Em 1985 Legião Urbana lançou uma música
que fez muito sucesso durante anos e seu título, assim como o refrão, era
“geração Coca-Cola”. Um pouco depois da metade da música, a gente ouvia (e
cantava): “Depois de vinte anos na escola / Não é difícil aprender / Todas as
manhas do seu jogo sujo / Não é assim que tem que ser” e, logo na sequência, “Vamos
fazer nosso dever de casa”.
Para quem não é da época ou não acompanha
muito o que acontece neste Brasil, os 20 anos de “escola” eram uma referência
aos 20 anos da tomada do poder pelos militares. 1985 era a retomada do início
da redemocratização e muita gente acreditava na renovação. A alusão à “geração
Coca-Cola” estava logo no início, “Quando nascemos fomos programados / A
receber o que vocês nos empurraram”, detonando os enlatados na TV. Eram tempos
de poucos canais de TV e quem vivenciou esta época, conheceu Ronald Reagan na
Sessão da Tarde muitos antes (e em muitas reprises) de tornar-se presidente.
A globalização, tão criticada por sua
hegemonia, ampliou-se. Não é tão mais hegemônica, mas longe de ser
igualitariamente plural.
Naquela época começamos a ter uma maior
expansão da brasilidade, da produção nacional. Cinema e música tinham uma
conotação bem mais local do que a simples repetição do que vinha do exterior.
Até hoje usufruímos destes tempos sensacionais e muito do que vemos/temos hoje
começou ali, por volta do final da década dos anos 1980.
Nada de saudosismo, do passado pelo
passado, nada também de antiglobalização (a utopia das utopias), apenas a ideia
de que poderia vir “outra” geração: mudar, pensar, chocar mas, não
necessariamente nesta ordem.
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