domingo, 14 de agosto de 2022

Opinião. O ano do batom

 

Alguns fatos curiosos aparecem neste período de quase pós-pandemia revelando algumas tendências relativamente surpreendentes seja quanto ao conteúdo seja quando aos valores. A notícia nova, desta vez, vem da França que registrou um aumento de 5,8% nas vendas de cosméticos no semestre passado; e a notícia é complementada com a explicação, de que apesar do aumento da venda de perfumes e de produtos de maquiagem, a venda de batons aumento em surpreendentes 57,3% no primeiro semestre deste ano! Os valores – expressivos – foram puxados pelo consumo interno como também pelas exportações para os Estados Unidos e China.

Os quase dois anos com muitas restrições modificaram o perfil de consumo em todos os mercados, para mais ou para menos, e mudaram todos os parâmetros de comparação existentes. Agora, sempre que há um crescimento em um determinado mercado a primeira comparação é com o nível de vendas-consumo do período “pré-pandemia”.

 

A vaidade, em alta

Aliás, sempre esteve em alta e continuará sempre, com ou sem crise, qualquer que seja ela. Basta lembrar que os desfiles de moda e os lançamentos de produtos continuaram, inclusive aqui no Brasil embora, claro, não no mesmo ritmo de 2019. Curioso é que este indicador – do batom – revela duas outras situações: primeiramente, o óbvio, de que todo o mundo está buscando, de forma mais acelerada, talvez, a recuperar a situação anterior, uma tentativa de diminuir os efeitos da pandemia e de abrir um horizonte mais otimista; em segundo lugar, mostra que a vaidade feminina continua bem, apesar de alguns radicalismos religiosos e de tentativas de culpabilizar as mulheres vítimas de violência doméstica (como se o mulher fosse o objeto do namorado, marido etc e o lado feminino não pudesse ser valorizado de forma individual).

 

Em breve, o Natal

Talvez os números de vendas de produtos de beleza mudem ao longo deste semestre diminuindo um pouco este impacto com a retomada da normalidade no cotidiano e com o fim do uso de máscaras, mesmo por prevenção. Considerando que a programação para o Natal já deve estar bem adiantada nas grandes lojas e principalmente nos shoppings, talvez seja hora de mudar um pouco o perfil das campanhas e sobretudo das premiações.

Avaliar a mudança, por exemplo, dos prêmios materiais (carros, eletrodomésticos etc) por prêmios de “bem-estar”, tais viagens, spa, shows, aventuras esportivas etc. Depois de um duro período de muitas restrições, o bem-estar voltou à moda. Pode ser que seja o ano do batom (cosmético) ou o ano do Batom (chocolate) mas, de qualquer forma, seria uma boa sintonia com o consumidor se os shoppings reconhecessem, pelo menos neste próximo Natal que, sentir-se bem (ainda) é essencial.

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