domingo, 21 de julho de 2024

O erro da inteligência humana

 

A confusão gerada por um erro na atualização de um aplicativo mostrou que o impacto (quase) global da dependência da informática é real. É que algumas pessoas achavam que era tão natural a internet da vida que dificilmente algo catastrófico poderia acontecer. Provavelmente os mais novos não se lembraram dos choques do petróleo de 1973 e 1979 quando, guardadas as devidas proporções, o mundo percebeu que dependia de um fator único, o petróleo. A semelhança entre 1973 e 2024 está no impacto que uma decisão única pode causar em todo o mundo.

 

Os mais espertos e mais preocupados assustaram o mundo em 1999 com o tal do “bug do milênio”. Sobrevivemos. Não foi um bug este da semana passada, pois foi um erro de atualização de um programa e não um falta de previsão (o bug, diziam, aconteceriam pois os computadores tinham programado duas casas decimais para o ano e assim, saltaria de “99” para “00” e provocaria um efeito maluco nas máquinas que não conseguiriam entender que “00”, ou o ano 2000 seria posterior a “99” ou ao ano 1999).

 

Curioso é que em tempos de inteligência artificial o erro foi por causa da inteligência humana... Isto nos lembra que a inteligência artificial – pelo menos no momento – é uma junção gigantesca de fatos passados em que as semelhanças que já existiram permite criar não fatos novos, mas fatos iguais aos do passado: quando pergunta-se algo ao ChatGPT ele não “responde”, mas utiliza as respostas mais usadas ao longo de décadas e oferece uma melhor resposta, a mais utilizada; se a sua consulta basear-se em fatos errados, a resposta ChatGPT será errada.

 

Os futuristas previam este problema cibernético via terrorismo ou domínio das máquinas sobre os homens. Ninguém, no entanto, previu que poderia acontecer por uma simples besteira humana! Isto mesmo, um erro banal, pois simples e corrigível; o erro, vale lembrar, foi banal, já seus efeitos foram bem diferentes.

 

Quanto tempo a inteligência humana continuará a errar? Por muito tempo, pois faz parte da natureza humana. A inteligência artificial ajudaria a evitar este erro? Pode ser. Mas, ajudaria mesmo se tivessem seguido um conceito básico dos cursos de Administração: fazer um pré-teste (mas, se você é do tempo mais “moderno”, o tem em que tudo é uma “dor”, o pré-teste clássico em português antigo é o atual MVP, em inglês moderno e em sigla comercialmente rentável).

 

É provável que alguém até ache este (e outros) texto um verdadeiro erro. É humano, e por isto pode ter erro. De quem escreve e de quem lê, faz parte. É o risco a correr para não “escrever” com foco em um AI (ou IA, como preferem alguns).

sábado, 20 de julho de 2024

E o morro do careca?

 

A tal da engorda não tem polêmica, parece. Haveria, pelo que entendi, um consenso de sua necessidade e a questão é saber dos impactos extra-praia e de alguns efeitos externos, distintos do dia a dia; ou é mais ou menos assim.

 

A praia vai aumentar em termos de faixa de areia e haverá mais espaço para os banhistas. Salvaria, pelo que entendi, a nova forma de destruição do morro do careca, que acontece atualmente, a partir de sua base (durante décadas o medo era o fim do morro a partir de seu ponto mais alto, com o deslizamento de areia e agora, curiosamente, o medo vem de outro lado). Acho que nenhum dos protetores do morro do Careca ao defender a proibição de sua subida previa este fenômeno natural, o foco estava mais no desastre causado pela ação humana. Ninguém subiu mais, pelo menos na mesma intensidade, e mesmo assim a preocupação continua quanto ao fim do morro.

 

Em breve, fiquei na dúvida se toda a obra ajudará a engordar a praia, a faixa de areia, e se ajudará também a preservar o morro do Careca. Acho que se aumentar a faixa de areia as ondas não chegariam mais na base do morro e assim não destruiriam o morro. Parece bem lógico.

 

O que falta, talvez (não vi os estudos) perguntar é se com a ação do vento continuará a ter areia “descendo” pelo morro, diminuindo seu tamanho (a altura) na mesma intensidade de antigamente e sem o anteparo natural, a água e as ondas que limitavam o tamanho e a extensão do deslizamento. Mas será que agora, afastando a água do pé o morro ele continuaria a diminuir de tamanho e se estender pela praia? Teríamos um mini morro no pé do morro do Careca ou tecnicamente isto não seria possível? Compreendo que a engorda da faixa da praia mudará o movimento das águas mas não mudará o movimento da areia: se a força do vento continuar a derrubar a areia do alto do morro, fazendo-a deslizar para baixo, isto significaria que daqui uns 5 ou 10 anos o morro do Careca teria uma “barbicha”?? Ou seja, continuaria a perder altura mas ganharia em largura??

 

Parece meio sem sentido esta pergunta. E talvez seja, se os estudos tiverem demonstrado uma projeção do futuro novo morro do Careca sem o efeito da maré. Senão, acho, continua sendo uma pergunta válida. O morro continuará sendo do Careca, o que teria sido a escolha do nome em função da ausência de mata na parte superior; se mudar o formato, com a engorda, mudará o nome do morro também? É uma hipótese; hora de começar a pensar no novo nome?...

quinta-feira, 18 de julho de 2024

Camisinhas: souvernir extra oficial das Olimpíadas

 

Falta uma semana para a abertura dos Jogos Olímpicos de Paris. Muita gente circulando por lá, um mundo de turistas e também muitos atletas, além de toda a equipe técnica de apoio, dos treinadores aos psicólogos, passando pela cozinha, segurança etc.

 

A estimativa oficial indica cerca de 10 mil atletas competindo e na vila olímpica cerca de outras 5 mil pessoas durante os 15 dias de Jogos. Mas, estas 15 mil pessoas não ficaram todos os dias, não somente pelo fato da maioria ser eliminado logo no primeiro dia de competição, como há competições que duram uma semana apenas, como é o caso do atletismo e da natação. De qualquer forma, serão 15 mil pessoas.

 

E aí vem uma informação (oficial, diga-se) bem interessante: se em Tóquio ninguém distribuiu camisinhas, por causa da pandemia..., agora já estão reservados 300 mil preservativos! Isto mesmo, 300.000. Muita coisa. Acho deve ser a maior concentração de libido e excitação ao mesmo tempo em um espaço geográfico tão limitado.

 

Como disse certa vez uma atleta brasileira que deixou sua colega de quarto do lado de fora enquanto... são muitos atletas e muitos corpos bonitos. Deve ser isto.

 

Fazendo as contas, 300 mil camisinhas para 15 mil pessoas significa que cada um terá “direito” a 20 e para usar em 15 dias, que seria o período máximo para alguns, a grande maioria ficará uma semana. De novo fazendo as contas, 20 camisinhas para 15 dias significa que a disposição dos atletas (e da comissão técnica) é de tirar o chapéu! Não sei se será digno de recorde mas, se alguém conseguir esta marca merecerá uma medalha; das grandes.

 

Ainda neste tom de brincadeira com esta matemática, acho que muita gente trará uma camisinha de lembrança, um souvenir extra oficial dos Jogos Olímpicos de Paris 2024. Não dá para ficar exibindo para todo mundo nem para colocar na prateleira/armário de medalhas e troféus, mas dá para contar belas histórias.

 

Obs: Contei a um amigo desta matemática, 20 camisinhas para usar em 15 dias, e logo já começou a se preparar para os Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 2028. Este incentivo é melhor do que o “azulzinho”!...

 

“Andar de carro velho”

 

Durante anos Ivete Sangalo emplacou (desculpe o trocadilho) um sucesso com sua música “Carro velho” em que em um dos trechos dizia: “Quer andar de carro velho amor / Que venha”; e continuava a música “Cheiro de pneu queimado / Carburador furado / Coração dilacerado”.

 

É claro que a música não tem nenhuma relação direta com a nova Lei Federal 14.921, do dia 10 deste mês, mas me trouxe a imediata lembrança do ritmo musical. A nova Lei altera do CTB, o tal do Código de Trânsito Brasileiro, ao aumentar a idade dos veículos que podem ser utilizados pelas autoescolas na formação de seus alunos. Há duas defesas possíveis para esta ideia escrita na nova Lei: a primeira, é de que ao aumentar a idade do veículo para utilização poderá diminuir o custo do curso visto que as empresas poderão utilizar o veículo por mais tempo; e a segunda, é de que aumentar a idade do veículo para utilização poderá deixar no mercado veículos eventualmente mais poluentes, considerando o desgaste natural do bem e a diferença de qualidade entre um veículo novo e um veículo mais velho.

 

Se perguntarmos aos donos das autoescolas é bem provável que 100% respondam que a nova Lei é uma grande vantagem assim como se perguntarmos aos usuários é bem provável que 100% responsam que preferem dirigir em um carro novo e mais moderno, mesmo se não será o modelo/ano que comprarão.

 

Até então os carros da categoria A poderiam ter 5 anos de fabricação e agora, até 8 anos. Os mais comuns, da categoria B, passam de 8 para 12 anos de uso e os mais pesados, das categorias C, D e E saem dos 15 para os 20 anos. Um carro comum, aquele dos condutores da categoria B, com 10, 11 ou 12 anos de uso, intensivo, como é nas autoescolas, já não é a melhor das experiências, de conforto e de tecnologia embarcada, como se dizia antigamente. São modelos que, eventualmente, nem estão mais na linha de produção, ainda que circulem muitos deles nas ruas e estradas.

 

Talvez o mais grave sejam os veículos maiores, caminhões e ônibus. Permitir que alguns mais “velhinhos” sirvam de referência para quem está começando a aprender a dirigir não parece ser uma boa ideia. É bem verdade que a durabilidade ou vida útil de muitos deles ultrapassa os 20 anos (e às vezes nem notamos isto na rua) mas, apenas estimula a continuidade de veículos mais poluentes nas cidades.

 

Financeiramente pode ser uma boa iniciativa, as autoescolas não precisarão investir agora e se o preço não aumentar para seus alunos, todos ficarão satisfeitos. Mas, economicamente talvez o custo ambiental não compense, a médio e longo prazos. Ainda que haja críticas, das simples às mais contundentes, sobre os veículos particulares, a boa política a ser adotada deveria ser aquela de alguns países europeus: quanto mais velho o carro, maior o custo de licenciamento, tudo para estimular a renovação da frota e a melhoria ambiental e de segurança dos veículos. Não podemos fazer isto aqui, nossa economia e a renda da população não permitiria isto, seria quase uma penalização para as pessoas com renda menor.

 

Se não temos como melhorar este perfil, poderíamos apenas manter a atual situação. Seria simples, do mesmo jeito. E eficiente.

quarta-feira, 17 de julho de 2024

Divertida Mente: antes do 1

 

O filme Divertida Mente 2 já alcançou a melhor bilheteria do cinema no Brasil. Foi lançado em 20 de junho e já rendeu mais de R$ 360 milhões em bilheteria, marca que impressiona nestes tempos mais modernos de internet e de streaming: ainda tem gente saindo de casa para se divertir e assistir um filme na telona e, convenhamos, um filme que poderia ser considerado até infantil ou simplesmente engraçado, uma animação fantasiosa que consegue contagiar grande público.

 

O filme, agora Divertida Mente 2, segue o mesmo perfil do anterior e trata das reações humanas mais comuns e gerais, presentes em todos: alegria, tristeza, medo, raiva e nojinho (como é relatado na divulgação). Talvez esta mensagem subliminar que gerou tanto interesse, de ver – em animação – como o ser humano consegue ser completo e contraditório em determinados momentos, opondo por exemplo a alegria e a tristeza ou reunir medo e raiva.

 

Guardadas todas as proporções, é assim também na política e no mundo dos negócios. Na política alguns perfis oscilam entre 1 ou 2 destes temas enquanto outros tentam focar em apenas um para vender a ideia do medo (e o candidato ser a solução), da alegria (e o candidato ser o responsável por aumentá-la), a tristeza (e o candidato conseguir superá-la), a raiva (e o candidato incentivá-la e direcionando para um público específico ou aspectos econômicos, por exemplo) ou ainda do nojinho (e o candidato mostrando que a sensação é causada pelo atual sistema e seus administradores, que estragam tudo na cidade ou no país).

 

Faço esta comparação ainda no começo do período eleitoral formal, daquilo que teimosamente chamam de pré-campanha mas que já é na verdade a campanha, apenas sem o número do registro dos candidatos. Já faz um bom tempo as campanhas centravam mais entre a alegria e a tristeza com a promessa de boas soluções ou de melhoria da situação atual, vendia-se promessa por seu resultado; hoje, e já há algumas campanhas, infelizmente, vende-se muita raiva e medo, além do nojinho, como forma de criticar tudo e todos para criar uma ideia de caos e ao mesmo vender a imagem do salvador da pátria, do endeusamento e da personalização do candidato muito mais por suas críticas do que por suas propostas reais (muitas vezes há até propostas, mas tão genéricas que parecem mais uma  mera lista de boas intenções).

 

Em breve começam as convenções partidárias. Serão discutidas alianças e acordos, parcerias com interesses pessoais. Ideologia ou programa de trabalho, nada ou muito pouco.

 

E isto não tem nada de divertido, embora pareça um pouco com Divertida Mente: pura fantasia, mera animação e depois que terminar este “filme” (a eleição) voltaremos para a crua realidade; esperando pelo próximo “filme”. Tudo isto não rende bilheteria recorde, mas mexe com muito dinheiro; o meu e o seu. Por isto votar, e votar bem é importante.

terça-feira, 16 de julho de 2024

Nosso camarão é verde?

 

O RN produz camarão há tempos, todos nós sabemos. É histórico. Depois, veio o projeto camarão, uma agradável iniciativa mas que não prosperou por erro na sua fundamentação e leitura do mercado. Nos anos 1990 e 2000, principalmente, tivemos uma verdadeira febre de camarão no RN. De repente, quase literalmente, muita gente decidiu ser produtor de camarão, o lucro era alto!

 

Já passamos pelo tempo em que o camarão era vendido (e muitas vezes com pagamento antecipado!) antes mesmo da despesca, ou seja, nem terminava de “produzir” o camarão e o produtor já estava recebendo seus dólares ou euros da venda. Era bom, muito bom. Depois, com o tempo a concorrência internacional voltou à normalidade e muita gente foi ficando pelo meio do caminho. O RN já teve o camarão como principal produto de exportação, superando 3 vezes mais o valor com o melão, para chegar agora e já há vários anos a sequer registrar uma exportação ou então em valores irrisórios.

 

Ainda temos muitas fazendas e bons empresários do ramo. Houve um “depuração” do mercado e quem já era do ramo ou quem aprendeu rapidamente, conseguiu manter-se nele até hoje. Mas agora, para atender ao mercado interno.

 

Quando a produção começou a crescer exponencialmente um dos aprendizados era que camarão também adoecia! Parece até curioso dizer isto mas, como em toda produção animal em larga escala, é necessário prevenir quanto às doenças. E os produtores de camarão começaram a contratar profissionais da área e comprar antibióticos para colocar nos tanques de produção. Remédios preventivos para camarão, que muito nos acostumamos a ver grandes quantidades nos barcos de pesca que chegavam do mar carregados (se naquela época alguém comentasse sobre antibiótico para camarão seria taxado de louco; ou pior).

 

Evoluímos muito e temos muitos profissionais no mercado.

 

Mas, não sei se conseguimos produzir camarão verde! A cor aqui guarda a mesma relação com o boi verde, uma criação intensiva mas com muitos cuidados ambientais, um pasto verde sem agrotóxicos e uma alimentação mais equilibrada. Acho que ainda estamos produzindo camarão à base de ração (pois facilita a engorda de forma mais rápida); não sei se mudou muito.

 

Em tempos de muitas inquietações ambientais, se o nosso camarão é “verde” está faltando propaganda para enaltecer esta característica” E, se ainda não é “verde”, talvez alguma pesquisa possa contribuir para chegar lá; e, chegando lá, não deixar faltar propaganda para o mercado. Quanto agregaria no preço pago ao vendedor pelo camarão verde? Não sei, mas certamente há mercado para os “produtos biológicos”. Em todo o mundo.

segunda-feira, 15 de julho de 2024

Dia do homem. Do homem brasileiro

 

Hoje o Brasil e celebra o Dia do homem. Uma data, aliás, bem brasileira visto que o Dia internacional do homem é celebrado em 19 de novembro (é por isto que há o “novembro azul”). Apesar das divergências entre o homem brasileiro e o homem estrangeiro, pelo menos em termos de data..., o propósito é o mesmo e não tem nada a ver com alguma oposição ao movimento feminino ou feminista, já é bom adiantar.

 

A data pretende conscientizar o homem que ele precisa se preocupar com sua saúde e que existem algumas doenças que são típicas do homem, a exemplo do câncer da próstata. A questão central é que enquanto as mulheres, historicamente, cuidaram de sua saúde em função das particularidades genéticas/biológicas, os homens tendem a desprezar alguns cuidados, “preferindo” apenas prevenir-se das doenças comuns (coluna, visão, fígado etc).

 

O dia trará também à tona não somente esta discussão sobre a saúde mas sobre a igualdade entre gêneros. E nesta discussão estamos “perdendo” em pelo menos dois aspectos generalistas: de um lado na saúde nas empresas e do outro a saúde no espaço educacional. Nestes dois itens as mulheres estão bem mais avançadas na prevenção e informação e há mais políticas públicas disponíveis.

 

Começando pela saúde nas empresas. É bastante comum que haja atendimentos próprios para as mulheres nas médias e grandes empresas, com maior disponibilidade de informação e num setor de pessoas mais dedicado aos cuidados da saúde da mulher. Há, claro, ainda um viés com foco na ausência ao trabalho que, felizmente, é cada vez menor em relação à própria conscientização da vida e da saúde. Há, muitas vezes, programas que preparam as mulheres para que tenham muitos cuidados biológicos na preparação para ser mãe como também cuidados pessoais para enfrentar eventuais adversidades com a mudança no corpo mas principalmente no novo formato de vida: ter que cuidar de um bebê. Mas, quase não temos conhecimento de programas de preparação para homens que querem ser pais: qual o papel na gestação e no cuidado da criança, principalmente nas primeiras semanas e meses? Como tornar-se, como e diz popularmente, “pai em tempo integral” junto com a mãe? Há, talvez, poucas campanhas sobre o tema nas empresas.

 

Poderia, aliás, deveria ter mais, bem mais informação Seria um bom compartilhamento.

 

No espaço educacional a discrepância não somente é maior como começa mais cedo. Nas escolas há muitas orientações para as meninas na fase da puberdade e da mudança biológica além de disseminação de conhecimento sobre as doenças que afetam as mulheres. Para os meninos, até compreensível, nada ou quase nada. Mas, quando chega na universidade em que os homens já são adultos e podem cuidar da “saúde masculina” é difícil encontrar informação sobre algum programa ou ação universitária sobre o tema; e hoje, com o “envelhecimento” da população universitária masculina, já poderia começar algum programa – bem mais cedo – sobre, por exemplo, o câncer de próstata (e como prevenir e acompanhar).

 

Poderia, aliás, deveria ter mais, bem mais informação Seria um bom compartilhamento.

 

O dia 15 de julho é tão importante quanto o dia 19 de novembro ou todo o mês de novembro azulado. Considerando que temos este privilégio no Brasil das duas datas, bem que poderíamos ter os poderes públicos federal, estadual e municipal conscientizando – também – duplamente sobre a saúde do homem. Quem começa?

domingo, 14 de julho de 2024

Condomínio autossustentável

 

A realidade dos condomínios horizontais tomou conta, há tempo, de várias cidades no Brasil e no mundo e um dos motivos foi a autoproteação criada para seus moradores, uma cidade privilegiada no sentido de que não sofreria com as dificuldades da violência assim como a urbanização interna (limpeza, arborização, calçada, calçamento etc) não dependeria do poder público. Segurança e urbanização privadas, portanto, são duas regras de excelência para os condomínios horizontais, principalmente no Brasil. Paga e quem pode paga por isto, diria, “sem pena”.

 

É claro que os condomínios vendem bem mais do que isto, não é somente a exclusividade e a separação da cidade, uma outra (mini)cidade, mas também a oferta de serviços tais academia, quadras, área de lazer, piscina etc e naqueles de altíssimo luxo, pistas para aviões e pousos de helicóptero, baías para cavalos etc.

 

Faz parte, é a regra de mercado. Apesar das críticas da segregação que alguns das áreas sociais insistem em condenar os condomínios, é um processo social e urbano previsível e quase, diria, “natural” (no sentido de sua previsibilidade, claro, não no aspecto relativo à natureza biológica!). Aliás, particularmente, não sou contra condomínios, daqueles de alto luxo aos mais simples (que também, vale lembrar, segregam o restante da cidade).

 

Mas, temos uma preocupação ambiental crescente e inerente a todos os projetos urbanos, em especial. Por isto a ideia de que todos estes projetos, especialmente aqueles mais luxuosos e principalmente aqueles que ocupam mais espaços (grandes áreas urbanas ou próximas das cidades), devem ter responsabilidades ainda maiores e, desta vez, de ordem externa.

 

É que as responsabilidades internas ninguém contesta, o condomínio tem uma série de serviços e infraestrutura para seus moradores. Poderia também ter uma série de serviços e infraestrutura para atender à cidade.

 

Todo condomínio deveria ser autossustentável; ou talvez aqueles de grande porte, seja na dimensão seja no número de unidades habitacionais, e aqueles voltados para as Classes A e B.

 

A ideia é que tenham, por exemplo, serviços que seriam de responsabilidade da cidade assumidos pelo próprio condomínio e de forma sustentável. Por exemplo, começando pela coleta do lixo que deveria ser obrigatoriamente seletiva e com um mínimo de produção de compostagem, uma forma de diminuir o lixo “compartilhado” com o aterro que atende toda a cidade, além da compostagem ajudar a reduzir o volume na coleta. Deveria também ter um sistema de coleta de água de chuvas e um reaproveitamento de águas internas (águas cinzas) ou minimamente um sistema de pré-tratamento de água antes de lançar no sistema municipal de coleta de esgoto. A iluminação da área comum, as ruas ou a infraestrutura de lazer, deveria ser de responsabilidade interna, ter um pequeno parque fotovoltaico do condomínio.

 

A lista pode aumentar e pode também ser melhorada. A ideia não é fazer com que os condomínios fiquem mais caros e afastem outros públicos desta forma de moradia em espaços coletivos. Mas, é a ideia de que a soma da renda de todos os moradores possa ser utilizada, cada um pagando pouco, para melhorar o impacto na cidade e diminuir as demandas junto às prefeituras; que poderia direcionar recursos para áreas mais carentes.

 

Pode ser ousado e até caro impor tudo isto embora acho que para os condomínios de luxo, de alto luxo, não faria mal algum. Poderia começar a ter esta obrigatoriedade para todos os novos projetos e conceder um prazo para os demais, desde que as condições físicas da área e as imposições econômicas permitam.

 

Seria bom ter cada vez mais condomínios autossustentáveis. Se são comercializados como minicidades, que além do IPTU devido contribuam socialmente de outra forma; quanto mais cedo, melhor.

 

sábado, 13 de julho de 2024

Depois da Shein, a Temu

 

A promessa da Shein aqui no RN não ultrapassou uma estação de moda, outono-inverno ou primavera-verão, pode escolher qualquer uma delas. Foi uma boa notícia mas não houve continuidade e ainda não apareceu, salvo estar desatualizado, um culpado pelo fim da parceria: foi culpa da Coteminas ou da Shein? Ou de terceiro? É importante saber que foi o responsável pelo fracasso da parceria pretendida por um grande motivo: que não aconteça novamente com alguma empresa do RN, que não haja tanta expectativa de revolução no mercado local.

 

Quando saiu a notícia sobre a Shein e a Coteminas muita gente ficou esperançosa com a possibilidade das oficinas de costura do ainda Pró-Sertão encontrarem uma nova expectativa de negócios. Era uma possibilidade de voltar a aumentar a produção e de imaginar que poderiam abrir novas empresas de facção, as oficinas de costura. Infelizmente, não aconteceu.

 

Pode ser que a mudança do programa Pró-Sertão – que deverá ser lançado em breve com novo nome   traga uma nova filosofia e mais negócios para o RN. A Shopee chegou aqui, como chegou em vários pontos do Brasil e acho que não será ela quem colocará este novo programa (ou novo nome para o Pró-Sertão) em novo eixo produtivo.

 

Recentemente chegou no Brasil a Temu, como mencionei algumas vezes. Já está até fazendo propaganda para encontrar uma boa escala de negócios. E prometeu que iria concorrer com a Shopee! Bom para consumidor e, esperamos, bom  para o setor produtivo que poderá escoar sua produção com este novo canal de vendas.

 

Não acredito, por outro lado, que a Tamu será o novo rumo de um cenário que foi projetado tal como a parceria Coteminas-Shein. É outra perspectiva, é outra filosofia de negócios; acho até difícil que alguma empresa do RN pretenda ser um de seus principais parceiros. Melhor assim, melhor ficar mais perto do mercado.

 

Shein ou Tamu ou outra próxima que venha tem uma visão diferente de negócios: rentabilidade ao extremo, lucratividade em primeiro lugar, volume de negócios como motor da atividade, são premissas básicas que, vale lembrar, não primam pela questão geográfica; o que vale mesmo é o caixa da empresa, e não o CEP de quem para ela produz.

sexta-feira, 12 de julho de 2024

Turismo em excesso

 

Esta semana outra notícia contra o excesso de turistas despontou no cenário, desta vez na Espanha, os moradores de Barcelona “atirando” água nos turistas. Um dos cartazes dos manifestantes era algo como “mais habitantes, menos turistas”. Não é a primeira vez que este movimento anti-turista em excesso acontece, principalmente na Europa. É cada vez mais comum e está quase se tornando um fenômeno social. Preocupante, e para todos, turistas, quem vive do turista e quem mora nas cidades turísticas.

 

Curiosamente um dos fatores que gerou o turismo de massa e em excesso foi o aumento da renda! Impressionante quando avalia-se sobre este ponto de vista, a reclamação somente pode existir com a presença de muitos turistas e somente há muitos turistas em função da renda de muitas pessoas que podem se dar ao luxo de viajar, e mais ainda ao luxo de viajar para o exterior. É preciso, antes de mais nada, entender que turismo é uma prática privilegiada, não é acessível para muitas famílias, principalmente grande parte da população mundial que luta diariamente para ter o mínimo necessário para sobreviver.

