A realidade dos condomínios horizontais tomou conta, há tempo, de várias
cidades no Brasil e no mundo e um dos motivos foi a autoproteação criada para
seus moradores, uma cidade privilegiada no sentido de que não sofreria com as
dificuldades da violência assim como a urbanização interna (limpeza,
arborização, calçada, calçamento etc) não dependeria do poder público.
Segurança e urbanização privadas, portanto, são duas regras de excelência para
os condomínios horizontais, principalmente no Brasil. Paga e quem pode paga por
isto, diria, “sem pena”.
É claro que os condomínios vendem bem mais do que isto, não é somente a
exclusividade e a separação da cidade, uma outra (mini)cidade, mas também a
oferta de serviços tais academia, quadras, área de lazer, piscina etc e
naqueles de altíssimo luxo, pistas para aviões e pousos de helicóptero, baías
para cavalos etc.
Faz parte, é a regra de mercado. Apesar das críticas da segregação que
alguns das áreas sociais insistem em condenar os condomínios, é um processo
social e urbano previsível e quase, diria, “natural” (no sentido de sua
previsibilidade, claro, não no aspecto relativo à natureza biológica!). Aliás,
particularmente, não sou contra condomínios, daqueles de alto luxo aos mais
simples (que também, vale lembrar, segregam o restante da cidade).
Mas, temos uma preocupação ambiental crescente e inerente a todos os
projetos urbanos, em especial. Por isto a ideia de que todos estes projetos,
especialmente aqueles mais luxuosos e principalmente aqueles que ocupam mais
espaços (grandes áreas urbanas ou próximas das cidades), devem ter
responsabilidades ainda maiores e, desta vez, de ordem externa.
É que as responsabilidades internas ninguém contesta, o condomínio tem
uma série de serviços e infraestrutura para seus moradores. Poderia também ter
uma série de serviços e infraestrutura para atender à cidade.
Todo condomínio deveria ser autossustentável; ou talvez aqueles de
grande porte, seja na dimensão seja no número de unidades habitacionais, e
aqueles voltados para as Classes A e B.
A ideia é que tenham, por exemplo, serviços que seriam de
responsabilidade da cidade assumidos pelo próprio condomínio e de forma
sustentável. Por exemplo, começando pela coleta do lixo que deveria ser obrigatoriamente
seletiva e com um mínimo de produção de compostagem, uma forma de diminuir o
lixo “compartilhado” com o aterro que atende toda a cidade, além da compostagem
ajudar a reduzir o volume na coleta. Deveria também ter um sistema de coleta de
água de chuvas e um reaproveitamento de águas internas (águas cinzas) ou
minimamente um sistema de pré-tratamento de água antes de lançar no sistema
municipal de coleta de esgoto. A iluminação da área comum, as ruas ou a
infraestrutura de lazer, deveria ser de responsabilidade interna, ter um pequeno
parque fotovoltaico do condomínio.
A lista pode aumentar e pode também ser melhorada. A ideia não é fazer
com que os condomínios fiquem mais caros e afastem outros públicos desta forma
de moradia em espaços coletivos. Mas, é a ideia de que a soma da renda de todos
os moradores possa ser utilizada, cada um pagando pouco, para melhorar o
impacto na cidade e diminuir as demandas junto às prefeituras; que poderia
direcionar recursos para áreas mais carentes.
Pode ser ousado e até caro impor tudo isto embora acho que para os
condomínios de luxo, de alto luxo, não faria mal algum. Poderia começar a ter
esta obrigatoriedade para todos os novos projetos e conceder um prazo para os
demais, desde que as condições físicas da área e as imposições econômicas permitam.
Seria bom ter cada vez mais condomínios autossustentáveis. Se são comercializados
como minicidades, que além do IPTU devido contribuam socialmente de outra
forma; quanto mais cedo, melhor.
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