sábado, 17 de setembro de 2011

A internet e a cadeira de balanço na calçada

Toda vez que os especialistas em mídia e mídias sociais adotam algum comentário sobre a internet e os efeitos de seu uso prolongado tenho a impressão que têm vontade de utilizar o velho jargão, “esqueçam o que eu disse”.
Agora, a “moda”, sob os efeitos da Copa do Mundo, é associar a internet com a televisão, “informando” que uma não anulará a outra e que, na verdade, uma estará integrada com a outra; tenho a sensação de ler os mesmos textos que faziam os comentários sobre a invenção do telefone, do rádio, a tv etc.
“Não temos mais as cadeiras de balanço nas calçadas”.
É verdade!
Não deixa de ser correta essa avaliação; mas absolutamente incompleta tendo em vista que, há anos, nas cidades grandes e nas de médio porte brasileiras, “frequentar” as calçadas deixou de ser um hábito. A cidade mudou e os hábitos, junto.
Hoje a internet substitui a velha cadeira de balanço na calçada: a cadeira, essa continua, mesmo não sendo do mesmo jeito e, o essencial de tudo isso, é que o contato é cada vez maior, não mais direto e pessoal, mas indireto e multipessoal. Falamos com todos ao mesmo tempo, conversamos muito mais do que antigamente e acompanhamos os fatos com muito mais conhecimento.
E, com uma condição muito melhor do que antes: a cadeira de balanço na calçada tinha hora marcada, quando o sol já não era tão presente, ali no finalzinho da tarde. Com a internet, chuva ou sol, pouco importa, manhã, tarde, noite – ou melhor, madrugada! – não faz diferença, o contato com as pessoas permanece.
Fui ainda do tempo de ver cadeiras nas calçadas (mesmo não sendo tão velho assim...). Não tenho toda essa nostalgia. Na verdade, já sentida “saudade” de algo que não existia, a internet! As conversas ampliaram muito, foram muito além, do “vai chover”, “tá quente”, “vc viu fulana/fulana de tal” ou do incomparável “você soube?”.
Cadeira de balanço na calçada? Posso levar o computador junto?

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