segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Artigo: Porto de Natal: 20 anos de uma parceria

O artigo foi publicado na Tribuna do Norte (2 outubro 2011)


PORTO DE NATAL: 20 ANOS DE UMA PARCERIA


O Porto de Natal comemorará uma data histórica na próxima terça-feira, dia 4 de outubro: 20 anos da primeira exportação de melão do Rio Grande do Norte! Um marco que merece ser enaltecido pela parceria que, desde então, foi estabelecidA entre o Porto e os produtores-exportadores de frutas do Estado.

Aquela safra de melão de 1991 prometia um diferencial em relação a todas as estratégias de comercialização e de logística enfrentadas pelos produtores de Mossoró; até então, parte das nossas frutas eram exportadas utilizando o porto de Cabedelo, um percurso adicional de cerca de 200km que não somente dificultava o transporte terrestre como comprometia a qualidade da fruta que demorava mais a chegar a bordo do navio (naquela época não havia exportação por contêiner refrigerado, prática comum e absolutamente essencial na atualidade). Isso sem falar no custo do frete, acrescido em função da distância.

O desafio maior era, portanto, criar uma condição favorável para que nossa produção não passasse aqui por perto sem poder usufruir plenamente do equipamento logístico existente em Natal. Mais do que uma demanda dos exportadores era um desafio para o Porto de Natal que soube buscar, literalmente, no porto vizinho a experiência e o conhecimento para realizar os embarques: visita técnica e iniciativa fizeram com que as condições exigidas pelas empresas transportadoras marítimas fossem também asseguradas no Porto de Natal.

E, apesar da inquietação natural com a “estreia” no novo cenário, tudo deu certo já no primeiro embarque.

Kho-Fu foi o primeiro navio a atracar no Porto de Natal no dia 3 de outubro (para embarque no dia seguinte). Veio buscar 1,2 tonelada entre melão e manga produzidos na região de Mossoró e do Vale do Açu. Era uma iniciativa pioneira e ousada, transferir uma rota com toda a logística já testada para poder oferecer, em condições iguais de serviços, uma vantagem inquestionável para os exportadores do Rio Grande do Norte; e nossos primeiros embarques também tiveram os mesmos destinos internacionais, os portos de Dover, na Inglaterra, e o de Roterdã, na Holanda.

A mudança mais radical, entre 1991 e 2011, certamente está na esfera produtiva. Naquele ano histórico para a fruticultura tropical do Rio Grande do Norte os exportadores eram os ícones na nossa agricultura de exportação: a Fazenda São João, a Maísa e a Frunorte. Hoje, infelizmente, já não produzem mais nem são mais exportadoras. O mercado traçou outras diretrizes para essas fazendas mas não tirou, em momento algum, o brilho de terem sido as pioneiras no mercado internacional de frutas do Rio Grande do Norte.

Se a contribuição da Fazenda São João, Maísa ou Frunorte para nosso comércio internacional não aparecem diretamente hoje em dia é apenas e tão-somente porque não são mais exportadoras; mas é inegável que a contribuição indireta permanece nos dias atuais: foi graças as essas empresas que o Rio Grande do Norte entrou – e permanece – no cenário internacional. Hoje, também para o Porto de Natal, os desafios são outros, assim como o cenário local ou internacional são mais desafiadores e a concorrência é bem mais acirrada: naquela época não tínhamos grandes portos nos avizinhando, como Pecém, em Fortaleza, e Suape, na proximidade de Recife.

Temos um porto que, mesmo sendo de “pequeno porte” proporciona – aproveitando o clichê – “grandes negócios”. Nossa estratégia de internacionalização passa, necessariamente, pela continuidade do Porto de Natal e, mais ainda, pela necessidade de sua expansão, de crescimento em capacidade de oferecer, novamente, mais serviços (que hoje os importadores também já sabem bem aproveitar, do trigo, mais há mais tempo, aos recentes desembarques de equipamentos das eólicas). Os projetos e as ideias de expansão de um “novo” Porto já existem e merecem toda a atenção; afinal, não é possível pensar em desenvolver nossas exportações sem uma logística de suporte sempre mais eficiente e competitiva.

Já são duas décadas de uma parceria de bons negócios para a fruticultura do Estado. Hoje os exportadores têm outras opções, sem dúvida, mas o Porto de Natal continua sendo fundamental para nossa realidade econômica. No próximo dia 4 de outubro será apenas um marco comemorativo de 20 anos ininterruptos de sucesso nas exportações de frutas do – e pelo – Rio Grande do Norte; na semana em que os preparativos da primeira exportação a granel (o minério de ferro) acontecem pelo Porto de Natal, que venham os próximos anos com muitas outras consolidadas comemorações, de parcerias históricas repetidas ao longo dos próximos anos.

Otomar Lopes Cardoso Junior

Nenhum comentário: