sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

Até a próxima chuva

Chuva, muita chuva e também muitos transtornos, como sempre acontece em dias de chuvas fortes, aqui e ali, Natal, cidades do interior ou grandes cidades em outros países. A chuva mais conhecida como “normal” não provoca os mesmos estragos nas cidades embora haverá sempre alguns problemas decorrentes de ausência de ações esquecidas ao longo do tempo e que aparecem “logo quando chove”. Não é coincidência nem fatalidade para estes casos pontuais e menos comuns.

Curioso em grandes chuvas é ver as notícias meio sem noção. Algo como “choveu ontem a média esperada para todo o mês de fevereiro” como se fosse absolutamente normal que em fevereiro de todos os anos anteriores a chuva estivesse bem distribuída ao longo de todos os dias, em outras palavras, como se tivesse havido somente chuvas pequenas cada dia do mês e no final, ao fazer a soma, é que faria um volume maior. Não é bem assim! Chuvas torrenciais e fortes acontecem sem a precisão nem a previsão do dia certo, pelo menos com alguma antecedência, mas os meses chuvosos são sempre os meses, assim como o período do verão e do sol forte não muda muito... Aqui em Natal, por exemplo, imaginar que em dezembro teremos noites com temperaturas amenas é imaginar que o fim do mundo está próximo, e que não passaria do fim do mês. Claro, ironias a parte, em períodos chuvosos a probabilidade é que haja chuva forte, mesmo não havendo garantia de que haverá chuvas fortes pois o clima está em fase de transição; mas imaginar chuvas fortes em meses que não há muita chuva, aí sim a mídia poderia alardar grandes notícias e fazer comparações reais.

Tudo isto para duas constatações: a primeira é de que não é possível prever o dia que choverá nem a quantidade de água que cairá, mas é possível saber – e com antecedência – qual é o período chuvoso e qual é a maior probabilidade, em termos de semana ou mês, de ter chuvas fortes que causem grandes transtornos; e a segunda é que se é possível antecipar o período mais crítico de maior probabilidade de chuvas, também seria possível fazer um calendário “ao contrário”, daqueles em que se começa a planejar as ações a partir do resultado, em outras palavras, se a probabilidade de chuva forte é em fevereiro o que eu preciso fazer em janeiro, em dezembro, em novembro etc.

Talvez não tenhamos esta ideia de planejamento aqui nos Trópicos, principalmente em regiões em que as quatro estações não são tão diferentes assim, aqui temos sempre calor! Na Europa, pergunte para que sofre com o inverno rigoroso se ele precisa de muito planejamento para preparar-se para o frio e pergunte para quem moram no campo ou são agricultores se precisam pensar muito para comprar ração para animais e combustível para os aquecedores. Eles dirão certamente que não, pois já sabem que o inverno virá, apenas não saberão dizer qual o dia exato da primeira neve mas terão a certeza de que será em dezembro e, a depender da cidade, no começo ou no final do mês. E como todo mundo já sabe disto, conseguem se programar.

É claro que chuvas fortes provocam grandes problemas e não há soluções para variações fortes do clima. Mas, há sempre prevenções que podem eliminar alguns riscos para evitar que a soma dos pequenos problemas também interfira na solução dos grandes problemas. Uma exemplo simples é a queda de árvores, tão mais comum nas notícias de São Paulo e que agora começam a ficar mais recorrentes em Natal. Culpa do clima? Não, é que São Paulo foi urbanizada muito mais rapidamente e de forma mais intensa e, portanto, as árvores são maiores e mais antigas. Natal, como toda cidade, passa por sua fase de envelhecimento e um dos resultados é que haverá maior tendência de queda de árvores.

Há solução para este exemplo? Os mais radicais dirão que basta cortar as árvores... Os mais inteligentes poderão pensar em um planejamento com um cadastro das árvores e avalições regulares do risco. Algo como tentar antecipar para diminuir o impacto negativo. Não é rápido e tão imediato, mas quem sabe, possível de acontecer.

Hoje é dia de sol. Então, está tudo bem! Até para os otimistas e os mais pessimistas comemorarão. E só isto?

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