domingo, 11 de agosto de 2024

Ciclo olímpico e Mijaín López

 

Hoje é o último dia dos Jogos Olímpicos de Paris, dia de fazer um balanço dos resultados, lá na França, mas em todos os demais países participantes, e de repetir o mesmo discurso de que se encerra um ciclo olímpico para começar um novo ciclo, de apostas nos atletas do futuro, perto ou longe de assegurar o sucesso.

 

Não sei esta ideia fazia sentido há cem anos, quando ocorreram os Jogos Olímpicos de 1924, também  na capital francesa. Muito provavelmente ainda não, muito provavelmente o esporte era visto como esporte e, de certo forma, muito excludente seja em termos de participação de países, de atletas e até mesmo na questão de gênero. Outros tempos, outro mundo. Agora, neste mundo em permanente competição não seria o esporte algo muito diferente, mesmo se o tal do Coubertin dizia que o importante era participar.

 

O Brasil conseguiu suas medalhes e sempre repete (aliás, a maior parte dos países também) a comparação com a edição anterior, querendo bater novos recordes e alcançar melhor marcas mas (quase) sempre a comunicação omitindo que houve aumento de medalhas e de modalidades ou, em outras palavras, fica mais fácil superar a participação na edição anterior. Qualquer que seja a quantidade de medalhas a proposta de abrir um novo ciclo esportivo faz parte do discurso, mesmo sabendo que em quatro anos muito provavelmente o trabalho na base não gerará nenhuma diferença, exceto para aqueles gênios ou proprietários de um dom que Deus iluminou especialmente.

 

É mais ou menos como um processo eleitoral: o gestor pretende ficar 4 anos com possibilidade de tentar uma reeleição para ficar mais 2 anos, e sair para outro cargo, ou fechar os 8 anos à frente de uma prefeitura. É um bom ciclo para realizar muitas atividades e mudar o perfil da cidade mas, muitas vezes quando começa a colocar em prática o planejamento depara-se logo com a questão do prazo: se daqui a “x” anos eu não estarei mais no mandato, qual motivação para começar agora algo que ficará concluído depois do meu mandato?

 

Pode ser que o espírito olímpico ilumine alguns novos mandatários e possa fazer como acontece com estes ciclos esportivos: investe-se agora para começar a ter resultado a médio prazo e permanecer no topo por anos e anos. Se a proposta de trabalho for séria e bem organizada, o resultado virá.

 

Mijaín López. Este nome é ainda pouco conhecido, inclusive aqui no Brasil. Mas é o cidadão que participou de 6 Jogos Olímpicos e ganhou 5 medalhas de ouro! Incrivelmente, na modalidade dele, é o número um por mais de 20 anos. Até hoje é reconhecido e reverenciado em sua modalidade e tem seguidores e torcedores bem espalhados. Um dia, com certeza, alguém “investiu” no jovem para ele poder começar um ciclo olímpico. Deu certo.

 

Fico na torcida, aqui, que tenhamos investimentos em esportes com  base em um tripé: para começar, desde cedo, no formato assistencial, depois hora de passar para o formato social e finalmente, já na juventude, manter um formato profissional. Os três formatos de investimento trarão resultados mas é o modelo profissional que gerará novos ciclos de vencedores no esporte.

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