sábado, 7 de dezembro de 2024

Meu carro importado. Da Europa

Nesta semana vi uma notícia, sobre carros, que me deixou desanimado e logo depois uma outra que quase me deixa animado! Até cair na realidade, aquela de mercado, que é cruel e não deixa muitas oportunidades para o cidadão comum, o consumidor tradicional.

A semana abriu com uma notícia que ainda me impressiona: no Brasil há apenas 4 carros que custam menos de R$ 80 mil. Impressionante, acho, mais ainda quando a gente compara com a quantidade de salários mínimos necessários para comprar um carro novo. Sei, não sou ingênuo, que quem ganha salário mínimo no Brasil não terá nenhuma chance de ter seu carro zero, assim como dificilmente acontecerá em outros países, mesmos aqueles mais ricos. Mas, quem ganha 4 ou 5 salários mínimos na Europa pode até pensar na ideia, enquanto aqui no Brasil continuará apenas um sonho (imagine então para um carro elétrico, verdadeiras fortunas ambulantes, até para os modelos mais “simples, com dizem).

Logo depois apareceu a notícia do acordo Mercosul-União Europeia e me animei! Quem sabe poderia comprar um carro zero europeu?! Talvez um carro básico, daqueles com direção hidráulica, GPS incorporado, marcha automática, air bags e sensores, uma básico mesmo. É que o básico de lá é quase o nosso de luxo. Mas, pensei com o anúncio de que esse acordo que vai salvar a agricultura brasileira bem que poderia salvar também o consumidor brasileiro. Curioso é que um carro zero em alguns países europeus parece preço de carro brasileiro; a diferença (e que diferença!) é que a renda por lá é bem maior ou, em outras palavras, embora seja um objeto de consumo caro é acessível (sem falar nas linhas de financiamento com juros excelentes).

Mas, o mercado mostrou um lado que existe e é bem forte. Se aqui reclamamos do protecionismo dos agricultores franceses, não podemos esquecer do protecionismo das montadoras de automóveis brasileiras, digo, das montadoras de automóveis estrangeiras instaladas no Brasil. Já foi anunciado que haverá uma sobretaxa na importação de carros, apesar do milagroso acordo comercial. Parece até aquele bordão antigo, algo que foi sem nunca ter sido: vamos esquecer as importações. É claro que mexe com toda a indústria aqui no Brasil e pode afetar a cadeia produtiva e os empregos, diretos e indiretos. Não se trata de defender a abertura comercial de qualquer forma e lembrando ainda que já vimos este filme aqui no Brasil e, para quem não se lembra, o lado cômico foi o absurdo da medida, mas o lado trágico foi cruel; e para todo mundo.

Mas o que quero chamar a atenção é que temos que pensar no acordo comercial vantajoso para quem exporta, sempre, pois afetará a renda nacional, mas não devemos esquecer que o comércio exterior tem as exportações e as importações. Já fomos um país em que viajar para o Paraguai era muito interessante para comprar uísque para oferecer na festa de casamento pois era algo impensável comprar aqui na terrinha; é um exemplo besta, mas mostra que na importação o beneficiado pode ser o consumidor.

Todo acordo comercial é feita para beneficiar o maior número de pessoas. Eu, particularmente, não faço compras na Shein ou na Tamu – e não tenho nada contra – mas gostaria de poder ter acesso a novos produtos, melhores e tecnologicamente mais avançados. Pensei que o acordo Mercosul-União Europeia poderia abrir mais oportunidades e olha que nem precisava ser para o carro zero. Minha lista de compras é até boa mas, pelo visto não será este acordo que me que fará... acordar do sonho.

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