Pode parecer estranha a defesa de tornar as licenças ambientais mais
caras mas, é justamente esta a ideia! Não para todo mundo nem para todas as
atividades, aliás, para um conjunto de atividades bem particulares: a
exploração de petróleo e gás e de energias eólicas offshore. São caras estas licenças
hoje? Deveriam ser um pouco, apenas um pouco mais caras, sem que sejam, claro,
extorsivas. Explico.
A indústria do petróleo é uma das mais ricas em todo o mundo e basta ver
que países produtores de petróleo, bem administradas estas contas, são ricos,
muito ricos. E continuarão ainda por 2, 3 ou 4 décadas, pelo menos. Quem
explora petróleo – em todo mundo – é empresa de grande porte, consideradas aqui
aquelas que têm vários poços em vários lugares, não apenas os remanescentes de
petrolíferas que as abandonaram/venderam por baixa produtividade.
A licença ambiental é cara? Poderia ser mais, apenas um pouco mais. Cada
vez que o dólar aumenta, por exemplo, o faturamento destas empresas aumenta
ainda mais e, mais curioso, sem que tenha havido nenhum esforço de produção,
nenhuma contribuição tecnológica adicional. Se hoje o preço do barril do
petróleo, por exemplo, tiver cotado em US 80 e passar na próxima semana para US
90, qual foi a participação da empresa de exploração de petróleo e gás neste
aumento? Nenhuma, esta é uma variável não administrada por quem produz (no
setor privado). O lucro, no entanto, com este aumento irá direto para o caixa
das empresas enquanto o custo permaneceu absolutamente igual.
Esta é uma razão para justificar um aumento. Mas, novamente, não é um
aumento exagerado que torne um tributo confiscatório, mas uma contribuição
adicional com base no lucro. Se parece estranho, basta lembrar que existe um
tributo chamado contribuição de melhoria e que deveria ser aplicado quando há
benfeitorias na rua, avenida ou praça e que valoriza os imóveis da região; isto
não ocorre pois é anti-voto ou anti-políico, digamos.
Vamos ter uma safra de eólicas offshore, embora ainda sem data para que
o primeiro projeto possa ser iniciado. É outra indústria muito rica e com investimentos
bilionários, não é um mercado para pequenos nem para médios, nem mesmo para
grandes empresas, é coisa de gente muito, mas muito grande mesmo. Quanto
custarão as licenças ambientais? Muito, em reais, mas em percentuais, muito
pouco.
Volto a repetir que não estou defendendo aumento de todas as licenças,
mas ampliando o conceito que já na tabela das taxas: quanto maior a empresa,
maior o valor da taxa ambiental. Há classificação para pequenas, médias e
grandes empresas. Isto já existe, é uma prática comum e aceita por todos. A sugestão
é criar mais uma coluna, para empresas XXL; ganham muito, podem pagar melhor. É
uma ideia.
Obs: É o mesmo princípio do Imposto de renda, as maiores rendas pagam
mais, assim como acontece com a contribuição do INSS, com o IPVA de carros de
luxo e também com o IPTU e o chamado valor venal do imóvel. A regra já existe.
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