 

Vale – sempre – lembrar que o turismo nasceu (inclusive a palavra inglesa “tour” com sua popularização) para uma elite europeia, muito abastada. Não era para amadores e algo muito longe da classe média. Faz tempo, claro, mas até final do século passado, ou seja, não tanto tempo assim nem muitas gerações passadas, viajar ainda era um bom privilégio. Um parêntesis: alguns aqui do RN conhecem a anomalia, digamos assim, da famosa “penosa travessia do Atlântico”.

 

Quando luta-se contra o turismo de massa e em excesso estaria a população contra o aumento da renda global? Seria isto mesmo? Meio contraditório dizer isto, mas é o que parece visto que as regiões economicamente menos favorecidas não apresentam muitas “reclamações” contra os turistas, visto que trazem muito dinheiro e gastam localmente verdadeiras fortunas em relação à renda local; basta avaliar que há resorts de alto luxo ou passeios exóticos no mundo inteiro que custam fortunas.

 

É necessário discutir o turismo de massa em excesso em todo o mundo. Não devemos nem podemos ficar apenas lendo as notícias nos jornais, blogs e internet e achar engraçadas estas manifestações, entre fechar ruas, apagar trajetos de ônibus do Google ou jogar água nos turistas; parece engraçado, é bem verdade, mas é mais, bem mais do que isto.

 

É necessário discutir o turismo de massa em excesso em todo o mundo. Aqui em Natal e no RN também. Amanhã continuo.

quinta-feira, 11 de julho de 2024

Turismo de engorda

 

A obra da engorda – que é um nome curioso, diga-se de passagem – na praia de Ponta Negra poderá mudar muitas características no local, assim como em espaços mais distantes da orla.

 

Começando pela praia, promete-se uma maior extensão de faixa de areia e a preservação do patrimônio com o fim das ondas que alcançam o calçadão e aos pouco vão destruindo. O morro do Careca que passou décadas sem ter ninguém subindo e, portanto, “derrubando” areia ladeira abaixo, criou um grande batente que alguns, de forma humorada, passaram a chamar de falésia. Quem sabe, já que ninguém é o culpado pelo “paredão de Ponta Negra”, a culpa é mesmo da natureza; será?

 

Com a engorda tudo isto acabaria, anunciam os patrocinadores do resultado da nova obra. Mudará também muito a paisagem da praia e, se entendi direito, teremos uma faixa de areia bem mais larga em toda a praia; no início, se for isto, tenho certeza, será uma grande faixa de areia e pouco tempo depois, tenho lena convicção, será uma grande faixa de barracas de praia... todas ocupadas por pessoas que passarão a cobrar de quem pretende ocupar um espaço público. Já é assim com a faixa de areia menor, imagine a “oportunidade de mercado” com o aumento deste espaço.

 

Mas, esta deve ser a menor preocupação social e urbanística da cidade, se a engorda não afetar a movimentação da maré e o deslocamento de areia nas praias vizinhas.

 

É que basta lembrar Barcelona e a preparação da praia para os Jogos Olímpicos. Uma praia urbana quase abandonada e feia e que hoje é um ponto de frequentação e, mais ainda, com a revitalização da área tornou-se um dos principais pontos turísticos da cidade (assim como o bairro), com a natural ocupação do comércio para os turistas, cheio de bares e restaurantes, aumento no preço do aluguel e toda uma mudança no sistema de transporte público, iluminação, segurança etc.

 

Transpondo este resultado para Ponta Negra. Se a faixa de areia vai aumentar, haverá uma natural expectativa de maior frequentação de pessoas, entre turistas e, acredito, natalenses. E todos deverão chegar por lá pela única via (rua) de acesso à parte principal da praia. Em alguns dias o trânsito ali já é caótico e depois que diminuíram o espaço de estacionamento, a paciência é a melhor dica de quem vaia para lá. Agora, com muito mais gente querendo ir para lá, ficará muito “interessante” todo o fluxo para a praia.

 

Esta engorda não somente engordará a faixa de areia, mas também o fluxo de pessoas e o fluxo de veículos. Todo mundo tendo apenas uma alternativa para chegar lá. Vi que os estudos de impacto ambiental apontaram a necessidade de acompanhar o efeito nas aves migratórias, mas não vi se apontaram a necessidade de acompanhar o efeito dos turistas “migratórios” que tentarão chegar por lá nos finais de semana e na alta estação; aliás, engordará também o fluxo de ruas vizinhas ao acesso à praia, algo que poderá gerar alguma insatisfação para a população local que poderá escolher entre o engarrafamento para Pirangi ou para Ponta Negra!

 

O turismo de engorda afetará a areia. E  o asfalto. Turismo de excesso – também – começou assim.

Uma conta de luz por vez

 

Todo mês chega a notícia da cor da “bandeira” tarifária que estará acoplada à conta de energia. A mais barata é a bandeira dita verde, aquela que não onera a conta além do próprio consumo de cada cidadão e de cada empresa. Em tempos mais antigos da política, aqui no RN, a torcida seria sempre por um bacurau ou aluizista, visto que durante anos algumas casas eram decoradas com bandeiras verdes na época eleitoral, atestando a filiação partidária ou ideológica.

 

Quando saímos da bandeira verde já sabemos que haverá um extra a ser pago, e por todos praticamente. E no mês seguinte ficamos a esperar qual será a nova decisão do momento. Já nos acostumamos tanto, parece, que ainda que o valor individual seja baixo, ninguém nem reclama mais, nem protesta publicamente nem mesmos discursos políticos empolgados contra o aumento da conta são relatados. A decisão da bandeira é para remunerar as outras formas de produção de energia que são mais caras do que a produção das hidrelétricas e apesar de todo o aumento da produção eólica e fotovoltaica, sem falar na produção individual que muita gente contratou, ainda não é suficiente. Já comentei, inclusive, sobre o tema.

 

Já gastamos muito com estas bandeiras. Já poderia ser tempo de encerrar esta conta extra, principalmente pelo fato de que ninguém consegue adivinhar ou antecipar a nova fatura pois depende, claro, das condições climáticas, mas também de cálculos complexo e inacessíveis ao cidadão comum. Decide-se pela bandeira e fica tudo ok. Não é um argumento sobre a ilegalidade do cálculo, mas bem que uma organização poderosa, daqueles que defende o cidadão, poderia verificar a conta.

 

E mais ainda, acho. Será que não haverá nunca uma solução para o fim das bandeiras? Apenas quando as barragens registrarem os 100% de água? Entendo o fim das bandeiras, no sentido do fim enquanto finalidade, mas ainda não entendi (ou não conheço) o fim das bandeiras, no sentido de que um dia não teremos mais, de que será eterno.

