Na Geografia do Continente aprendemos desde cedo que o Chile não faz
fronteira com o Brasil. Em um paralelo meramente ilustrativo, às vezes tenho a
impressão que a rua Chile deixou de fazer “fronteira” com Natal, tão distante
que a Ribeira está da vida diária da Capital e mais ainda, tão distante que a
rua Chile está da movimentação de pessoas (e de veículos) na cidade.
Foi um tempo, quando a Ribeira dominava a cidade, a rua Chile tinha sua
centralidade. Com um grande salto no tempo, tentou-se revitalizar aquela rua
com a implantação de bares e as pinturas das fachadas, em uma parceria (publicitária)
com as tintas Coral (acho foi com esta empresa), lá nos idos dos anos 1990. Depois,
outro bom tempo, o terminal para turistas que foi construído ali no Porto seria
a nova redenção da estreita rua.
Não houve mais movimento ou movimentação que integrasse a rua Chile.
Claro, ainda há empresas e ainda há empregos por ali, mas não na mesma
proporção nem na mesma intensidade dos últimos 50, 20 ou até mesmo 10 anos. Os tempos
são outros.
Agora, a Prefeitura anuncia a desapropriação de dois prédios para
transformá-los em repartições públicas. Ali por perto tinha o famoso Iplanat e
ainda resiste o Arquivo Público Municipal. Não sei quem vai para lá, mas se for
uma repartição com pouco atendimento ao público, a rua Chile continuará quase
igual; se for um órgão com grande atendimento ao público, melhor reforçar o
sistema de ônibus e prever, além da segurança pública, espaço para
estacionamento.
Não sei se alguém já comentou sobre esta revitalização. Mas, na verdade,
a revitalização passa por dois tipos de movimentos: de pessoas durante o dia (comércio,
serviços etc) e de noite/finais de semana (residências). Sem residências, por
exemplo, ainda que haja mais atividade empresarial ou sedes da administração
pública, nada mudará nos sábados e domingos, os vazios permanecerão a cada
semana; não seria uma efetiva revitalização.
O Chile não fará fronteira com o Brasil, pelo menos nenhum indicador da
geopolítica que preveja esta mudança nas relações diplomáticas que envolva os
dois países. Seria, aliás, uma mudança complexa e complicada.
A rua Chile talvez elimine a “fronteira” (leia-se, o distanciamento) com
a cidade; também é algo complexo e complicado com o atual projeto mas, é um
desafio e, como todo bom desafio, não se deve desistir sem, no mínimo,
insistir. Muito, por sinal. É uma opinião.
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