domingo, 21 de abril de 2024

Opinião. Inocentismo garantido

 

Estamos na fase da discussão da descriminalização do porte de drogas, algo que acende um debate importante com posicionamentos de todas as variações possíveis, dos mais amenos aos menos tolerantes às ideias alheias (e opostas).

 

Parece também, na forma da discussão, o debate sobre a criminalização de infrações de pequeno porte e até mesmo das audiências de custódia, da tentativa de evitar a imediata prisão, independentemente do crime cometido. Não tivemos aqui, mas vimos o exemplo de Nova Iorque sobre o projeto “tolerância zero” como forma de combater o crime a partir do exemplo, inclusive considerando as pequenas infrações.

 

Infelizmente, não há uma solução “na prateleira” e pronta para resolver todas as situações, aqui e em outros países. A sociedade, por definição, tem suas complexidades e o convívio social não é uma equação matemática nem uma reação mecânica da física ou da química.

 

Sempre que ouço os debates e estou por perto e sou convidado a opinar repito a mesmo ideia: não há solução prática eficiente para todos e lembro os exemplos de que há países com pena de morte – e os crimes acontecem – e há países super avançados economicamente com seus problemas – lembro sempre que a Dinamarca, Finlândia, Islândia, Noruega, Suécia e Suíça têm prisões, e também pessoas presas.

 

Talvez depois de tentar algumas soluções e ouvindo experiências externas há uma migração para o que chamo de “inocentismo garantido”, ou seja, aplica-se uma regra básica para determinar a prisão e/ou o processo sem adentrar muito no mérito e na situação concreta. Sem dúvida facilita o processo judicial mas, não resolve tudo; da mesma forma que o oposto, o radicalismo, também acho que não.

 

Não há fórmula ideal, volto a repetir, mas assegurar o “inocentismo” de forma simplificada não parece ser o ideal para entender e atender às complexidades da sociedade. Que fazer? Continuar a buscar soluções, a aperfeiçoá-las, não achar que a mais recente é, por ser nova, a melhor. É uma opinião.

Nenhum comentário: