Pergunta meramente retórica, visto que para alguns seria o equivalente ao fim do mundo. Mas, pergunto “e se não houvesse Carnaval” no sentido econômico do evento, dos milhões que são gastos anualmente por entidades e associações promotoras dos milhares de eventos em todo o País, dos incentivos públicos distribuídos anualmente, do patrocínio das empresas privadas e, claro, do investimento (ou gasto) que cada um faz durante os 30 dias do Carnaval. Sim, 30 dias, pois tem o antes, o durante e o depois e ainda tem o além-do-depois para aqueles que não se cansam nunca e se divertem como sempre.
Nestes dias todas as notícias irão para os blocos e os eventos, as estruturas e a participação popular, os hotéis e os Carnavais diferentes-diferenciados que se espalham em praticamente todas as cidades. Difícil, até, imaginar uma cidade em que não haja nenhuma festividade ou pelo menos uma animação em um clube, restaurante ou bar. Enfim, festa para todos.
Passados estes dias começará a safra dos números: foliões, turistas e os milhões, ou melhor, as centenas de milhões que os brasileiros gastaram nestes dias. É muita coisa! A cada estatística desta fico sempre pensando em pelo menos duas questões: quanto isto representa em relação ao PIB do Brasil (e questão subsidiária, será que daria o PIB de algum país?! Acho que sim) e para onde iria todo este dinheiro que o folião brasileiro gastou no Carnaval se não houvesse esta festa?
É mera questão retórica, como mencionei, pois o valor gasto no Carnaval movimenta toda a economia nacional e afeta bastante alguns segmentos que têm este período o faturamento superior a 2, 3 e eventualmente 6 meses do ano. Não dá para imaginar que este dinheiro ficaria na conta bancária de cada um, mas dá para imaginar que poderia ser destinado para outras atividades – tão importantes quanto o lazer – como educação, saúde, casa própria etc.
É claro que não sou contra o Carnaval, para não parecer que trata-se de mera crítica quanto aos valores gastos. Sou a favor e acho que a iniciativa privada deve gastar mais, sempre mais, e o poder público, menos, apenas quando a condição da festa pública não permite alavancar recursos, como acontece com a festa em Natal. Já fui algumas vezes acompanhar os desfiles na Ribeira e sempre volto triste e animado: triste ao ver quanto é simples e quanto há pouco investimento, além de uma sensação de repetição, e animado ao ver algumas pessoas se dedicando de corpo e alma ao que fazem e ver que tem um bom público dispostos a festejar a data.
Não sei quanto “vale” o Carnaval de Natal no sentido da metodologia aplicada, aquela que nos informa o impacto financeiro e econômico na cidade. Estou me referindo ao desfile oficial, aquele que tem pouco incentivo, que os blocos têm poucos adereços e carros alegóricos e que o comércio dominante está nas pequenas barracas e caixas de isopor, entre meses e a fumaça dos churrasquinhos; e que, guardada as devidas proporções, é tão impactante para o pequeno comerciante quanto é para os grandes empresários que investem pesado em barracas, seguranças, pessoal etc.
E se não houvesse desfile do Carnaval em Natal? Seria
ruim, muito ruim, para a cidade e seus carnavalescos. Falta menos de uma semana
para os desfiles oficiais e ainda não vi a programação na Ribeira; será que não
haverá Carnaval este ano?! Se haverá, hora de divulgar, a começar pela programação.
.