domingo, 20 de agosto de 2023

Opinião. Rádios comunitárias

 

Esta é uma daquelas tradições que se perdeu nas cidades de médio e grande portes. Não significa que não exista ainda ou que consiga ter seus adeptos, ainda que em pequeno número. Mas, quando andamos pelo interior do RN é possível captar sinais de rádios comunitárias que oferecem muito mais um serviço comercial ou político do que propriamente um serviço feito para e pela comunidade.

 

É relevante ter ainda estas rádios, demonstra a possibilidade de pluralidade de opiniões e isto, por si só, já é bom. A grande questão está na rentabilidade ou até mesmo no custo de manutenção, pois alguém tem que dedicar-se no tempo e preparação da emissão e exige pelo menos a compra de equipamentos e o suporte técnico. É por isto que algumas destas rádios comunitárias – pois são de pequeno alcance – são mantidas direta ou indiretamente por grupos políticos locais, principalmente para quem está ou estará na oposição (ao perder a eleição) para poder manter uma forma de expressar as opiniões.

 

Hoje, com a concorrência da internet, ainda surpreende a manutenção destas rádios. Agora é até possível ter sua rádio pela própria internet e, como todos os demais meios de comunicação, nem as rádios comunitárias resistem à concorrência e às mudanças tecnológicas. Faz parte do contexto e da realidade, não há como discordar muito e querer que o mundo volte 20, 30 ou 50 anos atrás, como se o retrocesso fosse a solução para os problemas novos.

 

Em Natal pouco escuto rádio e nem sei se há alguma delas dita comunitária com efetiva atuação e público-ouvinte. Espero que sim, até para preservar o contexto da comunicação acessível a todos e da liberdade de opinião, com o devido respeito e limites sociais necessários e imprescindíveis ao bem-estar de todos.

 

Dito isto... acho que a especialização pode ser uma manutenção das rádios comunitárias ao criar programas temáticos (esporte, lazer, educação, moda, embelezamento e até fofocas!) para cativar um público que busca um diferencial. A política parece que continuará sendo o tema mais importante no tempo da programação mas, deve significar apenas a manutenção do mesmo público, sem agregar mais adeptos.

 

Apesar de todas as mídias sociais, assim como as motos no interior não acabaram com todas as carroças, quem ainda usa a tração animal teve que se moldar e se adaptar à concorrência; quem insistiu em bater de frente não durou muito tempo. Para as rádios comunitárias, que nasceram criativas para concorrer com a hegemonia dos grupos de comunicação, é hora de – mais uma vez – reinventar-se. É uma opinião.

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