Todo Natal, e já há alguns anos, a cena, ou melhor, as cenas se repetem
pelas ruas da Capital; muitas famílias com muitas crianças nos sinais e pontos
estratégicos a pedir doações para a festa do dia 24. Primeiramente, deve-se
preservar a liberdade de estar nas ruas e de solicitar as doações, não há o que
fazer contra este direito mas, também, não pode ser exercido de qualquer forma,
em especial com a utilização de crianças.
Se há liberdade de fazer os pedidos e de contar com a contribuição da
população, o lado negativo e que deveria ser coibido é a utilização das
crianças de forma indevida. É claro que elas reforçam a imagem da necessidade
de muitas famílias que não poderão comemorar o Natal como deveriam e como
mereceriam mas, o que deve ser coibido é o abuso. É uma linha tênue muitas
vezes e deve ser observado com todo o cuidado: volto a insistir, o direito de pedir
e de manifestar, de estar nas ruas, é absolutamente legítimo mas, como toda
forma de expressar a vontade individual e popular, também deve ter regras.
Este não é um problema nem local, nem estadual nem mesmo nacional. É comum
ter muitas pessoas nas ruas em várias cidades do mundo, mesmo nos países mais
ricos.
Não há, aparentemente, solução prática e imediata para a solução
definitiva da crise de renda e emprego, mas pode haver iniciativas que protejam
mais as crianças e que ofereçam condições mais favoráveis para celebrar
condições de vida melhores, em especial no Natal quando “todo mundo” está
pensando em festas.
Uma assistência social mais efetiva poderia proteger mais as crianças,
sem utilização de força bruta, e oferecer uma atividade e condições mais
adequadas para o Natal. Talvez encantem algumas delas e permitam que as famílias
possam repensar a situação caótica.
Não há solução prática, nem fácil.
Mas, deve haver alguma solução, ainda que parcial, não para mudar o
cenário, não para que ninguém veja as famílias com as crianças nas ruas, mas
para que elas possam encontrar outras possibilidades de também aproveitar o
Natal. Não é mascarar a realidade, mas mudá-la, ainda que em pequenas etapas,
pois começar já é avançar.
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