domingo, 17 de dezembro de 2023

Opinião. Não faça xixi na cama, de novo

 

De vez e quando, acho que já comentei aqui outras vezes, algumas ideias saudosistas são retomadas pelo simples fato de que alguém sente saudade do passado... É mais ou menos como adulto comprar brinquedo infantil para lembrar-se do tempo que jogava aquilo que hoje não chama mais atenção, ou reclamar da música em uma festa pelo fato de não ter nenhuma música “conhecida”, apenas artistas novos.

 

O aspecto contrário desta ideia saudosista é o que eu chamo “não faça xixi na cama, de novo”. Voltar ao passado pode ser bom, mas não é a regra geral. Muitos dos que se lembram de ideias e projetos de antigamente ficam apenas com uma (pequena) parte do que era bom mas, tal como na infância há memórias boas, ninguém gosta de se lembrar que as crianças faziam xixi na cama (e isto significa, claro, eu; e você também, claro).

 

Estes saudosismos parece que são mais lembrados no período natalino, na hora de escolher alguns presentes e reclamar dos atuais, pois “não era como antigamente” como também na política quando projetos antigos são reempacotados (antigamente se diria se algo da reengenharia; lembra?) e parecem inovadores. Sem dúvida, para o público de média idade até rende alguma aprovação mas, para a turma mais jovem, não tem muito significado, é a evolução (positiva) que interessa.

 

Quando vejo ideias sobre revitalização territorial sem modernização e atualização dos conceitos, fico pensando se o modelo antigo das indústrias poluentes, vizinhas a muitas residências, também entraria no saudosismo. É claro que este lado negativo é esquecido e principalmente pelo fato de que o mercado e os consumidores não aceitariam mais este retorno ao passado. Vale lembrar que, infelizmente, nem mesmo os museus atraem um contínuo e constante número crescente de visitantes, mesmo com a modernidade do mundo virtual; não perdeu seu interesse, claro, e mantém sua importância, vale a pena ressaltar.

 

Andar de trem ou de carroça pode oscilar entre pitoresco e ultrapassado, entre útil e dispensável, dependerá do trem (qualidade e disponibilidade) e da carroça (passeio turístico e não meio de deslocamento). Projetar o futuro com ajuda e compreensão do passado, preservando-o, é fundamental; mas, lembrando: ”não faça xixi na cama, de novo”. É uma opinião.

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