Hoje é o último dia dos Jogos Olímpicos de Paris, dia de fazer um
balanço dos resultados, lá na França, mas em todos os demais países
participantes, e de repetir o mesmo discurso de que se encerra um ciclo
olímpico para começar um novo ciclo, de apostas nos atletas do futuro, perto ou
longe de assegurar o sucesso.
Não sei esta ideia fazia sentido há cem anos, quando ocorreram os Jogos
Olímpicos de 1924, também na capital
francesa. Muito provavelmente ainda não, muito provavelmente o esporte era
visto como esporte e, de certo forma, muito excludente seja em termos de
participação de países, de atletas e até mesmo na questão de gênero. Outros
tempos, outro mundo. Agora, neste mundo em permanente competição não seria o
esporte algo muito diferente, mesmo se o tal do Coubertin dizia que o
importante era participar.
O Brasil conseguiu suas medalhes e sempre repete (aliás, a maior parte
dos países também) a comparação com a edição anterior, querendo bater novos
recordes e alcançar melhor marcas mas (quase) sempre a comunicação omitindo que
houve aumento de medalhas e de modalidades ou, em outras palavras, fica mais
fácil superar a participação na edição anterior. Qualquer que seja a quantidade
de medalhas a proposta de abrir um novo ciclo esportivo faz parte do discurso,
mesmo sabendo que em quatro anos muito provavelmente o trabalho na base não
gerará nenhuma diferença, exceto para aqueles gênios ou proprietários de um dom
que Deus iluminou especialmente.
É mais ou menos como um processo eleitoral: o gestor pretende ficar 4
anos com possibilidade de tentar uma reeleição para ficar mais 2 anos, e sair
para outro cargo, ou fechar os 8 anos à frente de uma prefeitura. É um bom
ciclo para realizar muitas atividades e mudar o perfil da cidade mas, muitas
vezes quando começa a colocar em prática o planejamento depara-se logo com a
questão do prazo: se daqui a “x” anos eu não estarei mais no mandato, qual
motivação para começar agora algo que ficará concluído depois do meu mandato?
Pode ser que o espírito olímpico ilumine alguns novos mandatários e
possa fazer como acontece com estes ciclos esportivos: investe-se agora para
começar a ter resultado a médio prazo e permanecer no topo por anos e anos. Se
a proposta de trabalho for séria e bem organizada, o resultado virá.
Mijaín López. Este nome é ainda pouco conhecido, inclusive aqui no
Brasil. Mas é o cidadão que participou de 6 Jogos Olímpicos e ganhou 5 medalhas
de ouro! Incrivelmente, na modalidade dele, é o número um por mais de 20 anos.
Até hoje é reconhecido e reverenciado em sua modalidade e tem seguidores e
torcedores bem espalhados. Um dia, com certeza, alguém “investiu” no jovem para
ele poder começar um ciclo olímpico. Deu certo.
Fico na torcida, aqui, que tenhamos investimentos em esportes com base em um tripé: para começar, desde cedo,
no formato assistencial, depois hora de passar para o formato social e
finalmente, já na juventude, manter um formato profissional. Os três formatos
de investimento trarão resultados mas é o modelo profissional que gerará novos
ciclos de vencedores no esporte.
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