A violência urbana tem seu lado sombrio e desconhecido, aquele que não aparece na internet dos influenciadores nem no noticiário. É comum escutarmos histórias de alguém que teve algum problema, um furto ou um roubo, de celular, carro, dinheiro ou na sua residência, mesmo que não tenha sido algo espetacular, “digno” de um vídeo feito por um celular ou uma das milhões de câmeras de vigilância espalhadas nas cidades; não é visto por milhares ou milhões de pessoas, mas está a assustar quem sofre com esta violência, infelizmente, tão comum.
Quando vemos na TV os crimes bárbaros que nos chocam em todos os sentidos é que fica mais aguçada a ideia de que as cidades estão se transformando em um lugar perigoso. E o que é mais grave, é que este perigo está sendo banalizado, está sem tornando algo quase comum, bem diferente de alguns anos quando as histórias que nos surpreendiam aconteciam na calada da noite, em locais chamados perigosos ou ruas e praças desertas. Agora, nem precisamos deste cenário de filme “b” policial, tudo pode acontecer à luz do dia, nos bairros ditos menos violentos, nas ruas mais movimentadas, independentemente de ter muitas câmeras por perto, e tudo isto tornando o crime um espetáculo filmado, gravado, repetido e visto por muita gente.
Infelizmente esta é uma constatação bem espalhada em vários cantos de nossa cidade, em várias cidades do Brasil e em muitos lugares deste planeta Terra. Histórias de violência não acontecem somente em favelas, como tanto ficou estigmatizada a imagem negativa destas áreas desassistidas, mas em bairros nobres, em comércios de referência e até mesmo em shoppings. E lá fora, histórias nos Estados Unidos ou na França, que enfrenta uma série de crimes violentos por causa das drogas, mostram que o problema é bem grave, mesmo.
Não tenho solução, já adianto a resposta caso alguém imagine que a crítica é fácil quando não se aponta uma solução. Mas, mesmo sem solução, tenho uma opinião. Não há como tratar a violência e o banditismo com romantização e o coitadismo e isto na mesma proporção que não se deve tratar o “bandido” ou quem cometeu um crime como a pior representação da espécie humana. Como diria o ditado, nem tampouco à terra nem tampouco ao mar. Mas, talvez, acho que precisa de medidas mais enérgicas para tentar diminuir a expansão do crime.
Um desafio imenso são as nossas prisões, verdadeiros depósitos de pessoas sem que haja uma real perspectiva de “recuperação” ou de arrependimento do crime cometido e que proporcione uma expectativa pós-condenação. Também não é a sua lotação ou excesso de pessoas que deve justificar o relaxamento de alguém em uma audiência de custódia, ou trocar a punição por uma tornozeleira eletrônica. Por isto, acho que precisamos de mais presídios mas em um modelo mais humano e com um propósito de recuperação social. Por outro lado, somente a punição não se mostra como solução para reduzir a criminalidade e dentre as possibilidades de intervenção social e econômica, a prevenção pode ser um fator inibidor. Por isto, acho que precisamos de mais delegacias para que a população sinta-se mais próxima da proteção policial e aqueles que estejam tentados em cometer algum crime possam mudar de ideia e sair deste cruel caminho.
Não sei onde está nem quem detém a solução ideal.
Certamente é um conjunto de fatores que reduzirá a violência urbana, dos roubos
e furtos violentos que nos chocam a cada filmagem exibida e reexibida
exaustivamente; mas acho que mais presídios e mais delegacias podem ser parte
desta composição de respostas.
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