domingo, 2 de julho de 2023

Opinião. Chile não faz fronteira com o Brasil

 

Na Geografia do Continente aprendemos desde cedo que o Chile não faz fronteira com o Brasil. Em um paralelo meramente ilustrativo, às vezes tenho a impressão que a rua Chile deixou de fazer “fronteira” com Natal, tão distante que a Ribeira está da vida diária da Capital e mais ainda, tão distante que a rua Chile está da movimentação de pessoas (e de veículos) na cidade.

 

Foi um tempo, quando a Ribeira dominava a cidade, a rua Chile tinha sua centralidade. Com um grande salto no tempo, tentou-se revitalizar aquela rua com a implantação de bares e as pinturas das fachadas, em uma parceria (publicitária) com as tintas Coral (acho foi com esta empresa), lá nos idos dos anos 1990. Depois, outro bom tempo, o terminal para turistas que foi construído ali no Porto seria a nova redenção da estreita rua.

 

Não houve mais movimento ou movimentação que integrasse a rua Chile. Claro, ainda há empresas e ainda há empregos por ali, mas não na mesma proporção nem na mesma intensidade dos últimos 50, 20 ou até mesmo 10 anos. Os tempos são outros.

 

Agora, a Prefeitura anuncia a desapropriação de dois prédios para transformá-los em repartições públicas. Ali por perto tinha o famoso Iplanat e ainda resiste o Arquivo Público Municipal. Não sei quem vai para lá, mas se for uma repartição com pouco atendimento ao público, a rua Chile continuará quase igual; se for um órgão com grande atendimento ao público, melhor reforçar o sistema de ônibus e prever, além da segurança pública, espaço para estacionamento.

 

Não sei se alguém já comentou sobre esta revitalização. Mas, na verdade, a revitalização passa por dois tipos de movimentos: de pessoas durante o dia (comércio, serviços etc) e de noite/finais de semana (residências). Sem residências, por exemplo, ainda que haja mais atividade empresarial ou sedes da administração pública, nada mudará nos sábados e domingos, os vazios permanecerão a cada semana; não seria uma efetiva revitalização.

 

O Chile não fará fronteira com o Brasil, pelo menos nenhum indicador da geopolítica que preveja esta mudança nas relações diplomáticas que envolva os dois países. Seria, aliás, uma mudança complexa e complicada.

 

A rua Chile talvez elimine a “fronteira” (leia-se, o distanciamento) com a cidade; também é algo complexo e complicado com o atual projeto mas, é um desafio e, como todo bom desafio, não se deve desistir sem, no mínimo, insistir. Muito, por sinal. É uma opinião.

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