sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

O turistinha

(Publicado no Jornal de Hoje, 29/12/11)


Será que estamos preparados para receber milhares de “turistinhas” que chegarão em Natal nas próximas semanas de férias escolares e alta estação? Em pesquisa recente apresenta por instituições de apoio ao turismo, em média, 1/3 das pessoas que viaja em férias com maior duração (mais de uma semana) estão acompanhados por crianças; esses são os que chamo de turistinhas.
A alta estação chegando vários hotéis, pousadas e resorts devem estar programando suas ações e atrações; mas, infelizmente, em algumas situações, uma programação voltada essencialmente associada ao público mais adulto: passeios pelas dunas, lagoas, esportes de aventuras etc. Nos hotéis, festas temáticas, coquetéis diferenciados, academias de ginástica, maratonas de musculação, música e muita animação. Mas, com menos intensidade quando voltado exclusivamente para o público consumidor mais jovem, as crianças e adolescentes.
Hoje o consumidor já não é mais o mesmo. Antigamente a exposição à mídia e as propagandas eram direcionadas para os adultos, eram os pais quem decidiam exclusivamente as compras, quando comprar e o que deveriam consumir em casa e fora de casa. Já não estamos mais nesse marketing tradicional, do “chefe de família” que sabe tudo e decide em nome de todos.
Os jovens, crianças e adolescentes em geral, consomem bastante e, bem mais do antigamente, influenciam muito no consumo familiar: são eles quem determinam as roupas que querem vestir, o que querem comer no café da manhã, os passeios a fazer e as marcas mais importantes que o grupo em que convivem estabelecem como modelo de afirmação e participação no grupo de sua faixa etária.
Nas férias, fora de casa, a pressão desse grupo é maior ainda! Quem viaja de férias está disposto a gastar bem mais do que normalmente gastaria se estivesse em casa, no seu dia a dia. O turista é o consumidor por excelência; mas, desde que a ele sejam oferecidos serviços de qualidade e compatível com o programa de férias que escolheram. E nisso, é preciso prestar mais atenção no turismo familiar: quem viajam com filho(s) sabe que a programação é diferente e que tem que agradar (muito bem) a criançada, sob pena de estragar as férias de todos...
Preparar-se para agradar o “turistinha” é um bom marketing que pode ser trabalhado pelos meios de hospedagem: da mesma forma que são competentes em criar uma programação mais adulta, existem animadores que podem criar uma programação menos exigente, mais criativa e dinâmica e, sobretudo, mais interativa. É isso que o publico infanto-juvenil quer: passar o tempo se divertindo, fazendo coisas diferentes e na companhia de outras jovens de sua idade pois, ficar em casa de frente para a televisão, já é rotina todos os outros dias do ano. Bom lembrar também que os pais querem ter um pouco mais de tranquilidade durante o dia, relaxando um pouco mais no acompanhamento e na atenção de tudo que os filhos estão fazendo; se eles estiverem ocupados, os pais agradecem...
Atender ao cliente quando se fala de serviços é buscar todas as formas de oferecer o melhor resultado diante das expectativas imaginadas pelo consumidor; não se “troca” um serviço pelo outro, como acontece algumas vezes com produtos. No turismo, a responsabilidade é ainda maior: não dá para trocar o erro dessas férias pelo acerto na próxima: ele nunca mais será seu cliente.
Em um estado que se preza por oferecer turismo o ano inteiro sendo um sonho e consumo para brasileiros e estrangeiros, com o aumento da renda da população brasileira nos últimos anos, a tendência é termos cada vez mais “turistinhas” aqui passando tempo e gastando dinheiro (dos pais). É um bom marketing e um bom investimento: parafraseando propaganda antiga, “trata bem o turistinha, ele voltará”; eu acrescentaria “por vários anos seguidos”.

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