Os números das exportações do Rio Grande do Norte ganharam várias efusivas chamadas com o crescimento nos últimos anos, muitos adjetivos positivos e valorização do valor total exportado sem, no entanto, uma avaliação mais detida da “motivação”, em outras palavras, das razões que levaram à surpreendentes números. Claro, inicialmente, não há nada de errado em exportar mais! Mas é sempre bom conhecer os fatores internos para entender o impacto e o motivo das celebrações.
Ultimamente – e repetindo, se a memória não me falaha, anos 1997/2000 – o que tem literalmente pesado nesta contabilidade são as exportações de petróleo e derivados, incluindo pela primeira vez as exportações de nafta. Curioso é que estes itens, embora houvesse sua produção no RN, estavam ausentes da pauta exportadora. Mas recentemente com a entrada de novos atores neste cenário, todos da iniciativa privada, a motivação é (e sempre será) o lucro, o melhor preço de venda, a melhor rentabilidade; para o caso do petróleo e derivados um dos fatores que auxilia bem nestas exportações é a cotação do dólar que, sempre quando está em alta, proporciona uma remuneração melhor para o produtor local de petróleo mas, somente para quem decide exportar. É que o tem acontecido, aliado com a nova estratégia comercial.
Nesta nova estratégia o RN “retomou” uma antiga “parceria” com as Ilhas Virgens Americanas, aquelas que ficam aqui no Caribe e que são também conhecidas neste mercado por dispor de uma refinaria e que abastece várias ilhas e países caribenhos. Mas, não foi apenas isto. Entraram neste cenário – até então pouco provável – importadores de petróleo como Holanda e Singapura e neste mês de janeiro de 2025 tivemos a companhia da Libéria, do Panamá e da China. Holanda, Singapura e Panamá não devem ter comprado nosso petróleo para seus mercados internos, pura revenda e até mesmo, com a possibilidade de o produto nem mesmo chegar por lá. Como isto acontece? Uma empresa holandesa compra o petróleo e manda entregar nos Estados Unidos e como a estatística considera a sede da empresa compradora e não seu destino, para quem faz uma rápida avaliação fica imaginando que a gasolina na Holanda ou em Singapura é derivada do petróleo potiguar...
Esta característica do petróleo exportado continua presente agora em janeiro de 2025, mas com um queda. No mês passado exportamos US 33,6 milhões enquanto em janeiro de 2024 o montante foi de US 40,5 milhões, uma queda de 16,9%. Nada grave, diga-se, pois a comparação de apenas um mês não permite indicar alguma tendência.
No entanto, com o anúncio da venda de campos de petróleo
de uma das empresas instaladas no RN pode haver, eventualmente, um
redirecionamento e um retorno à venda no mercado interno. A consequência mais
visível, se isto acontecer, será a (forte) queda das exportações estaduais. E a
necessidade de a imprensa buscar novos adjetivos para explicar uma regra de
mercado: quem vende geralmente é quem decide para onde vender.
PS: Em janeiro de 2025 exportamos US 84,6 milhões, menos
do que os US 92,1 milhões de janeiro de 2024, queda de 8,2%. Os dois bons destaques
do início do ano foram o aumento de 43,4% nas exportações de melão e de 85,9% nas
exportações de melancia. É um bom começo para a fruticultura potiguar-tropical
de exportação
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