Falar
em aumentar ou criar um novo tributo (imposto, taxa etc) é sempre um tarefa
difícil que traz um pré-julgamento embutido em reação apenas à ideia, sem mesmo
conhecer sua motivação ou resultado esperado. Reação comum, aqui no RN, no
Brasil e no mundo inteiro. Em geral, é verdade, ninguém gosta de pagar mais
tributos e há sempre alguma proposta de política pública, principalmente em
anos eleitorais, para reduzir a carga tributária. Justo, muito justo, diga-se
desde já.
Mas
– e tem sempre um “mas” – se a reação comum é pagar menos por um produto ou
serviço, em alguns casos esta tributação é aceita e até mesmo quando é
voluntária encontra seus adeptos. Um dos exemplos clássicos é a tributação mais
elevada para produtos com maior impacto ambiental; não é a ideia do “poluidor-pagador”
mas é a ideia de que se é inevitável o impacto ambiental ou a escolha por menor
impacto ambiental não é a preferida pelo produtor nem pelo consumidor, basta
cobrar mais caro. E funciona. Quando há espontaneidade em um custo adicional, o
resultado é intermediário mas encontra adeptos: no turismo basta lembrar que há
taxas de turismo cobrado de quem se hospeda em hotéis e pousados ou, mais
efetivo ainda, quem aluga carro pode contribuir com um extra para ajudar na redução
do impacto causado pelo uso do carro. E estes exemplos, vale ressaltar,
funcionam!
O
tema ambiental encontra mais aceitação. É neste caminho que poderia haver uma
nova tributação sob responsabilidade municipal. Um tributo municipal novo, mas
seletivo, bastante seletivo.
Um
dos itens decorrentes da urbanização que provoca altos custos e traz um impacto
ambiental elevado é o descarte de pneus. Alguns ainda recolhem, outros joga
foram, alguns queimam por aí e no final, mesmo com a coleta do lixo, ainda há
um outro custo elevado no “manejo”, o reaproveitamento eventual e o descarte de
um lixo que dá trabalho.
Por
isto a ideia do novo tributo: uma taxa cobrada para cada pneu novo vendido! Não
precisa ser elevada, pode ser até simbólica mas, deveria ser explícita para que
todo motorista de moto e carro soubesse que seu perfil de consumo individual
provoca danos coletivos e que ele deve ter uma contribuição direta pelo
resultado. Cobrar R$ 5, 10, 15 ou outro valor, proporcional ao tipo de veículo
(pneus para carros mais caros devem ter um valor bem mais elevado) não mudará o
consumo de pneus (ninguém deixará de comprar um pneu novo por causa deste
valor) nem resolverá o investimento para o descarte correto de pneus, embora o
novo tributo deveria ser aplicado exclusivamente com esta finalidade. Não
mudará o perfil ambiental no consumidor mas, no mínimo ajudará a diminuir uma
conta que hoje é paga por todo mundo, por uma maioria que não tem moto nem
carro.
Poderia
ser hora de “compartilhar” melhor este custo por quem é diretamente responsável:
aquele que compra pneu para si mas, quando não quer mais usar, deixa a conta
para todos os outros, sem preocupação. É hora de preocupar-se!
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