domingo, 30 de agosto de 2020

OPINIÃO. “Geração pós-tubaína”

 

     Em 1985 Legião Urbana lançou uma música que fez muito sucesso durante anos e seu título, assim como o refrão, era “geração Coca-Cola”. Um pouco depois da metade da música, a gente ouvia (e cantava): “Depois de vinte anos na escola / Não é difícil aprender / Todas as manhas do seu jogo sujo / Não é assim que tem que ser” e, logo na sequência, “Vamos fazer nosso dever de casa”.

    Para quem não é da época ou não acompanha muito o que acontece neste Brasil, os 20 anos de “escola” eram uma referência aos 20 anos da tomada do poder pelos militares. 1985 era a retomada do início da redemocratização e muita gente acreditava na renovação. A alusão à “geração Coca-Cola” estava logo no início, “Quando nascemos fomos programados / A receber o que vocês nos empurraram”, detonando os enlatados na TV. Eram tempos de poucos canais de TV e quem vivenciou esta época, conheceu Ronald Reagan na Sessão da Tarde muitos antes (e em muitas reprises) de tornar-se presidente.

   A globalização, tão criticada por sua hegemonia, ampliou-se. Não é tão mais hegemônica, mas longe de ser igualitariamente plural.

   Naquela época começamos a ter uma maior expansão da brasilidade, da produção nacional. Cinema e música tinham uma conotação bem mais local do que a simples repetição do que vinha do exterior. Até hoje usufruímos destes tempos sensacionais e muito do que vemos/temos hoje começou ali, por volta do final da década dos anos 1980.

     Nada de saudosismo, do passado pelo passado, nada também de antiglobalização (a utopia das utopias), apenas a ideia de que poderia vir “outra” geração: mudar, pensar, chocar mas, não necessariamente nesta ordem.

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