domingo, 9 de junho de 2024

Opinião. PEC das lagoas

 

A discussão sobre a PEC das praias não é nova nem mesmo exclusiva do Brasil. Há regras bem diferentes em outros países em que o acesso às praias é absolutamente livre enquanto em outros, como a França, é possível “privatizar” o acesso, seja por particular seja por empreendimento (geralmente, turístico, a exemplo de bares, pousadas etc). Difícil chegar a um consenso diante de opiniões distintas e divergentes mas, é muito bom que o tema reapareça no noticiário, lamentando apenas que a discussão enverede pelo campo emocional, deixando de lado o aspecto legal e, principalmente, social.

 

Esta PEC das praias afeta muita gente, afinal o Brasil é um país costeiro e há várias capitais com praias. Mas esta não é realidade em todo o Brasil, não somente nas capitais sem praia como em outras cidades sem praia e muitas outras cidades com lagos e lagoas. Alguns lagos, lagoas ou açudes estão em área privadas e a regulamentação do acesso deve obedecer ao direito de propriedade mas, outras estão em áreas públicas e podem estar cercadas por empreendimentos ou residências que detém o acesso exclusivo.

 

Não li a PEC das praias, mas deveria – se não está lá – ser ampliado o acesso para todos os demais espaços (lagoa, lago e açude) afinal, se a discussão é o direito de ir e vir além do direito à paisagem não há sentido em fazer uma divisão entre água salgada (as praias) e água doce. O princípio é o mesmo. A questão é a mesma.

 

Hoje temos áreas ambientais que são privadas no Brasil e algumas reconhecidas pela legislação estadual ou federal. São algumas reservas florestais, por exemplo, em que os compromissos do proprietário são firmados com o poder público para a preservação do espaço; espaço que, diga-se de passagem, por ser privado pertence a alguém que pode – ou não – permitir o acesso de visitantes, ainda que seja cobrando ingresso e criando regras de visitação/preservação. Em outras palavras, a privatização de espaços que beneficiam à coletividade (visto a questão ambiental) é uma realidade.

 

É que o tema mar chama mais a atenção pois sempre foi entendido como espaço livre, gratuito e de todos. As praias sempre foram consideradas uma área de lazer privilegiada para todas as classes sociais, principalmente para quem não pode usufruir de hotéis beira-mar ou frequentar clubes à beira de lagos ou lagoas. Esta liberdade de utilização acende o debate nacional. Isto é bom. Deveria se estender, acredito, a estes outros espaços de água e também espaços ambientais, privados. É uma opinião.

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