Anos 1980, 1990 e talvez menos nos anos 2000, andar na praia ou
tomar banho de mar era um risco de sair com os pés marcados de piche, aquela
mancha grudenta que insistia em não sair do pé e acabava sujando a sandália, o
carro ou o chão da casa. Tinha dias em que a praia era quase impraticável,
tamanha a certeza de entrar na água e sair com a sujeira nos pés, joelhos etc.
Na água era mais difícil de adivinhar e a surpresa era inevitável. Senão, na
areia encontrávamos aqueles pedaços em formatos irregulares mas que, pelo
menos, em geral, permitia evitar, caminhando e olhando para o chão.
Chato ainda era quando sujava o calção (alguns chamam de “sunga”...).
Tirar a mancha era complicado.
Quem veraneava sempre tinha uma garrafa de querosene na entrada da
cozinha ou na varanda, ali perto da porta, pois era a única forma de eliminar
mais rapidamente aquela desagradável mancha. Não lembro se tinha safra, ou
seja, se era mais comum encontrar no verão ou em qualquer época do ano.
De onde vinha o piche?
Aprendi que eram os navios que limpava seus tanques. E que alguns
faziam isto em alto mar e dificilmente as manchas de piche chegavam ao litoral
enquanto outros, limpavam os tanques ali, na entrada da barra, perto das
praias. Assim mesmo, sem constrangimento ou preocupação.
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