liberaria as tensões e faria que a pessoa, ao acordar, tivesse uma carga
emocional de estresse bem menor e, consequentemente, com mais tranquilidade
para decidir e com mais relaxamento para poder produzir mais. Em resumo, este é
o resultado da pesquisa.
Do outro
lado do Atlântico já não é mais pesquisa, mas fato de que alguns países da
Europa adotam a prática do 4x3, ou seja, trabalhar 4 dias e ter 3 dias de
folga, o final de semana “maior”, digamos assim. Vale lembrar que há muito
tempo a ideia da semana de 35 horas está em alguns países e, apenas a título de
comparação, aqui no Brasil a semana de trabalho é de 44 horas.
São,
portanto, três modelos, propostas ou práticas: manter o tempo de trabalho
aumentando a permanência na empresa para o cochilo, diminuir os dias de
trabalho na semana e, aqui entre nós, continuar com uma carga horária semanal
cheia. São, também, reflexos destas diferentes sociedades: a norte-americana
com o trabalho acima de todos, o europeia com a qualidade de vida como
prioridade e a nossa com a ideia de que o trabalhador (seu salário) custa caro
para o empresário.
Uma das
grandes revoluções na qualidade de vida na Europa, mais especificamente na
França, foi quando decidiu-se que todo mundo teria direito a férias, e de 30
dias. Foi, acho, nos anos 1960 e gerou muitas controvérsias. O resultado hoje é
que todo mundo continua usufruindo de suas férias e cerca de metade da
população francesa viaja neste período, dentro ou fora do país. E o impulso
econômico no turismo naquele país é espetacular.
Aqui
temos poucas experiências de transformar o trabalho e a qualidade do trabalho
em algo menos pesaroso, ou seja, um esforço diário e necessário mas nem sempre
nas melhores das condições e, quanto menor o salário, mais complicada tais
condições. Não faremos a mudança tão drasticamente nem tão rapidamente quanto
gostaríamos e, acho, estamos longe de adotar a semana das 35h, por questões
econômicas, sociais e políticas.
Mas, poderíamos
criar condições mais benéficas e mais interessantes para o trabalhador,
essencialmente nas grandes empresas; nestas, com elevado faturamento, bem que poderia
haver um, digamos, rodízio com bonificação de férias: a cada ano 20% ganhariam
mais uma semana de férias por ano. O ganho seria, acredito, maior do que o “direito
ao cochilo”. É uma opinião.
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