segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Artigo: A especulação imobiliária “salvará” a Ribeira?

A Ribeira esteve na mídia durante várias ocasiões e com alguns intervalos pautados entre novidades, suas ausências, interesses e desinteresses, políticos e/ou econômicos. Mas, a tônica permanece inalterada: como revitalizar a Ribeira?

Algumas tentativas foram lançadas e essencialmente centradas em uma mesma proposta: reduzir o IPTU para quem investisse no bairro. Bem verdade, não funcionou muito. Uma outra tentativa – das antigas – era a revitalização e sua transformação em espaço cultural: lembro que a rua Chile em uma de suas primeiras propostas teve várias de suas fachadas pintadas e reformadas com patrocínio de uma empresa privada que, salvo engano, foi a Tintas Coral. Na época, reformularam o trecho entre o Cais da Tavares de Lira e a entrada do Porto. Ficou bonito, foi legal, mas não revitalizou a Ribeira.

A “cultura” invadiu a Ribeira com os bares e restaurantes. Alguns simpáticos atraíram público por um período, já outros tiveram uma curta duração. Outro, infelizmente, tem um “atrativo” que deveria ser abominado: uma de suas peças “especiais” é o chão talhado em madeira com o símbolo nazista, algo que seria absolutamente criminoso nos países que sofreram diretamente com a perseguição do louco que comandava a Alemanha na II Guerra Mundial; e há ainda outros pontos, mais inusitados pelo nome e que têm seu público, como Buraco da Catita.

No entanto, a revitalização prometida com novos investimentos/investidores não aconteceu. Passada mais de uma década a economia do bairro permanece a mesma ou quase diminuiu. Basta passar no sábado pela manhã no bairro para verificar que não há quase nada aberto e quase ninguém circulando pelas ruas: se não há o que vender, não haverá quem vá comprar.

Mas, a revitalização mesmo esperada, a urbana, demorou para acontecer. E, ainda, meio que timidamente como vimos recentemente. Da proposta da Prefeitura (há mais de uma década) do programa PAR com a Caixa até a construção de alguns prédios no fim da “Ladeira da Poti” ou na Cordeiro de Farias e também dos prédios da Capuche onde um dia foi Marpas foi um longo intervalo, um longo espaço vazio com a ocupação de novas moradias – ou melhor – na reurbanização da Ribeira.

Agora fala-se em nova ocupação do bairro. Consequência única e exclusivamente da especulação imobiliária.

A reforma do Plano Diretor pretende ampliar a possibilidade de construções no bairro. Motivos são vários que justificam essa boa ideia mas, na verdade, capitaneada por uma realidade cruel que a nossa Capital vem sofrendo ao longo dos anos: o metro quadrado aumentou muito de preço e os terrenos baldios cada vez existem menos. É o que se denomina pura e simplesmente de especulação imobiliária.

É uma regra do mercado. Funciona assim e não depende de cidade, menos ainda de bairro. O “mercado” vai investir onde o retorno é mais viável, onde o lucro é maior e vem mais rápido. A redução do IPTU beneficia o futuro morador, não o construtor nem a imobiliária, por isso uma foi uma atratividade menor ao investidor no passado recente.

Está próxima a revitalização da Ribeira? Parece, se a ideia do novo Plano Diretor, se confirmar, que sim, bem perto de acontecer. Quem tem terrenos disponíveis prepare-se para fazer bons negócios; mas será que ainda existem tais disponibilidades?!

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