A notícia do jogo de futebol entre dois times pernambucanos e a violência gerada foi exatamente oposta a tudo que se pode esperar em uma atividade esportiva, ainda que seja uma competição e ainda que seja para o futebol, que alguém um dia taxou de “paixão nacional” pensando em algo bastante diferente do que estamos vendo de vez em quando.
O futebol, para quem ainda não sabe, é algo privado. A CBF, entidade maior deste esporte no Brasil, assim com a Fifa, no seu âmbito mundial, são entidades de direito privado, não fazem parte de nenhuma estrutura da Administração Pública. Todo o lucro – espetacular, por sinal – que estas entidades recebem é deles, nada vai para as contas do governo, exceto os impostos e quando são pagos pelos times de futebol com suas obrigações trabalhistas e tributárias (mas aí, a história é outra, há muitos times com dívidas milionárias e, pior, não pagas nem mesmo em suaves prestações!).
É este mesmo futebol que pretende encher estádios com milhares de pessoas que deveriam ir em busca de diversão embora, é bem verdade, há uma turma que vai simplesmente atrás de briga e confusão, parece que esta é a “diversão” deles, pouco importa contra quem o time vai jogar e o resultado, o placar do jogo, para que somente importa a confusão que farão e a agressão que cometerão não somente contra torcedores de outros times mas também contra quem tiver a infelicidade de estar no meio do caminho. É claro que a grande maioria não é assim, felizmente, mas a pequena minoria é capaz de tirar todo o brilho do que deveria ser um dia de lazer.
Os mais críticos desta crítica dirão que em outros países também acontece este tipo de violência. E é verdade! Já vimos tragédias horríveis em países com menor estrutura para o esporte como também em países muitos ricos, como a Bélgica ou a Inglaterra; e para quem não se lembra ou não é desta época, nem precisa ir para a inteligência artificial, basta ir buscar no Google e ver o quanto os bárbaros mataram nestas duas tragédias inominadas. E nem por isto, vale dizer, não é o fato de existir lá fora algo igual ou pior que se justificará o que acontece aqui. Gosto sempre de dizer que as comparações poderiam ser para coisas melhores nestas horas de coisas erradas: comparar com algo muito pior é achar que o ruim é bom ou ótimo. Mas, claro, não é.
A violência é pública, infelizmente. E não estou defendendo que ela deva ser privada, ou seja, se a bagunça ficar entre os torcedores e ninguém sofrer mais estaria tudo ok. Nada disto, continua errado. Já vimos torcedores sendo presos assim como jogadores indo para delegacias por afrontas racistas; não vejo motivo para estas violências físicas, tão cruéis quanto as ofensas, também não levem a prisões e multas, que deveriam ser bem elevadas.
O futebol deveria ser público em todas suas etapas e seus
contextos. A violência, qualquer que seja ela, não deveria ser pública nem
mesmo ser privada. O que deveria ser privada é a liberdade de vândalos e
agressores. E deveriam ser presos um pouco ao estilo BBB: sem notícias do
exterior, privados de informação de seus times. Não resolveria, não resolverá.
Mas, não fazer nada é que não resolverá, mesmo.
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