A COP-28, assim como todas as midiáticas em excesso, acabam trazendo as
mesmas perguntas de sempre e uma mesma resposta sob a forma – curiosamente – de
pergunta: COP ou não-COP?
Discutir a descarbonização em um dos locais de maior produção de
petróleo do mundo é algo curioso, minimamente duplamente curioso. Afinal, é
importante debater o tema no local que ajuda a poluição (com a produção de petróleo)
para tentar convencer o pessoal a mudar de ideia ou de nada adianta discutir o
tema justamente onde “nasce” a poluição com o petróleo explorado?
Acho que os dois grupos antagônicos para as respostas estão com suas
razões. Não será fácil a transição energética nem atingir a meta global para o
ano de 2050. Para utilizar um país rico como exemplo, em que a consciência ambiental
está “uns cem anos”... à frente do Brasil, a Bélgica em duas décadas avançou
apenas 20% de sua meta e pretende para estes quase 30 anos até 2050 avançar os
80% que faltam. Possível? Sim, bem plausível, é um país rico, há consciência
ambiental e os governantes + sociedade estão investindo em soluções micro e
macro.
Aqui, como em vários países em menor facilidade econômica, a barreira é
maior, mas nem por isto impossível de melhorar a questão ambiental. Temos algumas
políticas macro, a exemplo das energias renováveis em que grandes defensores
são as grandes empresas que visam os grandes lucros com os grandes contratos de
fornecimento de energia derivados de grandes investimentos. Muito grande a
frase com muitos “grandes” para demonstrar que temos que atuar na questão
micro, também.
Podemos avançar mais nestes aspectos e adotar medidas mais incentivadoras.
Exemplos? Proibição das sacolas plásticas, maior utilização de veículos
elétricos, limitação de incentivos fiscais às empresas que não programem sua
transição energética, maior incentivo à coleta seletiva etc. É, também, e quase
antes de tudo, uma questão cultural que leva tempo para mudar, mas que não é
tão impossível quanto parece. Em 1-2 gerações a sociedade mudou seu pensamento em
relação ao casamento, à liberdade e autonomia das mulheres, ao respeito à individualidade,
à expansão do direito do consumidor, à necessidade de políticas afirmativas
para as classes sociais mais desfavorecidas e tantos outros exemplos que, se
fossem anunciados no começo deste século causariam alguns choques culturais.
Precisamos também de políticas públicas exemplificativas. Cada
Prefeitura, por exemplo, poderia utilizar algumas premissas em favor do meio
ambiente e mostrar como exemplo, uma possibilidade da população fazer o “copiar-colar”
do que funciona e dá certo.
Em tempos de IA, o tão antigo “copiar-colar” pode ajudar muito, seguir
bons exemplos – reais – seria interessante. Com ou sem COP.
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