E também os ambientes que possam ser ameaçados por um
turismo intenso, muito mais intenso do que as capacidades naturais de
resistência e sobrevivência permitam. Não é nenhuma proposta “ecochata”, como
dizem alguns, nem mesmo uma proibição total mas, um controle do acesso de
pessoas a alguns ambientes naturais e turísticos para uma dupla finalidade: proteger,
para preservar este patrimônio, e assegurar que possa garantir-se como atrativo
turístico por vários anos.
Para quem assistiu o filme A Ilha, com Leonardo di
Caprio, deve ter lido também sobre o efeito do excesso de turistas na Baía
Maya, na Tailândia: com mais de 5 mil pessoas por dia visitando a estreita
faixa de areia, a poluição provocada e deixada pelos visitantes gerou algo
inimaginável, no ano de 2008. Por quatro anos a Tailândia proibiu toda e qualquer
visita e, neste ano, há um rígido controle: 375 pessoas podem visitar a ilha ao
mesmo tempo e com hora marcada! São 8 horários para você escolher e ir até lá,
passando no máximo 60 minutos para as fotos. Esta foi a solução radical
encontrada para permitir a visita e garantir que a famosa ilha continue a ser
famosa por sua beleza e não por sua ex-beleza.
Ainda não estamos, aqui no RN, perto desta catástrofe
ambiental e social (sim, imagine 5 mil pessoas por dia alugando um lugarzinho no
barco para visitar Baía Maya e calcule o dinheiro circulando na região). Mas,
temos que proteger as dunas, as lagoas, os parrachos, os açudes etc e todos os ambientes
que uma superexploração turística possa ser danosa. Não teremos, acredito, um
local que venha a receber 5 mil pessoas por dia mas, alguns ambientes podem ficar
saturados com 200, 300, 500 etc pessoas/dia.
Claro que a decisão não pode ser arbitrária, mas poderia
ser planejada com toda a antecedência necessária para controlar o acesso bem
como, ao mesmo tempo, adotar medidas de proteção (o limite de acesso é uma
medida de proteção, mas não deve ser a única!). Este movimento de maior
controle acontece mundo afora (Veneza, ilha da Córsega, Machi Picchu etc) como
também no Brasil, com o Corcovado ou as cataratas em Foz do Iguaçu. E funciona,
todo mundo conhece como funciona o sistema de acesso e de reservas.
Aqui temos um exemplo de preservação de ambiente que, na
verdade, é mais uma reação passiva do que uma ação efetiva. O Morro do Careca completa
quase 25 anos de proibição de subir para tirar uma foto ou descer rolando pela
areia. Proibiu-se acesso e, mais nada. Ou, aparentemente mais nada foi feito
para preservar o ambiente, parece, esperando que a natureza haja sozinha, no
ritmo do tempo sem pressa, sem a menor pressa. E se houver um controle? Será
que 50 pessoas por dia poderiam subir? E subir em um roteiro pré-definido,
longe das plantas e árvores? Em Machu Picchu, por exemplo, há trilhas com seus
limites definidos e locais com acesso proibido.
Controlar as dunas se, e somente se, permitir a
preservação do ambiente e sua valorização social. E se o acesso, por exemplo,
ao Morro do Careca fosse limitado e com a obrigação de pagar uma taxa, tal como
acontece no Parque das Dunas, com toda a receita revertida para sua
preservação? Seria uma ideia a ser discutido amplamente, antes de sua eventual
validação e de tornar-se um ponto turístico novo na cidade.
Obs: o direito à paisagem e ao ambiente devem ser
preservados; reforçando, sempre bom deixar (ainda mais) claro, nada de
radicalismo, seja contra ou favor, toda interpretação estapafúrdia deve ficar
com quem a mente fértil de quem a decidir criá-la.
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