O RN produz camarão há tempos, todos nós sabemos. É histórico. Depois,
veio o projeto camarão, uma agradável iniciativa mas que não prosperou por erro
na sua fundamentação e leitura do mercado. Nos anos 1990 e 2000,
principalmente, tivemos uma verdadeira febre de camarão no RN. De repente,
quase literalmente, muita gente decidiu ser produtor de camarão, o lucro era
alto!
Já passamos pelo tempo em que o camarão era vendido (e muitas vezes com
pagamento antecipado!) antes mesmo da despesca, ou seja, nem terminava de “produzir”
o camarão e o produtor já estava recebendo seus dólares ou euros da venda. Era bom,
muito bom. Depois, com o tempo a concorrência internacional voltou à normalidade
e muita gente foi ficando pelo meio do caminho. O RN já teve o camarão como principal
produto de exportação, superando 3 vezes mais o valor com o melão, para chegar agora
e já há vários anos a sequer registrar uma exportação ou então em valores
irrisórios.
Ainda temos muitas fazendas e bons empresários do ramo. Houve um “depuração”
do mercado e quem já era do ramo ou quem aprendeu rapidamente, conseguiu
manter-se nele até hoje. Mas agora, para atender ao mercado interno.
Quando a produção começou a crescer exponencialmente um dos aprendizados
era que camarão também adoecia! Parece até curioso dizer isto mas, como em toda
produção animal em larga escala, é necessário prevenir quanto às doenças. E os
produtores de camarão começaram a contratar profissionais da área e comprar
antibióticos para colocar nos tanques de produção. Remédios preventivos para
camarão, que muito nos acostumamos a ver grandes quantidades nos barcos de
pesca que chegavam do mar carregados (se naquela época alguém comentasse sobre
antibiótico para camarão seria taxado de louco; ou pior).
Evoluímos muito e temos muitos profissionais no mercado.
Mas, não sei se conseguimos produzir camarão verde! A cor aqui guarda a
mesma relação com o boi verde, uma criação intensiva mas com muitos cuidados ambientais,
um pasto verde sem agrotóxicos e uma alimentação mais equilibrada. Acho que ainda
estamos produzindo camarão à base de ração (pois facilita a engorda de forma
mais rápida); não sei se mudou muito.
Em tempos de muitas inquietações ambientais, se o nosso camarão é “verde”
está faltando propaganda para enaltecer esta característica” E, se ainda não é “verde”,
talvez alguma pesquisa possa contribuir para chegar lá; e, chegando lá, não
deixar faltar propaganda para o mercado. Quanto agregaria no preço pago ao
vendedor pelo camarão verde? Não sei, mas certamente há mercado para os “produtos
biológicos”. Em todo o mundo.
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