domingo, 3 de setembro de 2023

Opinião. Meu turista virá?

 

O anúncio da recuperação judicial da 123Milhas surpreende (pelo menos a mim) em vários aspectos mas, não necessariamente pela sustentabilidade econômica do negócio: alguns pacotes eram tão baratos quanto a taxa de embarque!

O que me surpreendeu foi o valor da dívida, na casa dos bilhões de reais, e a quantidade de pessoas envolvidas que apostaram na ideia: 700 mil pessoas.

 

Isto significa que, em tese, teremos 700 mil turistas a menos viajando para o exterior e também aqui no Brasil e, como não poderia deixar de ser, aqui para o RN. Saber quantos tinham passagens para Natal é um número que somente a empresa conhecia mas, se imaginarmos que 5% de todo este pessoal pensou em passar uns dias aqui, seriam 35 mil pessoas. Farão falta, ainda que muitas destas pessoas comprarão passagens para manter a viagem mas terão que gastar um pouco menos, o equivalente ao valor da perda com a surpreeendente123Milhas e o novo valor do bilhete aéreo. Em outras palavras, gastarão menos aqui no RN.

 

Talvez uma oportunidade de tentar recuperar esses turistas e de outros destinos seria a união do setor – privado –, dos hotéis, pousadas, receptivos etc de criar uma super promoção para quem perdeu a 123Milhas e oferecer preços diferenciados, com uma boa campanha de marketing para valorizar o turista e fazer valer o velho (e ruim) jargão, “trate bem o turista”. Quem apresentar o comprovante do prejuízo ganharia 1 diária a mais de hotel, 1 passeio de buggy, algum desconto em um restaurante ou concorreria a algum prêmio ao comprar nas lojas de algum shopping. E outras ideias que não seriam equivalentes ao prejuízo mas poderia ser uma alternativa de cativar o turista, de demonstrar que mesmo com todo o prejuízo tem alguém querendo ajudar de alguma forma, ainda que não seja a solução 100% desejada; e evitaria que os lamentos dos turistas sejam acrescidos dos lamentos dos empreendedores do turismo.

 

A situação não é fácil nem a solução é simples, a solução é complexa e muito provavelmente não acontecerá o ressarcimento de todo mundo, como quase sempre ocorre quando há recuperação judicial.

 

Se aqui no RN a gente se perguntar se “meu turista virá?” a resposta será sim, mas não todos, aquelas pessoas que viajariam apenas com a condição da passagem barata ficarão em casa ou não irão para destinos mais longes. Afagar os clientes nestes tempos de sufoco poder ser interessante. É uma opinião.

 

 

Obs: o jargão “trate bem o turista” deveria ser “trate bem todo mundo, o turista e o potiguar”.

 

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