 

Eventualmente até, é uma nova opinião, se todo mês fosse cobrado o valor simbólico de um real em cada conta quando houver bandeira verde será que não seria possível aplicar estes recursos na produção de energia, tudo isto para evitar a continuidade da taxação extra? Já tivemos taxa extra na gasolina e o resultado foi nulo para o consumidor: pagou muito e não viu o problema solucionado.

 

Com tanto vento disponível, bem que poderíamos recolher todas estas bandeiras.

quarta-feira, 10 de julho de 2024

Renunciar à herança política

 

A aproximação da eleição de outubro e mais perto ainda das convenções partidárias vai resgatar alguns passados mais recentes ou mais longos, aqueles em que as heranças políticas foram construídas e serviram de plataforma para quem está hoje no poder. Na vida privada a herança não é obrigatória e o beneficiário pode simplesmente recusá-la (sempre integralmente), sempre dependendo de um ato expresso para dizer que não quer receber aquele patrimônio (no caso, financeiro).

 

Na política vemos muitas heranças abandonadas, muitas composições novas realizadas e muitos resgates históricos de interesses que contribuíram para o sucesso como também para o fracasso eleitoral. O mais interessante é que estas heranças são transitórias, muito volúveis e bastante adaptáveis, quase ao gosto do cliente e da vez.

 

Na política a composição é a regra do jogo, sempre que há um domínio sem oposição ou sem possibilidade de contraposição é bastante provável que estejamos diante de uma ditadura; e se não houve nenhum oposição, seja de direita seja de esquerda, é das mais cruéis ditaduras.

 

O exemplo das eleições legislativas na França neste domingo mostram que a composição de alianças é necessária para chegar ou poder ou nele manter-se. Aqui a aliança da esquerda com os centristas (ligados ao Presidente Macron) foi chamada de cordão sanitário, para combater a tomada do poder pela extrema direita (que reclamou da aliança, chamando-a de espúria). O mundo inteiro, praticamente, aplaudiu a aliança de opiniões político-partidárias diferentes e algumas vezes contraditórias. É o jogo da política e, vale lembrar, não tem nada a ver com Maquiavel, é bem mais antigo.

 

Muitas heranças políticas brasileiras são transitórias, seguem para um lado, depois para o outro e assim flutuam no cenário. É quase o princípio da economia circular, no sentido em que há verdadeira circulação de apoios e de combates.

 

No mundo privado, familiar, se alguém recusa uma herança não poderá mais mudar de ideia, é um ato irrevogável e irretratável. Na política não há como fazer igual mas bem que poderia ter uma regra de transição, como acontece em alguns cargos públicos: encerrada uma aliança política ela somente poderia ser retomada na próxima eleição. Pode ser que a ideia venha a gerar alguma confusão e alguma dificuldade de colocá-la em prática, mas faria com que os partidos fossem 100% políticos. É a política.

terça-feira, 9 de julho de 2024

Semestre universitário

 

Não sei quando começou a primeira universidade no mundo nem quando começou a primeira no Brasil. Certamente uma pesquisa básica no Google  encontrará rapidamente a resposta; por isto, não sei quem foi que inventou o tal do “semestre letivo”. Em países europeus a prática universitária é o ano letivo e como o calendário de lá é diferente, no meio do ano letivo temos as festividades de Natal e Ano Novo, o que provoca uma pausa nas aulas.

 

Aqui no Brasil, desde que me lembro de universidade e desde que fui à primeira aula, o conceito de semestre letivo é o determinante. E vale para graduação, mestrado ou doutorado: toda disciplina começa e termina em menos de 6 meses (em geral, quatro meses e meio), inevitavelmente; temos até a particularidade de disciplinas “continuadas”, ou seja, algo como Direito Civil 1, Direito Civil 2 etc, uma divisão criada para poder encaixar o conteúdo no semestre.

 

É o conteúdo que se encaixa no calendário acadêmico e, de forma coincidente, todas as disciplinas, apesar dos conteúdos distintos, têm a mesma duração: uma disciplina da Matemática, da Ecologia, do Direito ou da Educação Física terá a mesma quantidade de aulas do semestre, a única diferença será a carga horária de cada uma delas (mas que em geral ocupam 4h/aula por semana).

 

Esta introdução é para lembrar que pode ser hora de mudar alguma coisa no mundo universitário. Primeiramente, começaria pela redução no tempo dos cursos. Parece meio contraditório dizer isto quando há cada vez mais conhecimento mas, por outro lado, é a quantidade de inovações que faz com que uns conhecimentos lá do começo do curso já tenham se tornado obsoletos ou críticos e isto vale especialmente para as áreas tecnológicas.

 

Mas, a proposta é outra: será que trabalhar com conceito de quadrimestre melhoraria o resultado acadêmico? Não ficaria tão extenso quanto os seis meses de aula, os conteúdos seriam mais condensados por quadrimestre e, em caso de paralisações daria até para “esperar” o fim do quadrimestre antes de iniciar a greve (que é um direito, vale lembrar!). Antigamente uma aula tinha duração de quase 2h; hoje ainda, mas é cada vez mais difícil manter a atenção do estudante por “tão longo” tempo. O ciclo poderia ser menor, os estudantes que chegam hoje à universidade recebem uma grande carga de conteúdo nas escolas e a preparação para o Enem é intensa, há muita informação que antes fazia parte de alguma grade curricular.

 

São outros tempos, diria. Poderia também ser tempo de repensar o... tempo do semestre letivo universitário.

segunda-feira, 8 de julho de 2024

Cidade biológica

 

Os últimos acontecimentos climáticos em cidades brasileiras apenas nos aproximou da necessidade de repensar, mais uma vez, como devem ou como deveriam ser as cidades. Na esteira da tragédia no Rio Grande do Sul outras aconteceram na Alemanha (inundações), nos Estados Unidos (furacão) ou na Suíça (deslizamento de terra de montanha). Claro, não foram as primeiras e nem serão as últimas, e algumas delas o drama foi pontual (no sentido de que deslocou poucas pessoas de seu local de residência) enquanto outras o drama foi bem extenso.

 

É assim com as cidades e, embora tenha alguma correlação com a questão climática, esta questão é um fator inerente aos espaços urbanos. O clima global mudou e alguns céticos acham que é passageiro, outros estudiosos dizem que faz parte do ciclo da natureza e os mais enfáticos dizem que é o aquecimento global.

 

Qualquer que seja o impacto ambiental há uma variável incontrolável e outra variável relativamente controlável ou relativamente incontrolável. O que é certo é que o clima é um dado incontrolável, não há como modificá-lo – por enquanto – para fazer o desvio de chuvas torrenciais, diminuir a quantidade de água que cairá ou desviar um furacão ou ainda evitar enchentes; talvez daqui a alguns séculos chegaremos por lá, mas acredito que não verei este domínio da natureza.

