“Meu caro hidrogênio” bem que poderia ser o início de uma correspondência para este ícone que está presente em várias conversas em todo o mundo quando o tema é o equilíbrio do meio ambiente, a redução de consumo de energias fósseis e o que ficou sendo chamado de economia verde. É que o hidrogênio parece ter sido eleito como a pedra angular da solução de todos os problemas e, melhor, em qualquer país visto que sua matéria-prima principal é a água. De tão predominante o tema do hidrogênio em algumas conversas que parece até ser um personagem da vida atual.
O fato é que há bons projetos em alguns países e algumas experiências preliminares espalhadas também em vários lugares, inclusive aqui no RN. A produção global de hidrogênio parece ser ainda incipiente em todo o mundo visto que a demanda mundial de energia é bastante elevada e não há nem economicamente nem mesmo tecnicamente como atender a demanda de forma tão rápida e que possa substituir o consumo de energias fósseis; teremos que esperar alguns anos, provavelmente algumas décadas para que o hidrogênio ganhe uma robustez na matriz energética global e até mesmo de um ou outro país.
Mas este é, salvo alguma descoberta nova, o caminho a ser traçado, pelo menos enquanto a energia nuclear continuar a ser um risco incontrolável em caso de acidente. Mas, se o caminho é este, será que teremos o mesmo efeito que aconteceu com as eólicas e as fotovoltaicas? No início foram vários projetos colocados em prática, apesar do elevado custo de produção pois não havia a tal da economia de escala, como temos hoje. No início o preço da produção desta energia é alto e compensavam os investimentos, mais do que agora com um mercado bem maior e uma melhor quantidade de fornecedores e preços mais acessíveis.
E falando em preço, este á um dilema dos grandes investidores em hidrogênio. É que embora o valor a ser investido seja muito elevado, o preço da produção de energia com hidrogênio verde e o que o mercado está disposto a pagar pela compra, além dos incentivos do poder público, faz com que aquele grande investimento, de risco elevado, seja bastante compensador: vender hidrogênio verde pelo preço que o mercado está disposto a pagar hoje é um bom negócio. Mas, e todo bom negócio tem um “mas”, provavelmente acontecerá a mesma curva de queda de preço verificado com as eólicas e as fotovoltaicas; aliás, curioso ver que quando começaram as fotovoltaicas o custo de produção era muito maior do que com as eólicas, enquanto hoje é quase equiparado.
É por isto que em algumas leituras começamos a ver a preocupação de
investidores: o que é bom hoje, na planta, será bom quando entrar em atividade?
Não sei quando teremos a primeira indústria de energia de hidrogênio verde em
condições de mercado, ou seja, uma boa e efetiva produção mas, arriscaria a
imaginar 2028, 29 ou 30. O preço atual deve ser o mesmo para poder remunerar o
elevado valor a ser investido. Em tese, portanto, hidrogênio verde bom seria
caro; até que a tecnologia ou a economia de escala mude este paradigma. Quando
acontecerá? A acompanhar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário