quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

Um negócio chamado praia

Praia é um negócio sensacional! E não data de hoje, há bons tempos que o mundo descobriu que as praias podem ser ponto de partida de novas explorações, e o exemplo da descoberta do Brasil é um referencial (o crescimento econômico e populacional deveu-se e ainda deve-se em boa parte às cidades litorâneas). Aqui no RN já descobrimos isto há bastante tempo e para não ir muito longe e ficar perto das gerações que ainda estão vivas, ainda temos os ciclos do veraneio, o hábito de abandonar a cidade e mudar-se para uma casa de praia, apesar do que na atualidade, com a facilidade de deslocamento, as mudanças não são tão drásticas quanto antigamente.

Se olharmos para o setor imobiliário e a especulação nas atividades de compra-e-venda de terrenos e casas/apartamentos, acho que ninguém ficará na dúvida de que praia é um bom negócio, um grande negócio. E quando a gente acompanha o que acontece no BC, aquele em que circula muito dinheiro mas não é o Banco Central (é o Balneário Camboriú) percebemos que é apenas mais um exemplo. Quem conheceu São Miguel do Gostoso ou Pipa há cerca de 20-30 anos percebe que não tem mais nenhuma característica de antigamente. Tudo mudou e, tudo isto com o impulso dos negócios gerados pela praia.

Se olharmos para o turismo, o nosso tradicional e repetitivo, quase exaustivo turismo de sol & mar, percebe-se que apesar de alguns (poucos) esforços parece que não encontramos outra solução para movimentar a economia e os empregos do turismo: dependemos quase exclusivamente da praia.

Ora, se praia é um negócio bom para muita gente, e até mesmo para as eólicas, que motivo deixaria o poder público de acreditar que praia também pode ser um bom negócios para os gestores públicos? É claro que não se trata do mesmo negócio que o setor privado busca, o do lucro, mas aquele da expansão das atividades econômicas e da expansão de emprego e renda. Por isto entendo que investimento público em praias ou se preferir, em orla, é essencial para o crescimento e desenvolvimento socioeconômico. Certamente não é toda faixa de areia branca que será aproveitada e que gerará os mesmo resultados, mas é um ativo – do ponto de vista da riqueza – que poderia ser melhorado em vários aspectos e em várias cidades do RN.

Não estou defendendo que os recursos públicos sejam priorizados para as faixas do litoral onde às vezes não tem moradores, apenas empreendimentos turísticos e com baixo aproveitamento ou baixa ocupação da população local. Mas, estou defendendo que os poderes públicos possam olhar este ativo que hoje é algumas vezes apenas tangível, em um ativo intangível (o marketing da/sobre a praia); em outras palavras, investir no espaço natural privilegiado para atrair novos empreendimentos, novas atividades econômicas e, consequentemente, mais renda, inclusive para o poder público (com um condicionante, o de cobrar efetivamente o ISS das pousadas, restaurantes e outras atividades locais).

Na última medição de praia do RN passamos de 400km para 410km de quase 100% de beleza natural e quase 100% de possibilidade de acesso fácil. É muito espaço, ainda que possam ser deduzidas as áreas já urbanizadas, as áreas de proteção ambiental, as áreas inacessíveis e as áreas proibidas (ao exemplo da praia na Barreira do Inferno reservado para poucas e exclusivas fardas). Caberia até, e seguindo todas as normas legais, uma placa daquelas dizendo “Há vagas”; com o complemento “Para novos empreendimentos econômicos, sociais e ambientais”.

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