quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

Dólar alto já chegou aqui?

Este mês de dezembro tem sido terrível para  muitas pessoas e muitas empresas com o aumento excessivo da cotação do dólar ou, se você preferir, com a elevada desvalorização do nosso real. O efeito é, na verdade, sentido por todos pois o impacto na variação da moeda afeta desde o preço do combustível – do qual ninguém escapa, diretamente ou indiretamente – como nas importações de matérias-primas para a indústria, sem esquecer o efeito nas compras pessoais (internet) de produtos importados.

A diferença maior no impacto está na velocidade do sofrimento. Explico: quem precisa de dólar agora para pagar suas importações ou quem havia importado algo e deixou para pagar a prazo está sofrendo muito com a variação atual, pois todos os custos foram baseados em um valor da moeda estrangeira e agora terão que arcar com o sobrepreço; quem pode repassar este novo custo, não tenhamos dúvida, já estão fazendo. Já para o cidadão comum, aquele que não depende diretamente da variação cambial, a mudança de preços acontecerá em forma escalonada ou mais suave: acabando os estoques atuais e renovando as importações, seja de produtos de consumo ou insumos da produção ou do combustível, tudo estará com preço novo. E quem pagará por este preço novo? O cidadão, claro.

No entanto, há um grupo de empresas brasileiras que está até animada com esta alta, ainda que passageira: os exportadores terão um benefício a mais, pois aquilo que estava sendo vendido, digamos, a US 10 e que daria ao exportador brasileiro algo como R$ 59, ele passará a receber R$ 61 ou R$ 62 etc. E tudo isto sem precisar fazer qualquer esforço, trata-se de um verdadeiro prêmio de final de ano, um bônus do Papai Noel.

Já para o turismo, dois sinais opostos: quem ia viajar para o exterior está refazendo as contas para minimizar o impacto, principalmente se pensava em comprar no cartão de crédito pois quando chegar a fatura pode ser que o dólar, o euro etc tenha aumentado ainda mais.

O lado bom do turismo não é para o turista brasileiro, mas sim quem trabalha com turismo no Brasil e, claro, aqui no RN! É que o viajante do exterior que estava achando barato passar uns dias aqui terá a oportunidade de consumir mais do que planejava pois simplesmente ficou “mais rico” em pelo menos 10% nos últimos dias. Nem vai precisar escolher entre a sobremesa e a entrada nos restaurantes, as lembrancinhas terão um upgrade e aquele passeio que estava na dúvida agora já poderá confirmar.

Espero, e somente em função, deles, que este aumento do dólar tenha chegado aqui no RN em uma época sensacional para o turismo, o das férias de janeiro e depois, o Carnaval. Aumentaria o faturamento e geraria mais renda. Mas, torço também que seja meramente temporário, no máximo até o Carnaval para que a gente tenha mais riqueza circulando no Estado e, depois, tudo voltar à certa normalidade, aquela de outubro ou novembro para evitar que a inflação entre em uma ciranda muito nefasta.

Bem que caberia uma daquelas pesquisas sobre o efeito do dólar alto no turismo potiguar. A título de referência, o Rio de Janeiro está celebrando o segundo ano consecutivo de melhor ocupação hoteleira, uma média acima dos 70% em 2023 e 2024. Seria bom que fosse no outro Rio, o Rio Grande do Norte.

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