domingo, 14 de julho de 2024

Condomínio autossustentável

 

A realidade dos condomínios horizontais tomou conta, há tempo, de várias cidades no Brasil e no mundo e um dos motivos foi a autoproteação criada para seus moradores, uma cidade privilegiada no sentido de que não sofreria com as dificuldades da violência assim como a urbanização interna (limpeza, arborização, calçada, calçamento etc) não dependeria do poder público. Segurança e urbanização privadas, portanto, são duas regras de excelência para os condomínios horizontais, principalmente no Brasil. Paga e quem pode paga por isto, diria, “sem pena”.

 

É claro que os condomínios vendem bem mais do que isto, não é somente a exclusividade e a separação da cidade, uma outra (mini)cidade, mas também a oferta de serviços tais academia, quadras, área de lazer, piscina etc e naqueles de altíssimo luxo, pistas para aviões e pousos de helicóptero, baías para cavalos etc.

 

Faz parte, é a regra de mercado. Apesar das críticas da segregação que alguns das áreas sociais insistem em condenar os condomínios, é um processo social e urbano previsível e quase, diria, “natural” (no sentido de sua previsibilidade, claro, não no aspecto relativo à natureza biológica!). Aliás, particularmente, não sou contra condomínios, daqueles de alto luxo aos mais simples (que também, vale lembrar, segregam o restante da cidade).

 

Mas, temos uma preocupação ambiental crescente e inerente a todos os projetos urbanos, em especial. Por isto a ideia de que todos estes projetos, especialmente aqueles mais luxuosos e principalmente aqueles que ocupam mais espaços (grandes áreas urbanas ou próximas das cidades), devem ter responsabilidades ainda maiores e, desta vez, de ordem externa.

 

É que as responsabilidades internas ninguém contesta, o condomínio tem uma série de serviços e infraestrutura para seus moradores. Poderia também ter uma série de serviços e infraestrutura para atender à cidade.

 

Todo condomínio deveria ser autossustentável; ou talvez aqueles de grande porte, seja na dimensão seja no número de unidades habitacionais, e aqueles voltados para as Classes A e B.

 

A ideia é que tenham, por exemplo, serviços que seriam de responsabilidade da cidade assumidos pelo próprio condomínio e de forma sustentável. Por exemplo, começando pela coleta do lixo que deveria ser obrigatoriamente seletiva e com um mínimo de produção de compostagem, uma forma de diminuir o lixo “compartilhado” com o aterro que atende toda a cidade, além da compostagem ajudar a reduzir o volume na coleta. Deveria também ter um sistema de coleta de água de chuvas e um reaproveitamento de águas internas (águas cinzas) ou minimamente um sistema de pré-tratamento de água antes de lançar no sistema municipal de coleta de esgoto. A iluminação da área comum, as ruas ou a infraestrutura de lazer, deveria ser de responsabilidade interna, ter um pequeno parque fotovoltaico do condomínio.

 

A lista pode aumentar e pode também ser melhorada. A ideia não é fazer com que os condomínios fiquem mais caros e afastem outros públicos desta forma de moradia em espaços coletivos. Mas, é a ideia de que a soma da renda de todos os moradores possa ser utilizada, cada um pagando pouco, para melhorar o impacto na cidade e diminuir as demandas junto às prefeituras; que poderia direcionar recursos para áreas mais carentes.

 

Pode ser ousado e até caro impor tudo isto embora acho que para os condomínios de luxo, de alto luxo, não faria mal algum. Poderia começar a ter esta obrigatoriedade para todos os novos projetos e conceder um prazo para os demais, desde que as condições físicas da área e as imposições econômicas permitam.

 

Seria bom ter cada vez mais condomínios autossustentáveis. Se são comercializados como minicidades, que além do IPTU devido contribuam socialmente de outra forma; quanto mais cedo, melhor.

 

Nenhum comentário: