sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

A verticalização de Pipa

Pipa continua com sua animação e sua atratividade para o turismo, uma pequena praia de pescadores e surfistas com difícil acesso nos anos 1970/1980 concentra hoje um grande número de pousadas e hotéis e inúmeras opções de lazer e gastronomia e isto nos três turnos: há sempre o que fazer e o que visitar ou onde passear desde manhã cedo até altas horas da noite, principalmente nos finais de semana.

Pipa já foi um praia com grande promessa de extensão e de valorização das áreas lá nos idos dos anos 1990 quando houve uma expressiva quantidade de investimentos hoteleiros e de condomínios com capital internacional. A crise de 2008 derrubou a curva de expansão e a realidade interrompeu todas as perspectivas de transformar Pipa em um fenômeno internacional, como já estava acontecendo naquele período. Depois da crise global, Pipa voltou a ser, digamos, brasileira, a redução do turismo internacional, principalmente o europeu, foi assustadora e vários projetos ficaram no meio do caminho, aquelas promessas que pareciam mirabolantes deixaram de acontecer e foi necessário adaptar-se a outro público.

Apesar da mudança, a essência de Pipa continuou e bons projetos de hotelaria e de gastronomia persistiram e outros foram chegando. Hoje a praia não depende apenas de um único público-visitante-emissor, ainda que os europeus e seu poder aquisitivo contribuam fortemente para o perfil econômico daquele espaço.

Um fator que não mudou foi a nova urbanização da praia. Se antes, naqueles 1990, o limite de atratividade não se afastava muito da rua principal, novos projetos foram acontecendo para “dentro” de Pipa e novas ruas foram sendo abertas com a instalação de mais e mais pousadas e hotéis. Não parou de crescer, mas mudou um pouco o seu perfil de expansão territorial. Aquelas áreas novas e desocupadas dos anos 1900/2000 tiveram uma grande especulação imobiliária e os terrenos que antes pareciam não ter nenhum atrativo comercial, tiveram forte alta de preços nestes últimos anos.

Apesar de todas estas mudanças uma característica que encontramos em outras praias que tiveram forte crescimento ocupacional (ainda) não é visualizada em Pipa: a verticalização. Não sei se é alguma efeito limitante do uso e ocupação do solo definido pela Prefeitura de Tibau do Sul ou simplesmente ainda vale a pena comprar terrenos para construir casas e condomínios horizontais em vez de investir em condomínios verticais. A geografia de Pipa produziria com a construção de prédios um belo visual e uma paisagem inigualável com vista para o mar e para a mata.

É claro que não se trata de fazer qualquer coisa de qualquer jeito, deve-se seguir as regras e, se houver, o plano diretor municipal. Sem sombra de dúvida não deve ser algo como BC, como estão chamando Balneário Camboriú, mas algo ordenado e com uma paisagem urbana equilibrada. E é claro que os mais puritanos reclamariam desta verticalização, da mesma forma que não reclamam da expansão da “área da praia” por ruas e mais ruas no “interior” de Pipa. Crescer na horizontal, parece, gera menos crítica do que crescer na vertical.

Uma eventual verticalização produziria uma “nova Pipa”. Bom ou ruim? Certamente há muitas opiniões, de um lado e do outro; mas, seria um bom debate.


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