Que a questão sobre qual energia queremos e teremos no futuro acende
(permita-me o trocadilho) debates calorosos sobre o tema, não há o que
contestar. E são debates regionais, nacionais e internacionais, a pauta sobre a
questão energética é intensa e ainda coloca em dúvida o caminho a ser trilhado
no curto e médio prazos.
Inquestionavelmente as tendências indicam uma necessidade de
descarbonização acelerada como solução para evitar o tal do aquecimento global.
Mas, por vezes o mundo esquece que é desigual e que esta pauta não se aplica uniformemente
em todos ao países, em todas as localidades. Esta dicotomia de energia nova –
digamos assim – e energia velha ainda fará parte de nossa realidade.
No Brasil, semana passada, a notícia de licenciamento de uma usina
nuclear e a proposta de ampliar a exploração de petróleo na tal da Margem
Equatorial apenas nos lembra que o que está em discussão é a energia velha. E por
qual razão? Pelo simples fato de que não há milagre nesta transição, não existe
um botão on-off em que do dia para a noite tudo possa ser modificado; a lâmpada
de Aladim não existe. Em cenários de curto e médio prazos ainda teremos
predominância de energias fósseis ou com maior risco de poluição até, quem
sabe, o horizonte de 30 anos tenhamos um panorama completamente diferente.
Parece longe, mas deve ser visto como perto; e como necessário.
Quando vamos para o aspecto micro a situação segue a mesma tendência. Muitos
consumidores migrando para sua própria produção de energia com a instalação de painéis
fotovoltaicos. Muito se avançou, mas estamos muito distantes do idealismo de
uma autoprodução em massa. E a questão não é mais nem tecnológica (o acesso é
muito fácil), nem técnica (a instalação é simples e com garantia de
durabilidade de 25 anos) e nem mesmo quanto ao financiamento (não faltam linhas
de crédito).
Nosso limitador, no Brasil, é a questão econômico-financeira: nem todo
mundo, aliás, a maior parcela da população não tem como financiar um empréstimo
por 5 ou 7 anos para instalar placas fotovoltaicas em sua casa. Em um país onde
a desbancarização (termo estranho, mas comum) é bem real e a renda média do
brasileiro é baixa, é difícil ter uma longa e duradoura curva de investimentos
individuais (com ou sem crédito).
Há, portanto, limites para a produção industrial como para a
microprodução. Em algumas divulgações otimistas demais parece que a solução foi
encontrada e termos a partir (já de) amanhã um mundo “verde” do ponto de vista
energético. Otimismo é bom, sempre, mas muito otimismo acaba provocando um apagão
de ideias face à realidade “real”. É uma opinião.
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