O anúncio da recuperação judicial da 123Milhas surpreende (pelo menos a
mim) em vários aspectos mas, não necessariamente pela sustentabilidade econômica
do negócio: alguns pacotes eram tão baratos quanto a taxa de embarque!
O que me surpreendeu foi o valor da dívida, na casa dos bilhões de reais,
e a quantidade de pessoas envolvidas que apostaram na ideia: 700 mil pessoas.
Isto significa que, em tese, teremos 700 mil turistas a menos viajando
para o exterior e também aqui no Brasil e, como não poderia deixar de ser, aqui
para o RN. Saber quantos tinham passagens para Natal é um número que somente a
empresa conhecia mas, se imaginarmos que 5% de todo este pessoal pensou em
passar uns dias aqui, seriam 35 mil pessoas. Farão falta, ainda que muitas
destas pessoas comprarão passagens para manter a viagem mas terão que gastar um
pouco menos, o equivalente ao valor da perda com a surpreeendente123Milhas e o
novo valor do bilhete aéreo. Em outras palavras, gastarão menos aqui no RN.
Talvez uma oportunidade de tentar recuperar esses turistas e de outros
destinos seria a união do setor – privado –, dos hotéis, pousadas, receptivos
etc de criar uma super promoção para quem perdeu a 123Milhas e oferecer preços
diferenciados, com uma boa campanha de marketing para valorizar o turista e
fazer valer o velho (e ruim) jargão, “trate bem o turista”. Quem apresentar o comprovante
do prejuízo ganharia 1 diária a mais de hotel, 1 passeio de buggy, algum desconto
em um restaurante ou concorreria a algum prêmio ao comprar nas lojas de algum
shopping. E outras ideias que não seriam equivalentes ao prejuízo mas poderia
ser uma alternativa de cativar o turista, de demonstrar que mesmo com todo o
prejuízo tem alguém querendo ajudar de alguma forma, ainda que não seja a
solução 100% desejada; e evitaria que os lamentos dos turistas sejam acrescidos
dos lamentos dos empreendedores do turismo.
A situação não é fácil nem a solução é simples, a solução é complexa e muito
provavelmente não acontecerá o ressarcimento de todo mundo, como quase sempre
ocorre quando há recuperação judicial.
Se aqui no RN a gente se perguntar se “meu turista virá?” a resposta será
sim, mas não todos, aquelas pessoas que viajariam apenas com a condição da
passagem barata ficarão em casa ou não irão para destinos mais longes. Afagar os
clientes nestes tempos de sufoco poder ser interessante. É uma opinião.
Obs: o jargão “trate bem o turista” deveria ser “trate bem todo mundo, o
turista e o potiguar”.
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