Quem viaja de avião tem sempre um mesmo assunto quando sai do aeroporto: como são caras as comidas de lá! Sempre foram, aliás, e sã assim no mundo inteiro. Mas, como aqui no Brasil viajar de avião sempre foi bem caro, ainda ficava a esperança de que pelo menos a despesa no aeroporto com um lanchinho pudesse ser mais barato um pouco; e esta expectativa logo desiludida na primeira fila do caixa é ainda maior a desilusão quando o tempo de conexão é longo e você tem que ficar fazendo hora, esperando o próximo voo (com fome).
Teve tempos em que a gente escolhia apenas um lanchinho básico no aeroporto pois havia a expectativa, digo, a esperança de que durante o voo teria algo melhor para enganar a fome e, como já estava mesmo no preço da passagem, aproveita-se a “oferta” dos carrinhos de lanche nos apertados corredores.
De uns tempos para cá aprendemos que o lanchinho do avião é cada vez mais lanchinho e que a comida oferecida resume-se a cada vez mais um simples... “resumo de lanche”. Acho que ninguém tem mais a expectativa de ter alguma comida preparada que seria servida nos voos nacionais, pois tudo é industrializado, um pacotinho aqui com 10 biscoitinhos salgados, um outro pacotinho ali com menos de 100 gramas de biscoito doce. E assim vai se passando o tempo.
E agora a moda é outra: praticamente eliminar os lanches
ou reduzí-los à quantidade mínima e nada mais de pedir para repetir: é um
pacotinho de lanchinho para cada um e tá bom demais, não precisa “exagerar”. É
a tendência que as empresas brasileiras anunciam e tudo, claro, com a mais bela
das justificativas, a de que é preciso reduzir custos para reduzir o preço das
passagens. E tem quem acredite; mas, será mesmo que este discurso ainda
consegue convencer alguém?
Dentre as condições que chama a atenção é que 60% dos custos das empresas aéreas estão em dólar, ou seja, não é o mercado interno que sozinho pode ditar as regras. Mas, sobram os 40% de custos em moeda nacional e nele estão inseridos os custos da água e do lanche. Consigo imaginar que o volume gasto por todas as empresas aéreas brasileiras em água, café e lanche seja bastante elevado, mas somente quando somados todos os voos do dia. Não consigo ver, por exemplo, que o custo do lanche possa pesar no preço da passagem aérea. Em um bilhete de, digamos, R$ 2.000 imaginar que o que é servido tenha um custo de R$ 20 significa que o seu impacto é de 1% sobre o preço da passagem; e ainda assim precisamos ter uma boa criatividade para achar que tudo aquilo (e também o investimento nos carrinhos, guardanapos etc) possam chegar aos vinte reais.
Há bons tempos algumas companhias aéreas estrangeiram cortaram os lanches gratuitos. E viajar continuou caro. Há bons tempos que a comida servida durante o voo tem diminuído em qualidade, em opções e em volume. E viajar continua caro. Em breve tem empresa brasileira anunciando que oferecerá apenas água e apenas se o passageiro pedir!
Não sei, mas neste ritmo fico imaginando se não seria o
lobby da coxinha e do pão de queijo! Explicando: tudo isto poderia ser uma
estratégia liderada pelos donos de bares e restaurantes dos aeroportos. Pode
ser exagero meu, mas num sonho estranho fico imaginando se não colocariam uma
daquelas placas que vemos para postos de gasolina em algumas estradas e que
ficaria instalada logo ali no portão de embarque: “próxima oportunidade de
comer algo será daqui a 3h. Boa viagem”. Será?!
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