 

Mas, acho que posso ver outra mudança, a das cidades. As cidades são hoje muito mais vistas sob o conceito de sua urbanização do que sobre seus aspectos geográficos, aqui incluindo os fatores humanos e da natureza. Esta é uma variável que pode ser relativamente controlável ou relativamente incontrolável, a depender da forma como a gestão da cidade é conduzida ou desconduzida (se é que existe esta palavra, mas estamos no modismo do “des”). A urbanização envolve muitos aspectos relevantes e trabalha em parceria com a Geografia mas tem uma tendência a não se estender além dos limites – urbanos – da cidade, principalmente quando há alguma conurbação; mas não apenas, pois quando a cidade termina na “natureza” (rio, montanha, mar etc) a urbanização também parece ali se limitar. Infelizmente.

 

Por isto a ideia das cidades biológicas. Temos que pensar em cidades biológicas no sentido de que devem estar integradas com o sentido da vida humana assim como integradas com o sentido da natureza. Um interfere sobre o outro, às vezes de forma mediata e outras vezes de forma imediata. A cidade biológica não é a cidade da natureza, mas uma cidade humana que encontra soluções (ou tenta encontrá-las) para que os efeitos da natureza provoquem menos adversidades, mesmo em casos excepcionais.

 

Hoje temos soluções técnicas para muitas situações, talvez não tenhamos recursos financeiros para todas elas nem soluções sociais para muitas intervenções que seriam necessárias. É esta integração entre solução, dinheiro e pessoas poderá melhorar as cidades.

 

Há muito tempo a Humanidade deu um salto de qualidade quando as cidades começaram a aparecer e se expandir. Depois, involuiu em alguns países com megacidades ou cidades sem qualquer tipo de planejamento. Quem criou a cidade foi o ser humano. A natureza não criou as cidades, mesmo se considerarmos que os locais geográficos tenham sido o fator determinante (como, por exemplo, na confluência de rotas comerciais ou locais mais apropriados para portos).

 

A natureza é parte integrante da cidade biológica. O ser humano também. A cidade biológica, integrada e humana, deveria ser o outro salto de qualidade para a Humanidade; e rapidamente.

terça-feira, 2 de julho de 2024

Terça-feira (2 de julho)

 

- Enade 2024

- Mais de 8 anos sem eleição

- Fomento do Brasil

- Promoção na UFRN

- Rádio Nordeste

- TV renovada

- Era da UFRN

- Use o cinto!

- Forró da Esmeralda

- E o vento?. Deu na Folha

E o vento? Deu na Folha

 

“Mais caras, turbinas eólicas em alto mar têm futuro questionado no Brasil”. Este foi o título, no texto algumas argumentações: “No último ano, as indústrias do vento e do mar no Brasil ficaram animadas com a possibilidade de o país ter turbinas eólicas instaladas em alto mar, quando a Câmara aprovou um projeto de lei criando regras para essa tecnologia. Mas sete meses se passaram, e o Senado nada fez sobre o tema. A demora, na visão de técnicos do setor, só posterga o que seria assunto para ainda algo entre 2040 e 2050.” E continua: “Mais complexas para serem instaladas e ainda novidade no Brasil, as turbinas eólicas em alto mar são muito mais caras quando comparadas àquelas fixadas em terra, o que afasta investimento imediato em escala na tecnologia.”

Forró da Esmeralda

 

Já foi gigantesco. Agora, menor mas com ainda bom resultado. E um social que vale a pena destacar. Para eu não erra, segue o texto de divulgação: “O Serviço Social do Comércio do Rio Grande do Norte (Sesc RN), entidade do Sistema Fecomércio, doará 8.217 quilos de alimentos arrecadados em parceria com o tradicional Forró da Esmeralda do Conjunto Potilândia e o projeto social Sesc Mesa Brasil.  entrega simbólica acontece nesta terça-feira, 2, no Sesc Cidade Alta, às 10h, com a presença de representantes das 22 entidades carentes cadastradas no Sesc Mesa Brasil. Essas instituições atendem 1.355 famílias e mais de 2.200 pessoas na Grande Natal.”

 

Obs: Parabéns para todos.

Use o cinto!

 

Durante décadas tivemos campanhas, aqui no Brasil, para o uso do cinto de segurança nos carros. Comecei a usar antes da obrigatoriedade e achava estranho a relutância de algumas pessoas, entre as desculpas de que amassaria a roupa ou o cinto machucaria a pessoa. Até hoje ainda há algumas pessoas que acho ainda estão nos anos 1960/1970, os “anti-sistema” e por isto não usam o cinto no carro, nem quando estão dirigindo; ou por teimosia mesmo ou, não sei o motivo. Acho que depois das últimas notícias teremos em breve a IATA e a Anac fazendo campanha do “use o cinto”. No avião também.

Era da UFRN

 

Não sabia. O prédio onde hoje funciona a Câmara Municipal de Natal pertence à UFRN. A Câmara funciona por lá desde 1975 e parece que a renovação da cessão estava desatualizada. Ontem foi regularizada, mas não consegui saber por quantos anos (para o prédio da Secretaria Municipal de Tributação, que também é da UFRN, a nova cessão foi por 12 anos).

 

Obs: Foi lá onde funcionou o primeiro curso de Jornalismo e outras atividades. Salvo engano, foi neste prédio onde meu pai estudou. Mas, pelo tempo (a Câmara está lá desde 1975) pensei já estaria transferida a titularidade; ou regularizada.

TV renovada

 

Foi renovada a concessão à TV Ponta Negra. Muito bom que haja continuidade nas atividades da emissora. Não conheço sua programação mas sempre avalio que por ter seu público cativo e muitas pessoas trabalhando direta ou indiretamente com a TV, esta segurança é muito positiva e necessária, como para todas as empresas do segmento. O Decreto foi publicado, ato do Presidente mas, como ressalta, dependerá de deliberação expressa do Congresso Nacional para validação da renovação. Que, aliás, foi por 15 anos.

Rádio Nordeste

 

A Rádio recebeu uma advertência formal do Ministério das Comunicações. Nada grave, pelo menos em termos de comunicação ou de informação, mas uma formalidade que não foi cumprida. O erro foi o descumprimento a esta obrigação: “as alterações contratuais ou estatutárias deverão ser encaminhadas ao órgão competente do Poder Executivo, no prazo de sessenta dias a contar da realização do ato, acompanhadas de todos os documentos que comprovam atendimento à legislação em vigor, nos termos regulamentares”. Considerando que trata-se de mera formalidade, a advertência foi aplicada e o processo encerrado. Melhor assim.

