Durante anos Ivete Sangalo emplacou (desculpe
o trocadilho) um sucesso com sua música “Carro velho” em que em um dos trechos
dizia: “Quer andar de carro velho amor / Que venha”; e continuava a música “Cheiro
de pneu queimado / Carburador furado / Coração dilacerado”.
É claro que a música não tem nenhuma relação
direta com a nova Lei Federal 14.921, do dia 10 deste mês, mas me trouxe a
imediata lembrança do ritmo musical. A nova Lei altera do CTB, o tal do Código de
Trânsito Brasileiro, ao aumentar a idade dos veículos que podem ser utilizados
pelas autoescolas na formação de seus alunos. Há duas defesas possíveis para esta
ideia escrita na nova Lei: a primeira, é de que ao aumentar a idade do veículo
para utilização poderá diminuir o custo do curso visto que as empresas poderão utilizar
o veículo por mais tempo; e a segunda, é de que aumentar a idade do veículo
para utilização poderá deixar no mercado veículos eventualmente mais poluentes,
considerando o desgaste natural do bem e a diferença de qualidade entre um veículo
novo e um veículo mais velho.
Se perguntarmos aos donos das autoescolas é
bem provável que 100% respondam que a nova Lei é uma grande vantagem assim como
se perguntarmos aos usuários é bem provável que 100% responsam que preferem
dirigir em um carro novo e mais moderno, mesmo se não será o modelo/ano que
comprarão.
Até então os carros da categoria A poderiam
ter 5 anos de fabricação e agora, até 8 anos. Os mais comuns, da categoria B,
passam de 8 para 12 anos de uso e os mais pesados, das categorias C, D e E saem
dos 15 para os 20 anos. Um carro comum, aquele dos condutores da categoria B,
com 10, 11 ou 12 anos de uso, intensivo, como é nas autoescolas, já não é a
melhor das experiências, de conforto e de tecnologia embarcada, como se dizia
antigamente. São modelos que, eventualmente, nem estão mais na linha de
produção, ainda que circulem muitos deles nas ruas e estradas.
Talvez o mais grave sejam os veículos
maiores, caminhões e ônibus. Permitir que alguns mais “velhinhos” sirvam de
referência para quem está começando a aprender a dirigir não parece ser uma boa
ideia. É bem verdade que a durabilidade ou vida útil de muitos deles ultrapassa
os 20 anos (e às vezes nem notamos isto na rua) mas, apenas estimula a
continuidade de veículos mais poluentes nas cidades.
Financeiramente pode ser uma boa iniciativa,
as autoescolas não precisarão investir agora e se o preço não aumentar para
seus alunos, todos ficarão satisfeitos. Mas, economicamente talvez o custo
ambiental não compense, a médio e longo prazos. Ainda que haja críticas, das
simples às mais contundentes, sobre os veículos particulares, a boa política a
ser adotada deveria ser aquela de alguns países europeus: quanto mais velho o
carro, maior o custo de licenciamento, tudo para estimular a renovação da frota
e a melhoria ambiental e de segurança dos veículos. Não podemos fazer isto
aqui, nossa economia e a renda da população não permitiria isto, seria quase
uma penalização para as pessoas com renda menor.
Se não temos como melhorar este perfil, poderíamos
apenas manter a atual situação. Seria simples, do mesmo jeito. E eficiente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário