terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

Pague mais caro, compre menos

 Ontem foi mais um dia de anúncio de medidas tarifárias nos Estados Unidos com a taxação de 25% na importação de aço e alumínio, de qualquer país. O Brasil, importante produtor e um dos principais fornecedores daquele País, já deve começar a fazer as contas do impacto local; a contabilidade menos afetada será aquela pública, decorrente das exportações pois a queda nas vendas externas não mudará o resultado da balança comercial. A contabilidade a ser feita é com o setor privado.

A produção de aço e alumínio tem como uma de suas características a exigência de planejamento e programação um pouco mais alongada no tempo, ou seja, não dá para simplesmente apertar um botão e diminuir a produção ou aumentá-la da noite para o dia. Envolve toda uma cadeia produtiva desde a extração de minerais como o transporte e armazenamento, sem falar nos grandes empreendimentos para produzir aço e alumínio; não se produz estes itens em “fábricas de fundo de quintal”.

Provavelmente a medida inicial será a redução do preço de venda, a busca máxima para reduzir os custos de produção ou simplesmente cortar a margem de lucro. As indústrias que estão melhor estruturadas comercialmente e financeiramente terão mais facilidades enquanto as demais sofrerão mais. É assim o mercado, diriam alguns, a concorrência afeta a todo mundo e nem todas as medidas agradam a todos. Mas, não é bem assim quando as medidas são desacompanhadas de estudos de impacto econômico e são adotadas meramente por critérios políticos, sem calcular seus efeitos.

Vimos este filme, da falta de planejamento e de estudos de impacto, acontecer várias vezes no Brasil. As “leis” da economia não são ditadas por leis, decretos ou portarias publicados nos diários oficiais embora, claro, sofram as devidas consequências com tais normas jurídicas. O chato, digamos, de tudo isto é quando as novas medidas bagunçam todos os conceitos e as relações de mercado, como deve acontecer agora e principalmente em um cenário globalizado, afinal o Brasil não é o único fornecedor destes produtos e em outras países as indústrias devem estar buscando as mesmas medidas de redução de preço e tentando encontrar novos compradores em outros países. Todos, portanto, fazendo quase tudo igual e todo mundo tentando escapar desta pancada.

Aqui no RN vamos escapando deste efeito imediato com a nova taxa. De fato, nossas exportações para os Estados Unidos estão muito bem direcionadas para pescado, castanha de caju, balas e confeitos etc. Nesta hora exportar estes produtos básicos parece até ser uma boa alternativa, quem diria. O efeito “pague mais caro, compre menos” ficará nas imediações do novo... Golfo da América. Mas, já dizia o velho ditado popular: “quando a barba do vizinho pegar fogo, coloque a sua na água”. Devemos nos preparar aqui no RN para outras novidades?

PS: O “velho” ditado popular agora está até renovado, muita gente usando barba e tanta barbearia espalhada pela cidade!

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