Promoção na UFRN

 

Com a proposta do ideal de RSC, ou “Reconhecimento de Saberes e Competências”, a UFRN está implantando formato para aumento de remuneração dos professores com uma RT, ou simplesmente “Retribuição por Titulação”. Para ser mais detalhista, “o Reconhecimento de Saberes e Competências é o processo de seleção pelo qual são reconhecidos os conhecimentos e as habilidades desenvolvidos a partir da experiência individual e profissional, bem como no exercício das atividades realizadas no âmbito acadêmico, para efeito do disposto no artigo 18 da Lei nº 12.772, de 28 de dezembro de 2012.” Bom, não?

Fomento do Brasil

 

Fomento do Brasil  Mineração Ltda é uma empresa que tem anunciado bons investimentos no RN, em mineração, como indica sua razão social. Já comentei aqui, em fevereiro: Segundo a página Notícias da Mineração do Brasil, em setembro do ano passado a notícia divulgada foi assim: “Mineradora recebe LP para explorar minério de ferro no RN. A Fomento do Brasil Mineração recebeu a licença prévia (LP) do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema) do Rio Grande do Norte para pesquisas de minério de ferro de alta qualidade na zona rural dos municípios de Lagoa de Velhos, Serra Caiada, Senador Elói de Souza e Sítio Novo” e ainda que “a empresa prevê aporte total de mais de R$ 1,2 bilhão para desenvolver o projeto Ferro Potiguar.” Agora a novidade é um acordo com o IFRN para ações conjuntas em projeto de reassentamento de famílias e o desenvolvimento sustentável. Lucro e ação social.

Mais de 8 anos sem eleição

 

O Governo Federal está convocando quase 1.500 sindicatos, de trabalhadores ou patronais, para regularizar sua situação. Todos eles estão com mais de 8 anos com o mandato da diretoria vencido! Isto mesmo, pelo menos 8 anos sem nova diretoria, que pode significar uns 10 anos sem eleição; muito tempo. Destes convocados, são mais de 1.000 sindicatos trabalhadores e mais de 350 sindicatos de empregadores. Aqui no RN a lista é até curta, apenas 29 sindicatos de trabalhadores (15 de trabalhadores rurais) e outros 9 de empregadores. Acho que alguns não devem estar mais em atividade, e por diversos motivos. Um dos sindicatos convocados é o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Calçados de Mossoró; não sei se há até indústria ou indústrias de calçados em atividade por lá, e com muitos trabalhadores no setor. Talvez haja sindicatos em situações semelhantes, a mudança econômica local alterou este cenário.

Enade 2024

 

17 cursos, dentre os quais Ciências Sociais (geralmente com boas notas no RN), Educação Física (deve ter um grande número de inscritos visto que o mercado aumento bastante nos últimos anos), Filosofia, Música e os clássicos das Licenciaturas, Biologia, Física, Geografia, História, Matemática e Química, sem esquecer Pedagogia que, aliás, é a única exceção dos cursos que serão avaliados, pois o único que terá apenas estudantes do Bacharelado. Não foi definida a data do exame mas as instituições de ensino, principalmente as particulares, deverão intensificar a “preparação” de seus alunos e criar um programa especial preparatório, quase um “concorrente” da grade curricular com as aulas do semestre.

segunda-feira, 1 de julho de 2024

Segunda-feira (1º de julho)

 

- Sindicatólica

- Patrimônio de Canguaretama

- Pesquisa grande

- Medalha da Abolição

- Bicicleta Brasil

- George Soares

- Bolsa-atleta

- Menos barulho?

- Greve ambiental

- Fala a Assmbleia

Fala a Assembleia

 

A Assembleia Legislativa do RN já tem sua TV Assembleia (desde 2008) e agora terá sua rádio FM (94,9 MHz) por enquanto com cobertura em Natal mas que deverá expandir-se em breve. Semana passada foi feito o anúncio, lá em Brasília, do novo formato de comunicação. Importante que tenha uma boa pauta para conquistar o público potiguar para que conheça mais a atuação dos deputados além de, claro, cobrar a atuação do parlamentar que o cidadão escolheu para representá-lo; o voto não pode “ficar” somente na urna, o eleitor deve acompanhá-lo durante todo o mandato. A direção da rádio ficará com o jornalista Gerson de Castro que, aliás, já é diretor da TV Assembleia.

Greve ambiental

 

Chegou a vez de funcionários do Ibama iniciarem sua greve. É sempre preocupante quando alguns órgãos diminuem seu atendimento pelo prejuízo que podem causar. Mas, por outro lado, é pleno o direito à greve. Para os servidores do Ibama já anunciaram que terão 10% dos servidores trabalhando no licenciamento e todos estarão disponíveis para as operações de resgate à fauna. Importante mas, acho que poderiam aumentar o efetivo para os licenciamentos, sem prejudicar a greve mas também sem prejudicar aos investidores que aguardam autorização para tocar os empreendimentos.

Menos barulho?

 

Com o fim das festas juninas será que haverá uma redução na poluição sonora? É que as festas são animadas, claro, mas  para quem mora perto de local de evento, são vários dias com muito som alto e, algumas vezes, as músicas iguais ou muito parecidas. Nos primeiro ou segundo dias deve ser bem interessante, mas depois de uma semana acho que gera um certo cansaço. Eventualmente poderia haver uma regra limitando o som dos shows que, não entendo a razão, são sempre no maior volume possível, como se não fosse possível escutar música e divertir-se com um nível de ruído mais educado. E como alguns continuarão a programação por mais dias e transformarão o mês julino em mês junino, resta ter paciência.

Bolsa-atleta

 

Saiu o resultado do Bolsa-Atleta no Estado. Foram 73 contemplados, resultado das inscrições em várias categorias e várias modalidades. Não tenho como reproduzir todos os nomes aqui, mas vou destacar alguns deles, em modalidades esportivas menos comuns na listagem. No surf foi contemplado Israel Junior da Silva, na bocha (bolsa na categoria nacional) foi Iuri Tawan Saraiva da Silva e no xadrez, categoria estudantil, foram 2, Igor Fernando da Silva e Luiza Karolyne Dantas Barbosa.

 

Obs: Foram 10 bolsas na categoria internacional. Vamos ficar de olhos nestas modalidades: atletismo e  halterofilismo,  com 3 atletas em cada um destes esportes, e ginástica rítmica  judô, surf e taekwondo.

George Soares

 

Georges Soares ainda é Deputado Estadual. Foi eleito semana passada para integrar o Tribunal de Contas. Não sei quando será sua posse – que será muito prestigiada – nem se acontecerá antes da sanção governamental de dois projetos de lei de sua autoria que foram aprovados recentemente pela Assembleia Legislativa. São duas iniciativas que visam homenagens: uma “denomina Maternidade Maria Carmo de Souza - Parteira Maringá a Maternidade do Hospital Regional Nelson Inácio dos Santos”  e a outra “denomina a Unidade Terapia Intensiva Gilberto Eliomar Lopes, a UTI do Hospital Regional Nelson Inácio dos Santos”. Como era de se esperar, o Hospital é em Assú.