domingo, 21 de julho de 2024

O erro da inteligência humana

 

A confusão gerada por um erro na atualização de um aplicativo mostrou que o impacto (quase) global da dependência da informática é real. É que algumas pessoas achavam que era tão natural a internet da vida que dificilmente algo catastrófico poderia acontecer. Provavelmente os mais novos não se lembraram dos choques do petróleo de 1973 e 1979 quando, guardadas as devidas proporções, o mundo percebeu que dependia de um fator único, o petróleo. A semelhança entre 1973 e 2024 está no impacto que uma decisão única pode causar em todo o mundo.

 

Os mais espertos e mais preocupados assustaram o mundo em 1999 com o tal do “bug do milênio”. Sobrevivemos. Não foi um bug este da semana passada, pois foi um erro de atualização de um programa e não um falta de previsão (o bug, diziam, aconteceriam pois os computadores tinham programado duas casas decimais para o ano e assim, saltaria de “99” para “00” e provocaria um efeito maluco nas máquinas que não conseguiriam entender que “00”, ou o ano 2000 seria posterior a “99” ou ao ano 1999).

 

Curioso é que em tempos de inteligência artificial o erro foi por causa da inteligência humana... Isto nos lembra que a inteligência artificial – pelo menos no momento – é uma junção gigantesca de fatos passados em que as semelhanças que já existiram permite criar não fatos novos, mas fatos iguais aos do passado: quando pergunta-se algo ao ChatGPT ele não “responde”, mas utiliza as respostas mais usadas ao longo de décadas e oferece uma melhor resposta, a mais utilizada; se a sua consulta basear-se em fatos errados, a resposta ChatGPT será errada.

 

Os futuristas previam este problema cibernético via terrorismo ou domínio das máquinas sobre os homens. Ninguém, no entanto, previu que poderia acontecer por uma simples besteira humana! Isto mesmo, um erro banal, pois simples e corrigível; o erro, vale lembrar, foi banal, já seus efeitos foram bem diferentes.

 

Quanto tempo a inteligência humana continuará a errar? Por muito tempo, pois faz parte da natureza humana. A inteligência artificial ajudaria a evitar este erro? Pode ser. Mas, ajudaria mesmo se tivessem seguido um conceito básico dos cursos de Administração: fazer um pré-teste (mas, se você é do tempo mais “moderno”, o tem em que tudo é uma “dor”, o pré-teste clássico em português antigo é o atual MVP, em inglês moderno e em sigla comercialmente rentável).

 

É provável que alguém até ache este (e outros) texto um verdadeiro erro. É humano, e por isto pode ter erro. De quem escreve e de quem lê, faz parte. É o risco a correr para não “escrever” com foco em um AI (ou IA, como preferem alguns).

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